O largo João de Deus, considerado o “berço” das Caldas, foi o local escolhido para as comemorações dos 91 anos da sua elevação a cidade. Na cerimónia, que decorreu na manhã de 26 de Agosto, foi apresentado um pequeno livro, com histórias partilhadas pelos moradores, e os músicos Orlando Trindade, Joaquim António (Quitó) e Pedro Caldeira Cabral, partilharam um momento musical.
As comemorações incluíram ainda uma visita pela Mata Rainha D. Leonor, com passagem pelos chafarizes recuperados e pelo jardim da rainha. No próximo ano a cerimónia será realizada na freguesia de Santo Onofre.

Meia dúzia de residentes no Largo João de Deus juntaram-se e partilharam histórias. O resultado é o livro Conversas com História apresentado no passado domingo, no próprio Largo, e que assinala os 91 anos da elevação das Caldas da Rainha a cidade. A obra, que resulta de uma cooperação entre a União de Freguesias de Nossa Sra do Pópulo, Coto e S. Gregório e o Centro de Recursos Comunitários da Santa Casa da Misericórdia, fala da origem do bairro, dos seus moradores, do antigo Hotel Madrid, de personalidades ilustres que por ali passaram e de curiosidades sobre a zona.
O autarca Vítor Marques destacou que o livro agora apresentado (e oferecido a todos os presentes na cerimónia) não está acabado. “Tem um formato que permite acrescentar folhas e o objectivo é que se continuem a acrescentar histórias e que sejam os moradores a fazê-lo”, explicou.
Com a realização do evento no coração da cidade, a Junta de Freguesia pretendeu juntar antigos e novos moradores “que têm ganho o gosto de serem moradores deste bairro”, lembrando algumas iniciativas já ali desenvolvidas como a celebração dos Santos Populares e do Dia dos Vizinhos.
Vítor Marques informou ainda que a junta de freguesia já solicitou a cedência da capela do Espirito Santo e que pretende criar, juntamente com um antigo morador – Américo Barros – um presépio no local. “É um espaço que também pode ajudar a que haja movimentos da cidade para esta zona e dar-lhe uma vivência diferente”, disse o autarca de base, que convidou todos os presentes a contribuir na dinamização da zona.
MEMÓRIOS PARA OS VINDOUROS
Também presente na cerimónia, o presidente da Assembleia Municipal, Lalanda Ribeiro, lembrou que ali passou bons momentos da sua infância e juventude, juntamente com Mário Tavares, seu companheiro de brincadeiras. E disse que já tinha lido “avidamente” o livro logo que o recebeu.
Lalanda Ribeiro explicou que a parceria entre a junta de freguesia e a Misericórdia já existe há algum tempo e que, nesse âmbito, também já foi publicado um livro semelhante para o Bairro de S. Cristóvão. “São memórias que ficam para os vindouros”, disse, destacando que publicação tem por finalidade criar o sentimento de pertença aos bairros e também à cidade.
Lalanda Ribeiro lembrou ainda que a elevação das Caldas a cidade foi fruto do trabalho de muitos caldenses, que desenvolveram diversas actividades, como as feiras que tiveram como momento alto a exposição de 1927.
As comemorações da elevação das Caldas a cidade são realizadas, alternadamente, pelas juntas de freguesia urbanas. O ano passado a cerimónia decorreu no Largo da Ponte, no Bairro da Ponte.
O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, disse que estão em curso projectos para requalificação do espaço público em várias zonas da cidade, “com a expectativa de que depois os particulares nos acompanhem na recuperação das suas casas e que toda a comunidade tenha espaços de urbanismo de qualidade”.
Os “trovadores” Orlando Trindade, Joaquim António e Pedro Caldeira Cabral presentearam os participantes a música da guitarra, mas também das ocarinas, um instrumento importante nas Caldas, não só pela sua tradição cerâmica mas também porque houve uma banda constituída por trabalhadores da Fábrica Bordalo Pinheiro.
“Os espaços são menos vandalizados quando são mais usufruídos”

A visita pela Mata Rainha D. Leonor começou com uma paragem no Jardim da Rainha, composto maioritariamente por canteiros de plantas aromáticas. Vítor Marques convidou as pessoas a utilizar mais aquele espaço, até como forma de dissuadir actos de vandalismo, como o arranque de plantas ou pinturas nos muros. “Temos vindo a sentir que os espaços são menos vandalizados quando são mais usufruídos”, explicou o autarca.
A junta de freguesia requalificou o parque de merendas e dois chafarizes. Um deles estava bastante danificado, inclusivamente os azulejos antigos de Bordalo Pinheiro. A junta de freguesia desafiou então a fábrica de faianças a substituir os azulejos deteriorados por outros iguais, tal como testemunhou o funcionário da fábrica de faianças, Vítor Formiga, que trabalhou na criação das peças.
O outro chafariz, também com azulejos da fábrica Bordalo Pinheiro, foi recuperado pelos próprios funcionários da junta de freguesia e disponibiliza água potável.
A visita incluiu ainda uma passagem pela Terra do Mendes, o espaço onde é feita a compostagem dos resíduos resultantes da manutenção do Parque e da Mata. Trata-se de um trabalho desenvolvido pela equipa do CEERDL, em conjunto com os funcionários da junta, e cujo substrato está a ser utilizado em espaços públicos do concelho. Nos próximos dois meses haverá sessões nas juntas de freguesia, em conjunto com a Valorsul, para sensibilizar a população para a compostagem.
A junta de freguesia prevê agora intervir no telhado do telheiro existente junto ao aqueduto que liga ao Chafariz das 5 Bicas, e ainda colocar bancos e uma pérgula no local. Um espaço existente na Mata será aproveitado para criar um tabuleiro de jogos tradicionais e iniciado um projecto de reflorestação.
A união de freguesias, no âmbito do protocolo estabelecido com a autarquia, conta com uma verba de 200 mil euros para a gestão do Parque e Mata. Um valor mais baixo do que era gasto pelo Centro Hospitalar do Oeste (CHO), na manutenção daqueles espaços, que era na ordem dos 600 mil euros, informou Vitor Marques.