A moda dos “banhos públicos” já chegou às Caldas

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BanhoO desafio, apelidado de ”banho gelado” ou “banho público”, nasceu nos EUA como uma iniciativa de solidariedade e já atraiu milhões de pessoas por todo o mundo, chegando mesmo a tornar-se viral. Os caldenses não ficaram de fora desta nova moda, que tem agitado as páginas das redes sociais, e diariamente têm surgido novos vídeos no facebook, postados pelos jovens da região.
A dinâmica do jogo é simples e funciona de forma semelhante a desafios anteriores lançados na internet. Basicamente, uma pessoa nomeia três amigos do seu facebook e lança o seguinte desafio: num espaço de 48 horas, os nomeados devem publicar um vídeo nas redes sociais em que se mostrem a tomar banho num local público e com água fria, caso contrário “sujeitam-se” a pagar um jantar à pessoa que os selecionou.
André Fernandes, de 18 anos, aceitou entrar no jogo e no passado dia 22 de Agosto publicou o seu banho público nas redes sociais. O jovem revelou à Gazeta das Caldas que nunca pensaria ser nomeado, mas que acabou por achar a experiência bastante divertida, “porque é uma forma diferente de interagir com os amigos, alguns que até estão bastante longe e que não podemos ver todos os dias”. Além disso, André sublinha que é engraçado ver como as pessoas vão inovando na maneira como tomam o banho, puxando pelo seu lado criativo.
O também chamado “banho do alguidar” surgiu inicialmente com uma vertente solidária e não propriamente lúdica, pelo que alguns jovens caldenses têm-se mantido fiéis à idéia original, que implica um donativo à APELA (Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica). Actualmente, a associação, que auxilia os cerca de 700 doentes que existem no nosso país, já conseguiu angariar mais de 11.000 euros, sendo que nos Estados Unidos os valores dos donativos já ultrapassaram os seis milhões de euros.

Vozes discordantes

Mas à medida que o desafio tem vindo a ganhar cada vez mais popularidade, crescem também o número de comentários contestatários no facebook, por parte de pessoas que discordam desta iniciativa por a considerarem ridícula. Uma dessas vozes é a do jovem Miguel Maldonado Freitas, que é da opinião que “para ajudar a combater uma doença, não é necessário desperdiçar água”. O caldense de 19 anos acredita que teria mais sentido as pessoas filmarem-se a entregar um cheque à associação, por exemplo. Quanto ao desafio que envolve o pagamento de um jantar, Miguel ainda acha mais absurdo, “ignorante até, porque a maior parte das pessoas nem tem uma explicação racional que justifique o facto de terem entrado na moda, apenas fazem o banho público porque sim”. À Gazeta das Caldas, Miguel afirmou que, embora nunca tenha sido nomeado, nunca aceitaria participar num desafio em que é deitada tanta água ao ar, quando existem países onde esta escasseia todos os dias.
Já André Fernandes, acha que existem preocupações e problemas bem mais graves no mundo, com os quais as pessoas se deveriam realmente preocupar “porque o banho público é apenas uma brincadeira que, no fundo, até tem uma causa nobre por detrás”.

Como surgiu o desafio?

Tudo começou quando uma família dos EUA teve a idéia de partilhar vídeos a tomar banho de água fria na internet, com objetivo de assim conseguir a atenção das pessoas e, mais facilmente, convencê-las a fazer um donativo para tratar a doença do filho. Mas foi o golfista Chris Kenedy quem fez a ligação entre o desafio e a doença neurodegenerativa Esclerose lateral amiotrófica – ALS – por ter um familiar que sofria da doença.

Beatriz Raposo
mbraposo@gazetadascaldas.pt