
O Serviço Social do hospital das Caldas da Rainha promoveu uma exposição de fotografia, que se encontra no refeitório do hospital, onde alerta para este problema, que deve ser denunciado e combatido. Durante esta quinzena a mostra dirige-se essencialmente aos profissionais de saúde, mas o objectivo é que a exposição seja vista noutros locais e chegue ao maior número possível de pessoas.
“Quanto mais me bates… mais eu denuncio!”, “Entre marido e mulher… mete-se a colher”, “Bater não é sinal de amor… É violência!!”. Estas são algumas das 49 frases pelas quais médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de radiografia afectos às urgências do hospital das Caldas dão a cara, numa exposição fotográfica contra a violência interpessoal. A iniciativa partiu do Serviço Social daquela instituição, foi exclusivamente dinamizada com a prata da casa e contou com a colaboração da Liga de Amigos do Hospital.
A estagiária de Serviço Social, Helena Sousa, começou a trabalhar a temática e acabou por ser ela também o rosto do cartaz, que mostra as várias formas de violência a que as mulheres estão sujeitas. Já as fotografias foram tiradas pelo técnico de radiologia, Cláudio Moura, e cada uma delas tem uma mensagem a sensibilizar para a denúncia da violência. A escolha recaiu nos profissionais da Urgência porque são eles que estão na primeira linha do contacto com as vítimas de violência doméstica.
Contudo, nem sempre essas situações são logo detectadas naquele serviço. Por vezes, acaba por ser depois do paciente estar internado por outro motivo qualquer, ou até numa consulta, que os profissionais percebem que este é vítima também de violência. Nestes casos, são encaminhados para os Serviços Sociais ou Psicologia, onde é feita uma intervenção pluridisciplinar para encaminhar a pessoa a sair dessa situação. “Só num trabalho de equipa é que podemos ajudar a vítima”, explica Fátima Clérigo, coordenadora do Serviço Social nas unidades das Caldas e Peniche, à Gazeta das Caldas.
Os grupos mais vulneráveis são as mulheres, que surgem muitas vezes vítimas de violência física, e também os idosos, que apresentam sobretudo negligência ao nível do mau trato e esquecimento, mas também psicológica.
Também os homens são vítimas de violência. No entanto há mais dificuldade em reconhecerem-se como vítimas. “Quando se assumem, normalmente são muito mais vítimas ao nível da violência psicológica”, concretiza a assistente social Helena Mendes.
Foi também feita uma acção de formação, a 15 de Novembro, pelo Gabinete de Apoio à Vitima de Violência Doméstica e dirigida aos profissionais do hospital, com o objectivo de lhes dar mais ferramentas para diagnosticar e sinalizar situações de violência interpessoal, sobretudo ao nível dos adultos e idosos. Isto porque as crianças e jovens até aos 18 anos estão mais salvaguardadas.
Ana Simão, coordenadora do Núcleo Hospitalar de Apoio a Crianças e Jovens em Risco do CHO, referiu que já aconteceu as mulheres, quando vão ter bebé, levarem consigo também o filho mais velho por não terem confiança no companheiro. As crianças acabam por ficar internadas para ficarem seguras. A responsável destaca que é importante que as vítimas possam perceber que uma vinda às urgências ou à consulta pode ser o local para denunciar uma situação que estão a viver já há muito tempo.
A exposição “Luzes, Camera, Acção”, estará em exposição no refeitório do CHO durante a segunda quinzena de Novembro e o objectivo é que depois possa ser estendida a outros locais. “Queremos dar visibilidade a este trabalho nas nossas salas de espera, onde a mensagem possa ser mais vista”, conclui Filomena Cabeça, do Conselho de Administração do CHO.
Gabinete de apoio à vitima já atendeu 60 pessoas este ano
O Gabinete de Atendimento à Vítima de Violência Doméstica (GAVVD), este ano já efectuou 60 novos atendimentos a vítimas de violência doméstica, a sua maioria mulheres e idosas vítimas dos filhos.
O GAVVD encontra-se a funcionar desde Dezembro de 2014 e está sediado nos serviços de Acção Social da autarquia. Anualmente tem registado um aumento na procura de apoio, tendo em conta o crescente conhecimento da sua existência. Constituído por uma equipa multidisciplinar de Apoio Social, Acompanhamento Psicológico e Aconselhamento Jurídico, este gabinete trabalha com as vítimas, em articulação com a Direção Geral de Reinserção Social, IEFP, Segurança Social, Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, estabelecimentos de ensino, Cruz Vermelha Portuguesa e juntas de freguesia.
Ao longo deste período de funcionamento tem também dinamizado acções de sensibilização e formações nas escolas e em diversas instituições na cidade. Algumas datas como o Dia Internacional da Mulher, Dia Municipal para a Igualdade e Dia Internacional contra a Violência contra as Mulheres têm sido assinaladas através de acções de rua.