A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Óbidos fez 93 anos no passado dia 1 de Abril e, pela primeira vez, ultrapassa a marca da centena de elementos no seu corpo activo. Contudo, e como medida de prevenção à COVID 19, até Junho o serviço de socorro é garantido por três brigadas de bombeiros profissionais.
Este ano, ao contrário do que costuma acontecer, o aniversário dos bombeiros de Óbidos não é comemorado com a comunidade, os elementos que compõem a associação humanitária e as entidades parceiras. A cerimónia, que já estava agendada para 19 de Abril e que foi anulada devido à pandemia da covid 19, teria como um dos pontos altos a apresentação do corpo activo que, pela primeira vez na história da instituição, é de 110 elementos.
“Passámos de 80 bombeiros no nosso corpo activo para 110. Nunca tivemos tantos operacionais e é um indicador muito significativo”, referiu o comandante da corporação, Marco Martins, dando nota de que destes, perto de 30% são mulheres. Mas o actual comando, que iniciou em 2019 um mandato de cinco anos, não pretende ficar por aqui, ambicionando ultrapassar os 120 bombeiros e alcançar a tipologia máxima prevista para estas instituições.
Para este número contribuiu a criação do quadro de especialistas, que são condutores de veículos de emergência, assim como o número de estagiários.
O comandante realça que a associação está a passar por um “período saudável” no que respeita a recursos, mas reconhece que o principal desafio nos próximos tempos será o de repor a saúde financeira da instituição.
Isto porque estão a ter uma redução muito significativa no transporte de doentes não urgentes, que fazem para sessões de fisioterapia, tratamentos e consultas em hospitais e clínicas. Esta é uma fonte de financiamento importante para os bombeiros, a par do apoio dado pela Câmara.
As instalações também são uma preocupação. Com o aumento de 30 operacionais houve “necessidade de reajustamento no espaço físico e no serviço operacional”, explicou Marco Martins, exemplificando que a camarata feminina apenas tem capacidade para oito mulheres. Outra das necessidades é a aquisição de equipamento de protecção individual para os novos elementos.
Os bombeiros de Óbidos têm também a particularidade (a par de mais dois municípios no Oeste) de ter um comandante em regime de voluntariado. Marco Martins é coordenador do Serviço Municipal de Protecção Civil do Município de Óbidos e está dispensado para exercer as suas funções no corpo de bombeiros.
ESCOLA DE INFANTES E CADETES
A associação humanitária tem a funcionar, desde 2018, a escola de infantes e cadetes, que começou com 23 elementos e actualmente conta com 50, e mais uns quantos em lista de espera. É na secção de infantes, que compreende as idades entre os seis e os 13 anos, que têm maior número de participantes, cerca de 40. Os cadetes têm idades entre os 14 e os 16 anos, altura em que passam para a categoria de estagiário, fazem a escola de promoção a bombeiro de terceira classe e, aos 18 anos, podem ingressar na corporação como bombeiro de terceira.
Marco Martins destaca a proximidade dos bombeiros de Óbidos à população, nomeadamente através de uma boa comunicação e imagem para o exterior através das redes sociais. Apostaram também na formação e num conjunto de projectos que estão a desenvolver junto dos mais novos e dos idosos, sensibilizando-os para as problemáticas do socorro e da prevenção. Por iniciar está um projecto de geminações com outras corporações e um rastreio junto da comunidade mais idosa sobre os problemas sociais, para que depois a Câmara possa validar essas necessidades.
Com o objectivo de incentivar o voluntariado, a associação humanitária propôs à autarquia a existência de um conjunto de benefícios para os soldados da Paz, que passam por reduções fiscais, isenções de taxas municipais e o acesso gratuito a equipamentos e eventos.
VOLUNTÁRIOS DISPENSADOS DEVIDO À COVID 19
Entre as medidas implementadas pela corporação obidense para segurança dos operacionais, sem pôr em causa a resposta à população, durante este periodo de pandemia, estão a dispensa de todos os bombeiros voluntários de fazerem serviço até 9 de Junho. Os 29 bombeiros profissionais divididos por três brigadas garantem, até essa altura, o socorro à população.
Têm também tido um papel activo ao nível da comunicação, dando regulamente informações sobre as medidas mitigatórias que a população deve implementar, nomeadamente o facto de evitar o uso desnecessário de ir ao hospital. “Essas recomendações têm sido muito bem aceites pela população e isso sente-se no serviço que antigamente fazíamos com regularidade nas chamadas as doenças súbitas e agora só nos contactam mesmo em caso de necessidade”, explica o comandante, acrescentando que também lhes são apresentadas dúvidas sobre o uso de máscaras ou se podem sair à rua.
A corporação tem participado em acções solidárias, em conjunto com diversas instituições, de apoio aos profissionais do hospital caldense, entidade com a qual têm maior proximidade pois alguns dos bombeiros também lá trabalham. E é apoiada com bens alimentares para os elementos que ali estão de serviço.