Caldas da Rainha pode perder encontros dos “Inseparáveis da Huíla”

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notícias das CaldasO convívio “Os Inseparáveis da Huíla”, que reúne anualmente milhares de naturais e ex-residentes daquela província angolana nas Caldas da Rainha, poderá deixar de se realizar na Mata Rainha D. Leonor depois do Centro Hospitalar Oeste Norte (CHON) ter decidido cobrar pela utilização do espaço.

O 34º encontro, que é o vigésimo a realizar-se nas Caldas, teve lugar no passado fim-de-semana, de 8 a 10 de Julho, e juntou quase 2.500 pessoas.
A direcção da Associação Recreativa e Cultural dos Inseparáveis da Huíla (ARCIH) foi surpreendida este ano com o novo “Regulamento da ocupação de solo para realização de eventos” do CHON que prevê a cobrança de uma taxa de utilização, quando sempre contou com o apoio do centro hospitalar na cedência do espaço.
“O centro hospitalar sempre nos apoiou e só temos de agradecer, mas este ano fomos surpreendidos pela cobrança de um valor”, adiantou o presidente da ARCIH, Carlos Faria. O primeiro valor pedido foi de 2.170 euros, mas perante a impossibilidade da associação em conseguir fazer esse pagamento, tentaram negociar, reduzindo o espaço ocupado na Mata. Acabaram por pagar 1270 euros.
Carlos Faria, que foi reeleito numa assembleia que teve lugar a 10 de Julho no pavilhão da Mata, contou à Gazeta das Caldas que a direcção vai agora estudar alternativas noutros concelhos.
Uma das possibilidades da realização do evento é junto ao Santuário do Senhor Jesus do Carvalhal, no Bombarral. “Mas a maioria das pessoas que participaram na assembleia da associação prefere continuar nas Caldas, porque é mais central e já há um hábito de ser aqui”.
Da associação fazem parte 700 sócios, mas nem todos têm as quotas em dia e a direcção também teve que aumentar o valor anual a pagar (o que já não acontecia há mais de 10 anos) para 12 euros, de modo a fazerem frente às despesas.
“Temos sempre muitas despesas para realizar estes encontros e só com a boa vontade dos sócios a pagar as suas quotas é que é possível realizá-los”, disse o dirigente. Foi com  as lágrimas nos olhos que Carlos Faria explicou que quando algum sócio diz que não pode pagar a quota “nós não cobramos”, porque entendem as dificuldades de algumas pessoas.
O encontro é sempre um evento cheio de reencontros, memórias e muita animação, com parte dos participantes a passarem os três dias acampados na Mata. Também muitos caldenses acabam por participar nos momentos de animação musical e aproveitam ainda para provarem a gastronomia angolana.
Um dos participantes no evento, Alcino Cunha, referiu que há pessoas que vêm de várias partes do país. A residir em Vila do Conde, faz quase 300 quilómetros até às Caldas e gasta quase 300 euros para participar, juntamente com a sua família. “Em gasolina, em refeições e a comprar fruta na praça para depois levar para cima, para além de outras despesas”, adiantou.
Alcinho Cunha veio de Angola com 24 anos e desde o primeiro encontro anual que participa nestes eventos, tendo deixado o desejo de que estes continuem a realizar-se nas Caldas da Rainha.
Luís Rebelo, proprietário da pastelaria “Cinco Bicas”, também salientou ao nosso jornal que estes encontros “trazem milhares de pessoas às Caldas” e têm um grande impacto na economia local. Por isso, entende que seria um grande prejuízo se estes deixassem de se realizar na cidade. “Ficariam a perder as lojas, os cafés, os vendedores da Praça da Fruta e os hotéis, entre outros estabelecimentos comerciais da cidade”, sublinhou.
O comerciante adiantou ainda que é notório o maior movimento de pessoas ao fim-de-semana, e principalmente no domingo, quando estes encontros se realizam. “Se não forem estes eventos e as excursões ao domingo, não há ninguém e não será rentável estar aberto”, disse.

 

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