Andar com a casa ‘às costas’ é uma ideia que não agrada apenas ao caracol. Entre nós, humanos, há muitos a quem esta ideia fascina. Seja pela oportunidade de viajar constantemente, pela possibilidade de dormir uma noite em cada sítio, ou apenas porque nas férias reduz os custos, as autovivendas estão na moda. Há delas bem minimalistas, com apenas uma cama e quem delas faça habitação permanente incluindo, até… salamandras.
Autovivenda é o nome dado a carrinhas transformadas em casas, que é uma coisa diferente da já tradicional autocaravana. Há diferentes tipos de autovivendas, das carrinhas mais pequenas a jipes ou camiões. Portanto, o conceito é abrangente e para cada uso há um tipo de carrinha mais apropriado. Aqui iremos focar-nos mais nas que possam ser usadas como habitação permanente.
Para tal, o ideal são as carrinhas de caixa fechada, o mais altas possíveis, mas nem a altura é impedimento, visto que podem ser montados tejadilhos extensíveis.
Depois tem de se escolher aquilo que lá se quer ter. Além de um sítio para dormir e uma pequena sala (ou um que se transforma ora num quarto, ora numa sala), é possível fazer uma cozinha e uma casa de banho e também pode ter um painel termovoltaico ou solar.
É que viver numa autovivenda permite dormir uma noite em cada sítio e para quem não é de grandes luxos, tem tudo o que é necessário. Comparando com uma autocaravana, as autovivendas consomem, regra geral, menos combustível e são mais discretas, além de poderem ser usadas nas voltas do dia-a-dia.
O preço e a velocidade e facilidade de execução são outros dos atractivos. A independência que conseguem ter e a qualidade de vida que conseguem proporcionar a quem nelas habita são suficientes, ainda que cada caso seja um caso. Tal como numa habitação, há opções melhor isoladas em relação ao som e ao calor e frio. Há delas com ar condicionado.
As desvantagens prendem-se com a necessidade de arranjar um lugar certo para todos os objectos de forma a que estes não caiam quando se está a circular. A falta de espaço é um problema, mas obriga a encontrar soluções criativas. Depois tudo depende da qualidade da construção, tal como numa casa. O peso máximo do veículo, a segurança e o conforto têm de ser tidos em conta no momento de escolher os materiais e criar a autovivenda.
Em Portugal já há várias empresas que se dedicam à modificação de carrinhas para autovivendas, com preços à medida de cada projecto e em Peniche há mesmo uma empresa que as aluga para férias. As autovivendas são muito populares, por exemplo, junto dos surfistas.
No caso de querer fazer o seu projecto, porque não é assim tão difícil, é importante desenhá-lo antes de pôr as mãos à obra. Escolher o que se quer e fazer bem as contas também é fundamental.
Essencial é não começar, se achar que não vai levar o projecto até ao fim. É que arrisca-se a ficar sem o dinheiro que investe e a ‘ganhar’ um monte de tralha a ocupar espaço na garagem. Nesse caso, mais vale comprar uma já feita ou encomendar que lhe façam uma.
Em termos de legalização, é preciso preencher um requerimento a solicitar a aprovação da transformação e depois, depende se já existe um ofício de aprovação emitido pelo IMT (que tem de ser verificado junto do representante oficial da marca da carrinha em Portugal) ou não.
No caso de existir é necessária uma fotocópia do mesmo e do desenho e um certificado de conformidade. Custa 50 euros.
Caso não exista, é necessário entregar desenhos do veículo à escala de 1/20, 1/30 ou 1/40 onde constem as alterações, com vistas lateral, de cima e retaguarda com as principais dimensões descritas e com a devida legenda.
Além disso é necessário entregar a memória descritiva com as alterações efectuadas ao veículo elaborada por um engenheiro e um termo de responsabilidade da transformação. Neste caso a legalização custa 150 euros.
PARA FÉRIAS HÁ OPÇÕES MAIS EM CONTA
No caso de o objectivo ser apenas férias há opções bastante mais económicas, como os jipes (com ou sem tendas por cima) ou as famosas Renault Kangoo com uma invenção bem portuguesa chamada Easy Box.
Criada pela Cervocamping, em Vila Nova de Cerveira, que também constrói autovivendas, trata-se de uma ‘caixa’ que ocupa a bagageira de uma carrinha do género da Kangoo (porque também se ajusta a outros modelos de carrinha), mas que quando aberta ocupa os lugares de trás, transformando-se em cama ou em sala, com uma espécie de cozinha de improviso e um chuveiro que se prende na porta de trás. Custa pouco mais de mil euros.































