CDU quer combater a “inércia e inacção” da actual gestão camarária nas Caldas

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O dia 25 de Abril foi o escolhido pela CDU caldense para apresentar os candidatos à Câmara e Assembleia Municipal por aquela coligação. Os nomes não são estreias, com o actor e cenógrafo José Carlos Faria (61 anos) a recandidatar-se à autarquia e o presidente da concelhia, Vitor Fernandes (75 anos), à Assembleia Municipal, onde já exerce funções desde 2005.
Combater a “inércia e inacção” da actual gestão camarária é o objectivo do candidato comunista.

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José Augusto Esteves, da comissão central de controlo do PCP, com Vítor Fernandes e José Carlos Faria |FF

A escolha da data não foi aleatória. A CDU quis divulgar publicamente os candidatos no dia 25 de Abril pois esta coligação “corporiza os ideais de Abril no poder local democrático, numa perspectiva da melhoria da qualidade de vida e liberdade”, justificou José Carlos Faria.
Perante uma plateia de mais de 80 militantes e simpatizantes comunistas, o candidato lembrou que a CDU foi, nas últimas autárquicas, a única a aumentar a votação no concelho, tendo obtido o melhor resultado eleitoral em 20 anos. Agora querem reforçar essa confiança da população e deixam críticas à inércia do actual executivo.
A CDU continua a bater-se pela defesa do turismo ligado ao termalismo e pelo Hospital Termal, o qual, “até à preconceituosa suspensão do seu funcionamento, ditada pelo malfadado governo PSD/CDS com a anuência da Câmara, era o mais antigo hospital termal em funcionamento, do mundo”, precisou José Carlos Faria.
A ampliação do centro de saúde, a defesa da escola pública e a revitalização da linha do Oeste são outras das suas motivações.
O candidato da CDU referiu-se à necessidade de soluções para os problemas que enfrenta o CHO, de desenvolvimento do comércio tradicional e de incremento do sector cerâmico, com reforço da formação, das condições de produção industrial e do emprego daquele sector.
A agricultura deve ver valorizada nas suas potencialidades, sobretudo nos sectores da horticultura, fruticultura e vinicultura, salientou José Carlos Faria, ao mesmo tempo que defende a conclusão dos planos estratégico, de mobilidade e de pormenor do centro histórico das Caldas, assim como da rede separativa de esgotos. Já a ETAR deverá ter aumentada a sua capacidade de tratamento.
O candidato da CDU promete também empenhar-se na “superação da humilhante situação a que continuam sujeitos os trabalhadores dos serviços municipalizados”, bem como na resolução de vários problemas sociais do concelho. A recuperação das casas arruinadas e abandonadas, o alargamento da habitação social e, no caso das freguesias, a existência de acessibilidades fluídas, são algumas das suas propostas.
A CDU pretende ainda bater-se pela reversão da agregação de freguesias, cujo perfil, no concelho de Caldas, José Carlos Faria considera ser, “no mínimo, bizarro”.
Os problemas ambientais, como é o caso da classificação do Paul de Tornada e despoluição e desassoreamento da Lagoa, são outros dos objectivos, a par da necessidade de consolidação “urgente” do Penedo Furado, “um dos maiores aglomerados de arenito do país e um ícone paisagístico, que ameaça derrocada”.
A cultura deve ser entendida, na sua opinião, como uma força motriz do concelho e a programação do CCC deve prestar um “verdadeiro serviço público”, concretizou o candidato.
Irónico, José Carlos Faria lembrou que algumas destas preocupações já vinham das últimas autárquicas e que a solução para tudo isto “parece aguardar pela tarde do dia de São Nunca em que as galinhas ganharão milagrosos dentes”.

Candidatos com provas dadas

José Augusto Esteves, da comissão central de controlo do PCP, foi o convidado do almoço comemorativo dos 43 anos do 25 de Abril, que se realizou no restaurante “Os Queridos” e que foi, simultaneamente, o primeiro acto público da CDU com vista às próximas autárquicas. Referindo-se aos candidatos, o dirigente comunista destacou que estes possuem “uma larga experiência e provas dadas ao serviço das populações”, sendo também conhecedores da realidade, problemas e desafios que se colocam ao desenvolvimento deste concelho.
Falando do panorama nacional, o dirigente comunista lembrou que desde há dois anos que o país tem vivido uma nova fase da vida política, com a derrota do coligação do PSD/CDS-PP e o seu afastamento do governo. No entanto, considera que ainda nem tudo está bem, pois a política de direita ainda está muito “presente nas opções de fundo da actual política governativa” do PS.
Apesar de neste último ano e meio já terem sido repostos rendimentos e direitos aos trabalhadores – com impacto positivo na economia – José Augusto Esteves realça que persiste o desemprego elevado, a precariedade e os baixos salários e reformas. “Persistem as preocupações quanto à real situação da banca, relativamente aos serviços públicos, a sectores do SNS, à educação e Segurança Social”, disse.
De acordo com este dirigente comunista, o défice das contas públicas não é o principal problema do país, mas sim a sua dívida “insustentável”, que impede o investimento e o crescimento económico. “O principal défice do país é de produção”, afirmou, defendendo uma outra política, desde logo com a renegociação da dívida e com a libertação das imposições da União Europeia e do euro.