Associação quer gente nova a aprender Bordados das Caldas

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Exposição
Os trabalhos com bordados aplicados estão em exposição até 23 de Dezembro

Organizada pela Associação do Bordado das Caldas da Rainha, decorre na capela de S. Sebastião (ao cimo da Praça da Fruta) uma exposição-venda de bordado das Caldas. A associação, que funciona na Expoeste, pretende dinamizar esta arte tradicional e tem previsto avançar com o processo de certificação e organizar workshops.

Instalados em várias bancas estão os mais variados trabalhos, decorados com bordados das Caldas e que dão nova vida à capela de S. Sebastião. Podem ser apreciadas toalhas, naperons, bolsas de alfazema, jogos de banho, panos de correr e de tabuleiro, quadros, almofadas, num sem fim de propostas bordadas a cor de chá, tal como manda o preceito do bordado local.
O Bordado das Caldas pode ainda aliar-se a outros materiais, como a cortiça e originar porta-chaves, que estão patentes naquela exposição. E também podem ser feitas peças em verguinha (cerâmica caldense), dando origem a porta-joias totalmente criados por artes tradicionais locais.
A iniciativa de realizar esta exposição natalícia partiu da Associação do Bordado das Caldas da Rainha, composta por nove bordadeiras, que está a tratar da certificação desta arte num processo iniciado em 2013 e que já conta com a constituição do caderno de especificações.
A partir de Janeiro querem apostar numa maior divulgação desta arte local. Para o ano, bordadeiras da associação vão disponibilizar-se para ensinar, aos sábados, na sede da associação, na Expoeste. Segundo Principelina Loução, a presidente da associação, há vontade de passar os conhecimentos sobre os bordados a gente mais nova dado que as senhoras que bordam têm, em média, 65 anos. “É preciso ensinar bordadeiras mais novas, antes que morra esta tradição…”, afirmou a presidente. A responsável ainda sublinhou que a associação está aberta a trabalhar com quem borda ou se preocupa com a preservação e continuidade da tradição local. “Gostaríamos de agregar as pessoas que se interessam por esta arte”, rematou a dirigente.
As bordadeiras da associação também recebem encomendas para bordar peças de vestuário para casamentos ou baptizados, como já aconteceu anteriormente.
Quem quiser aprender terá apenas que se fazer sócio desta entidade, o que requer o pagamento da quota mensal de um euro. A associação funciona de segunda à sexta- feira, entre as 14h30 e as 17h00.
A mostra pode ser apreciada na Capela de S. Sebastião, até 23 de Dezembro, entre as 10h00 e as 12h30 e das 14h30 às 18h00.

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As origens de uma arte local 

Conta a lenda que este bordado foi iniciado pela Rainha D. Leonor e as suas aias que o produziam de forma semelhante aos que chegavam da Índia. Estes começaram por ser vendidos à porta do Hospital Termal. Há quem levante a possibilidade destes bordados terem influências indiana, espanhola, ou veneziana. De início o Bordado das Caldas era executado com fio de linho, tingido com tons de chá. Da sua composição, que deve ser feita sobre linho, fazem parte motivos como a coroa, o pelicano, o camaroeiro, as carinhas e passarinhos.
Diz-se que aos serão de agulha da Rainha e aias se juntavam algumas senhoras da terra que bordavam toalhas e panos que eram vendidos à porta do Hospital para ajudar a custear as suas obras.

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