Alunos da ETEO alertam colegas para violência no namoro

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A palestra foi dinamizada pelos alunos do terceiro ano do Curso Técnico de Serviços Jurídicos, juntamente com a docente
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Violência e namorar não podem combinar, alertaram os finalistas do curso de Serviços Jurídicos da ETEO aos colegas do 1º ano

O controlo que começa com questões aparentemente inocentes, como “onde estás” ou” se queres continuar comigo tens de deixar de falar com a tua amiga”, tendem a agravar com o tempo e podem resultar em casos de violência doméstica.
O alerta foi dado pelos finalistas do curso técnico de Serviços Jurídicos da Escola Técnica Empresarial do Oeste (ETEO), acompanhados pela professora Sandra Mónica Correia, aos seus colegas, lembrando que normalmente os comportamentos abusivos começam na fase do namoro.
Nestas idades, os principais atos de violência referem-se a insultos e violência psicológica, mas também existem maus tratos físicos, sexuais e sociais, estes últimos quando o agressor agride a vítima em público ou a proíbe de conviver com os amigos.
Muitas vezes, as vítimas não têm força para sair dessas situações de abuso, porque estão isoladas e não têm a quem recorrer, pelo que a denúncia é fundamental, defenderam os jovens, incentivando os colegas a ligar para o 112 ou, caso aconteça na escola, falar com os professores.
Num pequeno jogo de perguntas e respostas feitas durante uma sessão, realizada na passada quinta-feira, 25 de novembro, alguns dos alunos consideraram normal algumas formas de controlo e, até mesmo de agressão, por exemplo quando alguém “se faz” à sua namorada. Sandra Mónica Correia, que é também advogada e integra o Gabinete de Apoio à Vitima de Violência Doméstica, reconhece que esta tem sido uma prática recorrente ao longo dos anos. “Sou sempre surpreendida por elementos muito jovens que continuam a achar que há determinadas situações que se continuam a resolver recorrendo à violência, que certos comportamentos são normais e não conseguem vislumbrar que se tratam de atos obsessivos ou de perseguição, ou sinais vermelhos de controlo ou de humilhação, que não podem ser aceites”, concretiza.
De acordo com a docente, certos alunos precisam de ser alertados para determinadas ideias “normalizadas” que já não são aceites. “Acho que é preferível ter os colegas a falar com eles para poderem debater ideias”, disse, referindo-se a estas ações que decorrem anualmente na ETEO, para os alunos do primeiro ano, mas que inclusive podem começar mais cedo. Lamenta que se critiquem as aulas de Cidadania, pois é a disciplina onde são abordados estes assuntos.
A internet e a proliferação da informação leva a que estes jovens, “pela imaturidade, tenham dificuldade em distinguir as boas das más notícias”, tendo de ser os mais velhos a fazê-lo, desconstruindo as ideias pré concebidas. Sandra Mónica Correia nota que, desde que esta iniciativa decorre na ETEO, aconteceram coisas “muito interessantes”, inclusivamente de denúncia de situações de violência no namoro, em que depois foi possível intervir e ajudar. Os problemas mais graves nesta faixa etária estão muito relacionados com os ciúmes e a necessidade de afirmação.
Dados do distrito de Leiria
O estudo nacional sobre violência no namoro relativo a 2020, elaborado no âmbito do Projeto ART’THEMIS+ da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), em que participaram jovens 7º ano ao 12º ano de escolaridade, defende a necessidade das escolas trabalharem pedagogicamente com os jovens estas temáticas. No caso do distrito de Leiria, os comportamentos associados ao controlo (20%), à perseguição (19%) e à violência sexual (17%) são aqueles que os jovens, em média, mais legitimam nas relações de namoro. De entre os participantes que afirmam estarem ou já terem estado numa relação de namoro, os indicadores de vitimação autorreportados indicam, em média, uma maior prevalência da violência psicológica (18%), da perseguição (13%) e do controlo (13%). ■

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