Organizada pela Associação do Bordado das Caldas da Rainha, decorre na capela de S. Sebastião (ao cimo da Praça da Fruta) uma exposição-venda de bordado das Caldas. A associação, que funciona na Expoeste, pretende dinamizar esta arte tradicional e tem previsto avançar com o processo de certificação e organizar workshops.
Instalados em várias bancas estão os mais variados trabalhos, decorados com bordados das Caldas e que dão nova vida à capela de S. Sebastião. Podem ser apreciadas toalhas, naperons, bolsas de alfazema, jogos de banho, panos de correr e de tabuleiro, quadros, almofadas, num sem fim de propostas bordadas a cor de chá, tal como manda o preceito do bordado local.
O Bordado das Caldas pode ainda aliar-se a outros materiais, como a cortiça e originar porta-chaves, que estão patentes naquela exposição. E também podem ser feitas peças em verguinha (cerâmica caldense), dando origem a porta-joias totalmente criados por artes tradicionais locais.
A iniciativa de realizar esta exposição natalícia partiu da Associação do Bordado das Caldas da Rainha, composta por nove bordadeiras, que está a tratar da certificação desta arte num processo iniciado em 2013 e que já conta com a constituição do caderno de especificações.
A partir de Janeiro querem apostar numa maior divulgação desta arte local. Para o ano, bordadeiras da associação vão disponibilizar-se para ensinar, aos sábados, na sede da associação, na Expoeste. Segundo Principelina Loução, a presidente da associação, há vontade de passar os conhecimentos sobre os bordados a gente mais nova dado que as senhoras que bordam têm, em média, 65 anos. “É preciso ensinar bordadeiras mais novas, antes que morra esta tradição…”, afirmou a presidente. A responsável ainda sublinhou que a associação está aberta a trabalhar com quem borda ou se preocupa com a preservação e continuidade da tradição local. “Gostaríamos de agregar as pessoas que se interessam por esta arte”, rematou a dirigente.
As bordadeiras da associação também recebem encomendas para bordar peças de vestuário para casamentos ou baptizados, como já aconteceu anteriormente.
Quem quiser aprender terá apenas que se fazer sócio desta entidade, o que requer o pagamento da quota mensal de um euro. A associação funciona de segunda à sexta- feira, entre as 14h30 e as 17h00.
A mostra pode ser apreciada na Capela de S. Sebastião, até 23 de Dezembro, entre as 10h00 e as 12h30 e das 14h30 às 18h00.
As origens de uma arte local
Conta a lenda que este bordado foi iniciado pela Rainha D. Leonor e as suas aias que o produziam de forma semelhante aos que chegavam da Índia. Estes começaram por ser vendidos à porta do Hospital Termal. Há quem levante a possibilidade destes bordados terem influências indiana, espanhola, ou veneziana. De início o Bordado das Caldas era executado com fio de linho, tingido com tons de chá. Da sua composição, que deve ser feita sobre linho, fazem parte motivos como a coroa, o pelicano, o camaroeiro, as carinhas e passarinhos.
Diz-se que aos serão de agulha da Rainha e aias se juntavam algumas senhoras da terra que bordavam toalhas e panos que eram vendidos à porta do Hospital para ajudar a custear as suas obras.































