No início desta semana comemorámos o Dia Internacional da Mulher e a Gazeta, a seu modo, associou-se à comemoração, entregando totalmente a conceção e direção às mulheres que hoje são preponderantes nas várias áreas do jornal. Ao contrário, no início da vida do jornal em 1925 e durante muitos anos, a mulher teve uma posição subalterna neste e na maioria dos jornais.
No primeiro número em 1 de outubro de 1925, num jornal fundado por uma dezena de homens notáveis da terra, a única mulher destacada era a Rainha D. Leonor, como fundadora do “Hospital desta Vila a que ligou o seu nome, a mulher mais notável, a Rainha mais ilustre que nasceu em Portugal”, escrevia o médico Fernando Correia. E não foi a I República que deu os direitos, como o voto igualitário à mulher no nosso país, o que só aconteceu no 25 de Abril de 1974. Até aí, cercear o direito da mulher à participação na vida política era uma evidência, exigindo-lhes, logo em 1934, que para eleger o Parlamento, o Presidente da República ou as autarquias teriam de ser “maiores e emancipadas, com curso especial, secundário ou superior, comprovado com diploma respectivo” e proprietárias ou arrendatárias de habitação. Aos homens analfabetos era-lhes dado o direito de voto desde que pagassem mais de 100$ de impostos.
Hoje a situação é totalmente diversa, apesar de ainda se verificarem desigualdades a diversos níveis, mas de forma decrescente a que não é alheio a afirmação da mulher ao nível da consciência política e social e da sua formação científica, profissional.
Nisso, em 2021, somos cada vez mais iguais, tendo a expetativa que as mulheres em idênticas posições não mimetizem as atitudes de autossuficiência, egocentrismo e de incapacidade de diálogo em aceitar o outro ou outra. ■