
Ânia Oliveira, de 17 anos, foi a primeira aluna finalista do curso de Técnicas de Cozinha e Pastelaria, do pólo das Caldas da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste (EHTO), a apresentar um menu para o projecto “Cozinha de Autor”, no dia 2 de Março.
Esta iniciativa repete-se todas as sextas-feiras, à hora de almoço, até Junho, podendo qualquer pessoa apreciar a refeição criada pelos alunos daquele curso, no restaurante da EHTO, na Praça da Universidade. O preço a pagar pela refeição completa, incluindo bebidas, é de oito euros, mas carece de marcação prévia para não ultrapassar a capacidade da sala.
A iniciativa faz parte das práticas da rede escolar do Turismo do Oeste, porque está incluída no currículo do curso, e realiza-se pelo segundo ano nas Caldas da Rainha.
“O objectivo deste módulo é transmitir aos alunos os valores da capacidade de liderança, da autonomia e da responsabilização”, explicou Daniel Pinto, director da escola.
Cada um dos alunos é que define a ementa que é servida nos dias em que ficam a chefiar a cozinha do restaurante da EHTO.
Entrevistada pela Gazeta das Caldas durante a confecção da refeição, Ânia Oliveira revelou que estava um pouco nervosa com medo que as coisas não estivessem prontas a tempo.
Com a ajuda de 11 dos seus colegas de turma, que irão também passar por esta prova, a finalista salientou que este é um momento importante de avaliação no seu curso. Para além disso, havia a ansiedade natural de estar pela primeira vez a servir um menu da sua autoria. “É um desafio, mas também não o vejo como um quebra-cabeças”, disse.
O facto de nesse dia ser também a chefe da cozinha não a incomodou, pelo contrário, até gostou.
Menu Ceres dedicado à Natureza
Ânia Oliveira, que é natural da Marinha Grande, preparou um menu, com o nome de Ceres (deus da Natureza), que teve como base os seus gostos gastronómicos.
“Sendo a natureza o principal elo de ligação entre pratos, tentei colocar pelo menos um elemento da natureza”, explicou. Para tal, utilizou flores comestíveis.
A entradas foram “Chévre Gratinado com Mel de Urze, Noz e Buquê com Vinagre de Citrinos”, composto de queijo de cabra e acompanhamentos, e “Carpaccio de Bacalhau em Ninho de Codorniz”, em que o peixe é servido cru.
O primeiro prato do menu foi “Salmão Shoyu em Cama de Pak Choi Cherry com Arroz Jasmim e Molho de Iogurte e Cebolinho” e o segundo “Rolo de Duas Carnes Picadas, recheado com Mozzarella, Tomate Seco e Manjericão acompanhado de Batata Duquesa e Surpresa Filo”.

Para terminar, a sobremesa era uma “Paleta de Tarte de Pastel de Nata com Gelado de Canela e Espuma de Café”. O nome paleta foi escolhido para “associar os deuses que são vistos como perfeitos e a um dos seus hobbies, a pintura”.
Uma das principais preocupações de Ânia Oliveira foi a “conjugação de texturas e sabores, o que considero fundamental num menu”.
O seu objectivo foi “despertar, através das combinações, novas explosões de sabor e textura, sendo que alguns alimentos não se encontram muitas vezes juntos, mas que funcionam perfeitamente em harmonia”.
No final do almoço Ânia Oliveira disse ter gostado da experiência. “Foi um bocado stressante, mas produtivo e acho que correu bem. Fiquei satisfeita com o resultado final, embora pudesse ter feito algumas alterações”, afirmou.
Apesar de ter gostado de frequentar o curso de Técnicas de Cozinha e Pastelaria, Ânia Oliveira pretende agora prosseguir os estudos no ensino superior numa outra área (Psicologia ou Fisioterapia).
“Houve certas coisas que me fizeram ver que não devia seguir esta área, mas vou ter sempre como objectivo abrir um espaço meu, relacionado com a cozinha”, contou.

A opção por outra carreira, tem a ver principalmente com o facto de não querer prescindir de uma vida pessoal e familiar. “Não me imagino a ter a vida que têm algumas das pessoas com quem me cruzei durante este percurso”, admitiu.
A mesma decisão já tomou Maria Inês de Oliveira, residente nas Caldas da Rainha, finalista do curso de Técnicas de Serviço de Restauração e Bebidas e a quem coube a tarefa de chefiar a sala do restaurante nesse dia. “Gostei do curso, mas não é esta profissão que quero seguir no futuro. Desde pequena que eu quero ser hospedeira de bordo”, disse.
Isto porque “não quero passar horas a fio num restaurante só a servir pessoas e a levantar pratos, só vim para este curso para aprender”.
Mas Maria Inês de Oliveira está muito satisfeita por ter seguido este curso. “Foi uma grande ajuda para mim. Cresci, com os meus professores e com os meus colegas”, concluiu.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt