Caldense é representante de habitantes na Suíça

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O caldense frequenta regularmente a sede europeia da ONU
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Henrique Ventura é presidente de uma Associação dos Habitantes, em Genebra, desde 2008. É defensor dos Direitos Humanos e prepara tese sobre o tema.

O caldense Henrique Ventura emigrou em 1985 para a Suíça. Foi viver para Genebra e há 12 anos que é consecutivamente escolhido como presidente Associação de Habitantes das Acácias (AHA), lutando pelo bem-estar de quem mora naquela área.
“Saí das Caldas em 1985”, relembra o caldense, de 54 anos, recordando que tinha o 9º ano quando foi morar para a Suíça, ter com a sua mãe. Estudou em várias escolas suíças e, antes de se dedicar à cidadania, trabalhou em empresas como a TAP e num lar privado na década de 1990.
“Nunca gostei de trabalhar apenas com papéis… Faltava-me alguma humanidade”, contou o emigrante à Gazeta das Caldas na sua terra natal, para onde veio gozar alguns dias de férias.
Reside numa região, designada das Acácias, em Genebra, desde 1996 e desde sempre manteve contacto próximo com os moradores, idosos e jovens. Tal como noutras zonas de Genebra, ali foi fundada uma Maison de Quartier, uma associação de animação que é similar a uma Casa do Povo. Henrique Ventura foi convidado para integrar este centro, onde, entre outras iniciativas, se organizou uma discussão pública sobre o parque, e que é importante pulmão daquela zona da cidade, em 2004.
“Toda a gente dava as suas ideias para melhorar a qualidade de vida daquela zona”, referiu o caldense, que lutou por várias causas relacionadas com a melhoria daquele bairro, que tem crescido e, como tal, necessita de quem represente quem ali mora.
Em 2006 foi convidado para integrar o comité que toma as principais decisões relacionadas com a vida em comunidade e chegou-se à conclusão que era necessário apostar na criação de uma Associação de Habitantes das Acácias (AHA). Henrique Ventura foi eleito presidente em 2008 e, desde então, é anualmente reeleito. Uma das discussões que promoveram foi a dos emigrantes que vivem há oito anos em Genebra poderem votar a nível municipal, uma iniciativa cidadã que acabou por ser aceite.
Hoje, a zona que era industrial aposta mais em serviços, sendo necessário lutar por mais espaço verde, pela diminuição da velocidade nas estradas junto às escolas daquela zona e estar atento aos projeto urbanísticos, mais interessados em construir escritórios do que habitações. E é o caldense que resolve questões com o poder local e também com os responsáveis pelo Cantão.
“Sou um homem simples e não quero fazer parte de partidos políticos”, afirmou o emigrante, sempre pronto para fazer petições e até a unir-se a mais associações de habitantes do Cantão de Genebra, fazendo, assim, parte deste sistema que aposta forte na democracia participativa e direta, onde são ouvidos os representantes dos seus cidadãos que defendem a causa pública e o bem estar comum.
“Estamos na base da pirâmide, logo quer o poder local quer o do Cantão têm que nos responder, assim está na Constituição”, disse o caldense, que vai com regularidade a canais de televisão suíça por ser presidente da AHA. Outra das áreas de interesse do dirigente é a dos Direitos Humanos. “Fui à sede da ONU por convite para assistir a uma conferência contra a mutilação genital feminina”, disse o caldense, que assiste com regularidade aos eventos das Nações Unidas que têm lugar na sede de Genebra. O caldense também está ligado ao Comité Internacional da Cruz Vermelha e à Amnistia Internacional.
Henrique Ventura voltou à escola, tendo feito um curso de Ciência Política numa universidade à noite. “Agora quero fazer a minha tese de mestrado sobre direitos humanos”, referiu o caldense, que gosta da área da logística e que um dia gostava de trabalhar para a Cruz Vermelha. “Gostava de fazer um levantamento sobre as necessidades dos países no que diz repeito à comida e medicamentos. Quando regressar às Caldas, daqui a uns anos, gostaria de continuar ligado a entidades como a Cruz Vermelha para poder auxiliar os que mais precisam”, sublinha o emigrante.

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