Os carteiros do Centro de Distribuição Postal das Caldas da Rainha e Óbidos estão a fazer, desde a passada sexta-feira (28 de Abril), uma greve diária de uma hora, em protesto contra as más condições de trabalho e a falta de pessoal. Esta forma de luta irá decorrer até 16 de Maio e poderá estender-se até ao final do mês, caso não sejam acolhidas as reivindicações destes trabalhadores.
À Gazeta das Caldas fonte oficial dos CTT refere que consideram que os recursos humanos são os “adequados” para a carga de trabalho existente e avançam que irão fazer obras no centro de distribuição.
Os carteiros das Caldas e Óbidos começaram a fazer greve à primeira hora de trabalho (desde as 6h30) na passada sexta-feira. Depois estiveram reunidos em plenário entre as 9h00 e as 12h00, tendo decidido manter esta forma de luta, pelo menos, até 16 de Maio. Para ontem, quinta-feira, estava previsto outro plenário e, se, entretanto, não houver resposta por parte da empresa, admitem estendê-la até ao final do mês.
De acordo com Dina Serrenho, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), aderiram no primeiro dia 64% dos 42 trabalhadores das Caldas e Óbidos, que se queixam da falta de recursos humanos, que leva a que tenham que percorrer maiores distâncias e entregar mais correio. “Estamos a prestar um mau serviço e isso preocupa-nos pois está em causa a imagem do carteiro”, disse Dina Serrenho à Gazeta das Caldas.
De acordo com a dirigente sindical, foram contratados trabalhadores sem vínculo aos Correios, que têm apenas por tarefa a distribuição, enquanto que os carteiros ficam com as tarefas internas.
Na passada sexta-feira já havia cartas por entregar datadas de 15 de Abril. A também trabalhadora nos CTT de Alcobaça reconhece que esta situação piorou muito com a privatização dos Correios pois a empresa “o que vê são números e quer a todo o custo reduzir custos”.
De um universo de 40 carteiros nas Caldas da Rainha e Óbidos, oito deles saíram da distribuição directa feita porta a porta para o serviço de expressmail. “Foram oito trabalhadores que, durante sete horas por dia, deixaram de fazer distribuição”, realçou a responsável, acrescentando que estes profissionais eram necessários para um serviço de entregas de qualidade. Dina Serrenho alerta para o facto dos carteiros já estarem a receber ameaças na rua, pelos atrasos nas entregas, e pede à população que reclame, mas no livro de reclamações da estação de correios mais próxima, de modo a que a ANACOM (autoridade reguladora das comunicações postais) possa ter conhecimento e averigue a situação.
A trabalhar há cerca de um ano em novas instalações na Zona Industrial das Caldas, os trabalhadores queixam-se também das condições de trabalho no local. “O chão é de cimento e larga muito pó e há falta da luminosidade, o que já está a levar a alguns problemas a nivel de visão”, explicou Dina Serrenho.
A delegada sindical informou também que já pediram uma reunião com os presidentes das câmaras das Caldas da Rainha e Óbidos para que, também eles, possam levar as reivindicações destes trabalhadores junto da administração da empresa.
Investimento de 25 mil euros no Centro de Distribuição
Questionado pela Gazeta das Caldas, fonte oficial dos CTT desmente a falta de condições de trabalho, referindo que técnicos habilitados na avaliação das condições de Segurança e Saúde do Trabalho visitaram as instalações caldenses e “não identificaram quaisquer problemas de poeiras ou outros constrangimentos ao nível do ar”.
A empresa informa que está previsto um investimento de 25 mil euros para a colocação de um novo pavimento no Centro de Distribuição Postal, de modo a suprir uma necessidade que já tinha sido identificada, e garante que a intervenção não está relacionada com as reivindicações.
No que se refere aos recursos humanos, os CTT informam que são os “adequados” para a carga de trabalho, tendo inclusive recorrido a “duas prestações de serviço além das necessidades, de modo a fazer face ao absentismo”.
A empresa reconhece que o serviço aos clientes possa ter sido afectado em dia de plenário dos trabalhadores, mas garante que “despoletará os procedimentos necessários para reduzir ou eliminar o seu impacto, garantindo-se que o correio prioritário e expresso não será objecto de qualquer atraso”.