
Escola trouxe para o concelho a inovação nos modelos pedagógicos, com a integração dos 1.º, 2.º e 3.º ciclos, sendo ainda motor de transformação social
A Escola Básica (Integrada) de Santo Onofre está a celebrar o 30.º aniversário. Tendo aberto portas no final de setembro de 1993, soprou as velas a 7 de dezembro, com momentos de dança, música e poesia. Presente esteve também a presidente da Comissão Instaladora da escola, Fernanda Caridade, a quem foi feita uma pequena homenagem.
A sala do clube da Matemática acolheu a cerimónia, onde atuaram as alunas do Articulado de Dança do 6.º ano, um aluno do 12.º ano, estudante na Academia de Música de Óbidos, e alunos do 1.º ciclo, no âmbito da AEC “Expressão Artística”. No final, os alunos do 6.º D recitaram um poema original acerca da sua escola. Mas a festa não terminou sem cantar os parabéns à aniversariante, na biblioteca escolar.
No átrio, é possível observar a exposição alusiva aos 30 anos da escola, com artigos da imprensa local e fotografias de momentos marcantes da sua história.
Fernanda Caridade recordou o “sonho” de construir uma “escola moderna” que a moveu, que fosse um motor de transformação da sociedade e em particular do Bairro das Morenas. “Quis montar uma escola diferente, diferente da escola a que estava habituada, porque eu vinha da D. João II, que era uma escola tradicional. E eu ia montar uma escola nova!… Tive a sorte de virem para cá professores extraordinários, que conseguiram entender aquilo que nós pretendíamos para esta escola. “E sinto-me emocionada ao ver” que, passados 30 anos, período em que só voltou à escola para ir buscar os dois netos, “esta escola continua a ser aquela com que sonhei”, contou, feliz por ainda reencontrar rostos do seu tempo.
“Nós transformámos a sociedade que estava ao nosso redor, aquelas crianças, com os seus problemas, e tínhamos a capacidade de ir ter com elas, de as ajudar, enquanto pais, enquanto educadores, e tantas vezes isso aconteceu!…”, recordou ainda, mencionando também, entre risos, a “admiração” que sentiu, nos primeiros tempos, quando os pais iam levar os filhos à escola de roupa de noite. “Até tivemos de ensinar essas pessoas como vir acompanhar os seus filhos.” Mas não pôde esquecer os “funcionários maravilhosos, que tanto davam às crianças, desde o banho aos pequenos-almoços, o tratarem delas quando estavam doentes, nós nem tínhamos preocupações, porque elas resolviam tudo, era realmente uma família. A família que às vezes faltava em casa, e as crianças encontravam aqui”.

Escola está cheia
Atualmente, a escola tem “quase 900 alunos” e as turmas estão “sem qualquer vaga disponível”, partilhou João Silva, diretor do Agrupamento de Escolas Raul Proença, ao qual a EB de Santo Onofre pertence há 10 anos. “Temos feito coisas para a escola estar mais acolhedora” e para “ter uma imagem de maior atualidade e qualidade”, porque “achamos que isso se projeta nos alunos e conduz a um maior sucesso escolar”, explicou à Gazeta. Nomeadamente, as recentes obras de recuperação da escola, no valor de 60 mil euros, patrocinadas pela Câmara das Caldas, no âmbito do quadro da transferência de competências do Ministério para a autarquia. As obras incluíram a pintura das paredes exteriores, substituição dos estores velhos por estores térmicos, recuperação do Espaço+, valorização dos laboratórios de ciências e pintura de várias salas de aulas. “Este trabalho em conjunto com a autarquia, em que esta transfere as verbas para nós, permite uma resolução mais célere dos problemas”, graças ao qual se pôde “requalificar a EBI”, frisou.
A escola vai abrir, ainda este ano letivo, um Laboratório de Educação Digital (LED), estando a aguardar a receção dos equipamentos por parte do Ministério da Educação. Também na Escola Raul Proença abrirão duas salas destas. No início do ano, nasceu ainda o Clube de Ciência Viva, que se veio juntar ao Clube da Matemática e ao Parlamento dos Jovens. A escola oferece articulado de dança em parceria com a Escola Vocacional de Dança das Caldas, e de música, com o Conservatório de Música das Caldas e com a Academia de Música de Óbidos.
A nível do desporto escolar, a escola vai receber do Ministério 30 bicicletas que se destinam ao projeto Desporto Escolar sobre Rodas e, em particular, aos alunos do 1.º e 2.º ciclos. A esta atividade junta-se o boccia, para crianças com grande comprometimento motor, o voleibol, badminton e canoagem.
A escola também tem desenvolvido a Horta do Onofre, com a colaboração de pais, na qual está a ser criado um lago e cultivadas espécies autóctones, atendendo à reciclagem.
Num panorama nacional em que, segundo as estimativas recentemente divulgadas pela Federação Nacional dos Professores, ainda há mais de 32 mil alunos sem, pelo menos, um professor, na EBI, não há turmas sem professor(es), e estando a média de idades dos docentes situada nos 55 anos. Contudo, a escola tem “recebido vários professores novos, mas raramente abaixo dos 30 anos”.
As celebrações do aniversário continuam no segundo período, com uma tertúlia com o professor Rui Correia. ■