Desde a década de 40 que a Gazeta recorda a importância da criação de um Arquivo concelhio como repositório documental dos principais factos históricos das Caldas da Rainha desde a sua criação há cerca de seis séculos.
Já uma vez foi tomada a decisão de o criar, mas a ideia ficou pelo caminho, como se bastasse haver espólios dispersos pelos vários espaços museológicos na cidade, na Biblioteca Municipal, ou nas casas de alguns colecionadores, uma vez que não basta juntar documentos em papel, som ou vídeo, para que esse património exista enquanto tal e seja usado dessa forma.
Mais recentemente foi lançada a ideia de um Centro Interpretativo do Golpe do 16 de Março de 1974, facto premonitório da Revolução do 25 de Abril, que agora comemoram o 51º aniversário, a que se devia juntar outro acontecimento histórico ocorrido no século XX nas Caldas, que foi da cidade ter acolhido refugiados de várias levas, desde os Bohers no início do século, à vinda de alemães durante a I Grande Guerra, de espanhóis durante a Guerra Civil naquele país e de refugiados judeus vindos da Europa, durante a II Grande Guerra, já para não falar de um fenómeno presente em menor escala dos refugiados da Guerra na Ucrânia.
Provavelmente muitos destes testemunhos factuais se têm perdido, por falta de uma intenção objetiva de os recolher, tratar e de estudá-los, como factos históricos inéditos que foram vividos na nossa cidade e concelho. Provavelmente, muitos de nós são poucos sensíveis a esta história local e alguns que se bateram mais denodadamente por os guardar já não estão no reino dos vivos. E aqueles que ficaram e que tinha algum interesse ou motivação para o tema, perderam o ânimo e a motivação para tal. Era bom que este sentido de cidadania proactiva não se perdesse. Mas não estamos otimistas…