CDS, PCP e BE definem estratégias para voltar a ter representatividade

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Face aos fracos resultados nas últimas legistativas, forças políticas começam a delinear estratégias para inverter a situação e conquistar eleitorado perdido

Os resultados das legislativas e das autárquicas tornaram o CDS-PP, a CDU e o BE nos grandes derrotados destes últimos atos eleitorais, com aquelas três forças políticas a serem “varridas” do mapa autárquico e os bloquistas a perderem o deputado eleito pelo círculo eleitoral de Leiria em 2019.
João Gonçalves, presidente da Concelhia das Caldas do CDS-PP, reconhece que, a nível nacional, o resultado “não foi o que era expetável”, com o partido a deixar de ter representação na Assembleia da República. Ainda assim, realça, “contrariaramente ao que corre, o partido não morreu”. A nível distrital o resultado ficou “muito aquém do que era esperado”, tendo falhado o objetivo de voltar a ter o deputado eleito pelo Leiria que haviam perdido há dois anos, então para o BE. A nível concelhio o panorama foi semelhante, com o partido a perder a única Junta que detinha (Santa Catarina) e a ficar sem eleitos na Assembleia Municipal.
João Gonçalves salienta o trabalho desenvolvido, que levou a que conseguissem, apesar de tudo, “ter votos em freguesias” onde não concorreram nas autárquicas. Segue-se uma “reflexão interna”, com uma reunião marcada, precisamente, para hoje. “O CDS nas Caldas continua bem vivo, a preparar-se para as dificuldades”, exclama, afirmando que se sente “um cerrar de fileiras” num partido que chegou a conquistar a Câmara das Caldas, em 1982.
Para voltar a ter a representatividade perdida nas autárquicas, os centristas irão estar presentes em assembleias de freguesia “na qualidade de público, que é a única forma” de o poderem fazer e apresentar propostas que vão de encontro aos anseios das populações, por forma a que estas “vejam nos elementos do CDS alguém que, mesmo não estando nos órgãos, pode ser o seu porta-voz”. Por outro lado, pretendem organizar eventos, como colóquios, conferências e formação interna.
João Gonçalves garante que, nas Caldas a sede, que é arrendada, é para manter. “É um ponto de honra da Concelhia e de todos os militantes” e “é histórica dentro do partido”, disse, realçando as melhorias que têm sido feitas no espaço.
Já Sebastião Barata, membro da Concelhia das Caldas do PCP, considera que o aumento do número de votantes nas legislativas “é sempre um bom sinal”. Ainda assim, a CDU, face às últimas legislativas, perdeu 250 votos, o que “não está desligado das perdas a nível distrital e nacional”. No distrito, a CDU perdeu dois mil votos e voltou a não eleger um deputado, que era o grande objetivo.
O dirigente do PCP nota que dos 10 deputados eleitos por Leiria cinco são de um partido (PS), que, “mesmo com maioria”, não tem “muita confiança de que vá resolver os problemas”, quatro são de um partido que “apesar de estar na oposição vota quase sempre com o PS” e há um outro de um partido que, pelo seu recente histórico, não abona muita confiança, quer ideológica, quer pragmática”. Por isso, crê que “a CDU é a voz que continua a faltar em Leiria”. Os comunistas já demonstraram a sua preocupação face ao projeto e às ideias do Chega. “Entristece-nos ver um eleito pelo nosso distrito ainda para mais quando isso resultou da perda de um deputado do BE”, lamenta.
Relativamente à perda de representatividade nas autárquicas, deixando de ter um eleito na Assembleia Municipal, Sebastião Barata diz que, agora, o primeiro passo é a “realização de reuniões plenárias e de militantes para se discutir a mobilização de forças e medidas de reforço da organização”. Apesar de após as autárquicas terem sido “logo atirados para uma nova campanha”, o que “mal deu tempo para deixar a derrota respirar”, seguem-se quase dois anos e meio sem eleições, o que permitirá colocar em prática uma nova estratégia.
Do lado do Bloco de Esquerda, Carlos Ubaldo, que foi candidato à Câmara das Caldas nas autárquicas, reconheceu que “os resultados foram bastante negativos” nas legislativas, acrescentando que, “a nível distrital foi mau”, porque perderam o deputado Ricardo Vicente, “que era muito importante pelas causas que defendia e pela forma como as defendeu”. A representação em Leiria agora é “completamente diferente, o Chega elegeu um deputado e devemos ficar preocupados, porque essas causas tão importantes no distrito nunca foram defendidas com esse empenho e profundidade pelo Chega”, salienta o bloquista.
A nível local, em setembro, o BE havia perdido a representação na Assembleia Municipal. Mais um aspeto que merece ponderação para o partido. “Sabemos que o Bloco agora teve mais de 1.300 votos, mas perdemos votos face às legislativas de 2019, tal como em todo o distrito”, sendo que “nas Caldas foi onde essa perda foi menor, o que não é para nós significado de vitória”. Numa situação em que a nível nacional e local o BE se depara com maiorias absolutas, “o que importa fazer é uma fiscalização também absoluta”.
Carlos Ubaldo critica, ainda, a inação em termos de medidas para a justiça climática no concelho, mas salienta que “este executivo deu provas de abertura e diálogo com as forças políticas, mesmo as não representadas na Câmara” e diz que o BE, sem representação, vai defender as suas causas “estando presentes nas reuniões ordinárias da assembleia e, como público, questionar em prol da defesa dessas causas”, mas também intervindo em questões que surjam, fiscalizando a realização do que foi prometido e realizando debates e conferências.

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