
A Comissão para a Defesa da Linha do Oeste contesta a supressão de comboios e a sua substituição por autocarros, consequência da falta de material circulante na linha, e exige uma “solução urgente” para este problema.
O porta voz da comissão, Rui Raposo, considera que esta situação não é admissível numa altura em que há uma maior procura de passageiros, pelo que vai reunir com os autarcas oestinos, apelando a que se envolvam na luta e não descarta a possibilidade de uma manifestação a curto prazo.
Na passada sexta-feira (31 de Março) um autocarro substituiu o comboio das 7h20, fazendo o seu trajecto entre as Caldas da Rainha e Torres Vedras. Mais tarde, a composição das 11h00 rumo a Coimbra saiu da estação caldense com 50 minutos de atraso. Situações como estas têm sido comuns nos últimos tempos, com a supressão de comboios e acumulação de atrasos, o que levou a Comissão para a Defesa da Linha do Oeste a manifestar-se junto dos passageiros distribuindo comunicados a alertar para a necessidade de melhoramento da ferrovia.
Rui Raposo, porta-voz da comissão, disse aos jornalistas que esta tem sido confrontada desde o início do ano com a supressão de comboios, sobretudo no percurso entre Caldas da Rainha e Torres Vedras, e o aparecimento de autocarros a efectuar o percurso. Na base do problema está a “falta de material circulante e a diesel que garanta um serviço eficaz e de qualidade na Linha do Oeste”, disse, acrescentando que as composições que faziam o serviço inter-regional Caldas-Coimbra foram retiradas para servir na Linha do Douro no âmbito de um contrato com um operador privado dos barcos de turismo. Acresce o problema das composições serem velhas e de não haver outras para as substituir quando têm avarias.
A solução encontrada pela CP, com a colocação de autocarros a levar os passageiros, também não agrada à comissão, desde logo porque demora muito mais tempo a chegar ao destino prejudicando as pessoas que têm que cumprir horários ou fazer ligações a outros transportes.
“As pessoas voltam a recorrer ao transporte individual, o que não é desejável”, diz Rui Raposo, criticando as dificuldades por que atravessa a linha na altura em que se assinalam os 130 anos da sua inauguração.
Elementos da Comissão para a Defesa da Linha do Oeste reuniram recentemente com a administração da CP e saíram de lá “seriamente preocupados” com a falta de solução, a curto prazo, para o problema, disse Rui Raposo. Foi-lhes informado que a empresa não tem para já composições a diesel de reserva para substituir as avariadas e que a EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário) “não tem capacidade de resposta para reparar o material”, algum dele das décadas de 50 e 60 do século passado e que já está descontinuado.
Rui Raposo referiu ainda que a administração da CP admitiu a possibilidade de aquisição de composições híbridas (que permitem a circulação em linha electrificada e não electrificada), mas terá que ser através de concurso público e nunca antes de, no mínimo, dois anos. Trata-se de uma solução “ainda em fase de estudo”, disse, acrescentando que a comissão já pediu uma reunião com o secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme d’Oliveira Martins, para “expor a necessidade de intervenção do governo neste processo”.
Rui Raposo mostrou ainda a sua preocupação com o atraso na execução do plano de modernização da Linha do Oeste, “cujo concurso público já devia ter sido lançado em Janeiro”.
De modo a tentar resolver a situação, a comissão irá pedir reuniões a cada um dos autarcas dos municípios do Oeste atravessados pela linha, assim como dar conhecimento do problema à Comissão Parlamentar de Transportes. Rui Raposo pondera voltar à rua para recolher assinaturas a fim de que o assunto venha, de novo, a ser debatido na Assembleia da República e também não afasta a possibilidade de uma manifestação dentro de algumas semanas.