
Cerca de 200 crianças de escolas do 1º ciclo das Caldas da Rainha aprenderam a evolução da bandeira nacional desde a fundação do país, em 1143, até aos dias de hoje, durante a cerimónia de apresentação do estandarte nacional aos instruendos do segundo curso de formação de sargentos em regime de voluntariado e de contrato (CFSRVRC) da Escola de Sargentos do Exército (ESE).
Esta cerimónia pretende dar a conhecer a evolução do estandarte e da bandeira nacional aos instruendos do CFSRVRC que vão realizar o juramento de bandeira esta sexta-feira, 2 de Dezembro. Alargar a iniciativa aos alunos das escolas do primeiro ciclo, que também têm esta matéria na matéria curricular, é uma forma de “preservar a História através das bandeiras e dos símbolos que remetem para os heróis, e os seus feitos, que construíram o país”, disse o comandante da ESE, Lino Gonçalves.
A escolas convidadas para a cerimónia deste ano foram as do Bairro da Ponte, Bairro dos Arneiros, Encosta do Sol e A-dos-Francos, mas não foi possível a presença desta última. Assistiram à cerimónia um total de 189 crianças.
Henrique Vinhais, aluno do 4º ano da escola da Encosta do Sol achou “interessante” o que aprendeu com esta iniciativa, até porque não conhecia ainda todas as bandeiras, e também gostou de entoar o hino nacional, que considera “uma grande responsabilidade”.
Francisca Correia, que anda na mesma escola, já conhecia algumas das bandeiras do que aprendeu na escola, mas gostou de ficar a conhecer as restantes. Estar nesta cerimónia “ensina-nos a respeitar o nosso hino e o nosso país”, disse. A aluna considera que é importante ter estes momentos de aprendizagem fora da escola porque ensinam de forma diferente através da interacção com outras pessoas.
O que também não deixou os alunos indiferentes foi o desfile das forças em parada. Henrique Vinhais achou “espectacular”, Francisca Correia descreveu-o como “um momento de respeito muito bonito”.
De D. Afonso Henriques à República
A cerimónia tratou-se de uma rápida viagem pelos mais de 873 anos de história do nosso país. A primeira bandeira adoptada por D. Afonso Henriques, era branca com uma cruz azul, que simbolizava a cruz em campo de prata. D. Sancho I substitui a cruz por cinco escudetos dispostos em forma de cruz – os dos flancos apontados ao centro –, que seriam alusão às cinco chagas de Cristo, ou às cinco feridas de D. Afonso Henriques em batalha.
D. Afonso III acrescentou à heráldica uma bordadura em vermelho com um número indeterminado de castelos para a terceira bandeira. D. João II introduziu na bordadura as pontas da cruz verde da Ordem de Avis, mandadas retirar cerca de 100 anos depois por D. João II. A nova bandeira tinha menos castelos de ouro, sete ou oito, e as quinas passaram a estar todas em posição vertical.
No reinado de D. Manuel I as armas reais voltaram a ser fixadas ao centro e em fundo branco. As armas mantinham as mesmas características da bordadura, dos castelos de ouro e das quinas, mas passaram a ter forma de escudo com final em cunha e a ostentar no topo a coroa real aberta. O escudo português, com o fundo redondo, foi introduzido por D. João III. A coroa passou a ser fechada, símbolo da autoridade do rei, depois do desaparecimento de D. Sebastião, nos reinados de D. Henrique e dos Filipes.
No reinado de D. João IV a coroa passou a ter cinco arcos em vez de três, símbolo da restauração. No reinado de D. João V a coroa passou a ter um barrete vermelho ou púpura. Entre 1816 e 1826 foi introduzida a esfera armilar de ouro em campo azul que representava o Brasil.
Só em 1830, por decreto de D. Maria II a bandeira passou a ser bipartida em azul e branco.
A bandeira actual data de 19 de Junho de 1911. O verde escuro, que ocupa dois quintos da bandeira, representa os verdes campos e a esperança em melhores dias de prosperidade e bem-estar. O escarlate valoriza o sangue derramado nas conquistas, na defesa, nas descobertas e no engrandecimento da Pátria. A unir as duas cores surge a esfera armilar manuelina, símbolo dos feitos dos navegadores portugueses. Sobrepostos estão dois escudos, um vermelho com os sete castelos que representam as cidades fortificadas resgatadas aos mouros por D. Afonso III. O escudo pequeno é branco com cinco escudetes azuis que simbolizam as chagas de Cristo. Cada escudete tem cinco besantes de prata que, contando duas vezes os do escudete centro (ao fazer a cruz) recordam os 30 dinheiros pelos quais Judas venceu Jesus Cristo e simbolizam o poder régio para cunhar moeda.