É um país com uma beleza natural imensa e torna-se sempre um prazer e aventura explorá-lo

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Gazeta das Caldas
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IMG_0772Ricardo João Querido Marques
35 anos
Caldas da Rainha
Craiova – Roménia
Percurso escolar: Escola Primária Bairro
da Ponte, Preparatória na D. João II
e Secundária na Rafael Bordalo
Pinheiro. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa – Licenciatura em Engenharia Informática.

Do que mais gosta do país onde vive?
A paisagem principalmente. É um país com uma beleza natural imensa, seja em planícies longas e verdejantes, ou as montanhas plenas de vegetação. Adicionando a isso cidades de vários estilos diferentes espalhadas pelo mapa, e torna-se sempre um prazer e aventura explorar este país. Muitas lindas obras antigas também, especialmente igrejas e castelos. Em algumas cidades consegue-se sentir a História quando se passeia na rua.
Na cidade onde moro adoro também a facilidade de acesso a produtos frescos, visto haver pequenas “praças” de venda de produtos agrícolas um pouco por todo o lado e os espaços verdes, dado que tem três lindas áreas verdes bastante distintas.

O que menos aprecia?
É um pais ainda com muito para crescer a vários níveis. Nota-se isto nas ruínas de antigos grandes complexos industriais espalhadas pelo país fora, nas muitas aldeias construídas com barracas, e mesmo em muitas áreas urbanas nota-se uma degradação em certas áreas e edifícios que demonstram uma beleza antiga, mas degradada pelo tempo.
É algo que também se reflecte em termos de deslocação. Os comboios são bastante lentos, as estradas são poucas e a falta de auto-estradas faz com que todas as deslocações em termos de grandes distâncias aqui sejam mais desafiantes e de maior duração. Por exemplo ir de Craiova à capital(Bucareste) são cerca de 200 quilómetros e a viagem demora um pouco acima de três horas.
Sinto também falta de contacto. As pessoas aqui são mais distantes e mantém uma distancia física. Abraços é para ocasiões especiais, e mesmo beijos no rosto é para amigos bastante próximos em certas situações. Para mim, como pessoa habituada a abraços e beijos, tem sido um ajuste por vezes desconfortável.
Apesar desta distância, os romenos são em geral pessoas muito prestáveis, e já fui muitas vezes surpreendido positivamente com a disposição que têm em me ajudar quando aparecem dificuldades.

De que é que tem mais saudades de Portugal?
Amigos, família, praia, comida portuguesa, calor humano… Muitas grandes e pequenas coisas.

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A sua vida vai continuar por aí ou espera regressar?
Por agora fico por aqui pois ando envolvido em vários projectos apaixonantes e quero ir mais longe com eles. Mas pretendo voltar no futuro.

“Em geral os preços por aqui são mais baixos que em Portugal, mas a própria economia é mais fraca”

Vim para a Roménia em seguimento a uma actividade que desenvolvi em Portugal, onde trabalhei com uma ONG em projectos relacionados com educação não formal. Foi neste contexto que conheci a Sílvia (a minha namorada, que é da Roménia) e as ONGs com que ela se encontra envolvida. Comecei a desenvolver projectos em comum com ela e vim para a Roménia para participar nesses projectos.
Como tal, além do trabalho em informática, tenho estado envolvido um pouco por todo o país em projectos sobre educação não formal, coaching e desenvolvimento pessoal, trabalhado com várias pessoas em âmbito internacional e mesmo fornecendo workshops a educadores de vários países europeus. Tem sido uma experiência rica, valiosa e muito apaixonante!
Foi um choque cultural um pouco forte inicialmente, devido as regras sociais que referi antes, mas fora isso não tem sido muito complicado.
Em particular ainda me sinto desafiado pela língua devido mesmo a semelhança parcial que tem com outras que já conheço, o facto de ter uma mistura de termos que conheço e outros que não muitas vezes ainda me confunde. E apesar de estar a aprender cada vez mais, é engraçado as vezes que misturo tudo e outras tantas em que percebo quase tudo o que é dito.
Outra parte disto é mesmo o inglês. Apesar de ser uma língua que muitas pessoas falam no norte, na parte sul (onde eu vivo), o hábito é bem menor, e portanto a minha aprendizagem do romeno tem sido uma prioridade.
Em geral os preços por aqui são mais baixos que em Portugal, mas a própria economia é mais fraca, portanto são preços que me parecem ajustados (um café pode custar 25 cêntimos, por exemplo). A excepção são os produtos mais internacionais (por exemplo tecnologia) onde os preços são mais ou menos os mesmo que os praticados em Portugal.
O clima aqui é mais extremo. Mais calor no Verão, mais frio no Inverno. O engraçado é que o que mais me tem incomodado é mesmo o calor no Inverno, dado que como eles têm climatização de casa generalizado, por vezes o calor utilizado para combater o frio acaba por ser muito intenso para mim.
Outra experiência interessante são os táxis. Em Portugal nunca andei muito de táxi, mas na Roménia são um meio de transporte bastante popular e bastante acessível e têm sido o meu principal meio de transporte. Dito isto, a cultura em redor da sua utilização aqui é muito distinta de Portugal. Dado os valores serem baixos e não haver tarifas mínimas, é bastante comum ter situações com taxistas a cobrarem valores extremamente altos para uma viagem, ou mesmo recusar servir pessoas se acharem que a viagem é demasiado curta.

Ricardo João Querido Marques

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