Caldas Jovem arrancou com um teatro-debate sobre as (in)dependências

0
718
A abertura do Caldas Jovem realizou-se no CCC - Maria Beatriz Raposo

A primeira actividade do Caldas Jovem (programa que até 30 de Abril promete animar os jovens caldenses) foi um teatro-debate da Associação Usina que pôs centenas de adolescentes a reflectirem sobre vários tipos de dependências, sobretudo drogas, álcool e jogos. Neste formato pouco convencional, os jovens espectadores são convidados a interromper as cenas para se lançar o debate e os mais corajosos sobem mesmo ao palco.
A peça “(In)Dependências” apresentada, no passado dia 9 de Abril, é uma das mais de 20 iniciativas do programa. Sessões de esclarecimento sobre o projecto Erasmus+, workshops de bar e cozinha, concertos, encontros de skate e BMX, a final do concurso Toma Lá Talento e torneios de futsal e voleibol são outras actividades que completam o cartaz.

Tabaco. Jogos de computador. Charros. Comprimidos. Telemóvel. Tudo isto se pode vir a tornar um vício. Uma dependência. É também isto o que nos mostra a primeira cena da peça da Associação Usina (Lisboa), que põe em palco actores que vão trocando de personagem conforme muda o contexto. Mas antes de passarem a exemplos concretos, os intérpretes introduzem ao público o conceito de “teatro-debate”.
“Este é um espectáculo ligeiramente diferente do habitual, porque o principal objectivo é que vocês participem e nos interrompam para podermos trocar ideias”, diz Eduardo Frazão, o único actor em palco que tem o mesmo papel do início ao fim: é ele o “mediador” entre as personagens e a plateia, é quem contextualiza os jovens sobre as cenas que vão ver e é também quem dá a ordem para a acção começar. Para um dos espectadores poder interromper as interpretações e lançar o debate, basta levantar o braço.

Mas há mais que os jovens devem saber. “(In)Dependências não é uma peça com o discurso formatado ou moralista, não vimos dizer-vos para não fazerem isto ou aquilo, que é tudo proibido ou que, pelo contrário, é tudo na boa”, acrescenta Eduardo Frazão. O importante é que cada jovem se sinta à vontade para partilhar a sua opinião, a sua própria experiência ou mesmo histórias de pessoas conhecidas que sejam ali relevantes.
Há quatro cenas em destaque. Na primeira o Manuel é um rapaz viciado em jogos de computador que não sai da frente do ecrã por nada. Nem para fazer o jantar, nem para dormir, nem para sair com os amigos. Já a segunda parte passa-se em casa da Rita. Os pais dela foram passar o fim-de-semana fora e a jovem aproveitou para dar uma festa. E claro que há álcool. O problema é que o Alex está a beber, mesmo sabendo que vai conduzir nessa noite. Em seguida, a terceira cena conta a história da Filipa, que era a melhor aluna da turma mas começou a baixar as notas à medida que os charros se foram tornando mais frequentes. O último momento recria o ambiente de um festival em que três amigos querem ser como toda a gente. Por isso, deixam-se levar pelos excessos do álcool e das drogas. Divertem-se assim e a filmar tudo.
Todas estas cenas são interpretadas com humor à mistura e são realidades bem conhecidas para a maioria dos jovens que estão na plateia. “Porque é que celebrar alguma coisa tem que significar obrigatoriamente consumir álcool ou drogas?”. “Cada um tem a sua consciência e deve ser livre de escolher que caminho quer seguir”. “Não devemos forçar os nossos amigos a fazerem o que não querem”. “Os pais devem ser os primeiros a incutir regras”. “Se bebemos mais vale não conduzir, chamamos antes um táxi”. “Devemos estar informados sobre as consequências das nossas escolhas e olhar para outros exemplos”. Estas e outras opiniões foram partilhadas por adolescentes que quiseram interromper as cenas para dar o seu ponto de vista e apontar o que nelas viam de errado.
Ao final de quase duas horas de espectáculo, o público não parecia farto ou cansado. Pelo contrário, fez-se ouvir nos aplausos e saiu satisfeito. Não todos, é certo, mas muito daqueles adolescentes ficaram certamente mais conscientes sobre os riscos e perigos das dependências.

“VALE A PENA SER JOVEM NAS CALDAS”

O teatro-debate da Usina foi antecedido por uma apresentação do programa do Caldas Jovem 2018 por Rogério Rebelo, director do Centro da Juventude, entidade que dinamiza a iniciativa em conjunto com a autarquia caldense.
Também presente, Pedro Raposo, vereador da juventude e do desporto, realçou que o conjunto das actividades propostas não foi pensado ao acaso. “Vimos quais eram aquelas que já se tinham revelado um sucesso noutros anos e melhorámos cada uma delas”, disse, acrescentando que o programa das Caldas se destaca pela qualidade em relação a outros municípios do Oeste que também dedicam um mês à juventude.
Já Jorge Varela, presidente da ADJCR, destacou que “felizmente nas Caldas há uma cooperação muito grande entre várias entidades que é exemplo de como deve funcionar a política”. Realçou ainda que “vale a pena ser jovem nesta cidade” e que o Caldas Jovem é uma iniciativa que os adolescentes caldenses devem aproveitar ao máximo.

[caption id="attachment_114967" align="alignnone" width="850"]A peça de teatro “(In)Dependências” A peça de teatro “(In)Dependências” pôs os jovens a reflectirem sobre os principais vícios que afectam a adolescência – Maria Beatriz Raposo[/caption]

Programa Caldas Jovem

Dia 13 (Sexta-feira, 10h00) – Workshop de bar e cozinha (dirigido a alunos do 9ºano) na Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste (pólo das Caldas da Rainha).

Dia 13 e 14 (Sexta-feira e Sábado, 17h00 e 10h00) – Workshop de serigrafia no Centro da Juventude pelo Atelier de Arte e Expressão.

Dia 16 (Segunda-feira) – “Acção de Sensibilização/Informação: Educação não formal e participação jovem” coordenada pelo IPDJ/Centro da Juventude, a realizar-se nas escolas.

De 16 a 20 (Segunda a Sexta-feira) – Semana do Emprego organizada pelo Centro de Recursos Comunitário da Santa Casa da Misericórdia na antiga Universidade Católica.

Dia 18 (Quarta-feira, 16h30) – Workshop “Safa-te na cozinha”, dirigido a jovens do 12º ano, na Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste.

Dia 20 (Sexta-feira, 10h00 às 17h00) – “Dia aberto – Actividades práticas e de demonstração” na Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste.

Dia 21 (Sábado) – Caldas Trash Jam: Encontro de Skate e BMX/Concurso de fotografia no Skate Parque. Organização de Rúben Santos.

Dia 21 (Sábado, 10h00 às 19h00) – Workshop de encadernação artesanal no Centro da Juventude pela CoopCasa.

Dia 21 (Sábado. 15h00 às 19h00) – Workshop de risografia no Hotel Madrid pelo Grémio Caldense de Cultura e Recreio.

Dia 22 (Domingo, 10h00 às 13h00) – Actividades náuticas (canoa e stand up paddle) na Escola de Vela da Lagoa. Transporte incluído.

Dia 24 (Terça-feira, 22h00) – Concerto Caldas Jovem com os Prof Jam na Praça da Universidade.

Outras actividades até 30 de Abril: www.facebook.com/CENTROJUVENTUDE.CR/
Inscrições obrigatórias para o e-mail gabinetejuventude.cjcr@gmail.com ou através do Facebook.