Lista recusada ameaça impugnar eleições no Montepio Rainha D. Leonor

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montepio-cópiaAs eleições para o Montepio Rainha D. Leonor, que se realizam hoje, estão longe de ser pacíficas, apesar de não haver uma segunda lista por esta ter sido recusada devido a irregularidades processuais (falta de pagamento de quotas dos seus elementos).
Os ex-candidatos ameaçam agora impugnar as eleições porque o presidente da Assembleia Geral, Carlos Aurélio da Silva Marques dos Santos, é também administrador da CEDIMA, uma empresa que tem relações directas com o Montepio, funcionando, inclusivamente, no próprio edifício da instituição.
Numa carta entregue aos corpos gerentes, é referido que o desempenho dessas funções em simultâneo viola os estatutos do Montepio Rainha D. Leonor que, por sua vez, determinam a nulidade da lista apresentada.
Perante o exposto, “consideramos que é dever dos actuais responsáveis do Montepio Rainha D. Leonor decretar a nulidade da lista apresentada pelo conselho de administração e, como consequência, que as eleições a realizar no próximo dia 19 de Dezembro sejam desprovidas de listas”, refere o documento.
À Gazeta das Caldas, Mário Pedro e Filipe Mateus, que pretendiam candidatar-se, respectivamente, a presidente e a primeiro vogal do conselho de administração do Montepio, disseram que irão impugnar as eleições de hoje se estas se realizarem.
“Já que foram tão rigorosos com o cumprimento dos estatutos na não aceitação da nossa lista, queremos que usem de igual rigor também com a lista deles”, disseram.
Mário Pedro e Filipe Mateus contaram que pediram para pagar as quotas em atraso dos candidatos da sua lista, mas que tal lhes foi recusado, com o argumento de que isso iria contra os estatutos. Um argumento que não contestam. Mas perante tal “rigidez”, dizem agora que também não podem ser flexíveis. “O nosso ponto de vista é que os estatutos têm de ser aplicados às duas listas e não apenas a uma”, diz Filipe Mateus. Daí a intenção de avançar com um processo de impugnação na esfera judicial caso as eleições se realizem.

“IRREGULARIDADE JÁ NÃO EXISTE”

Mas a verdade é que as eleições vão mesmo realizar-se. José Luís Pereira Ferreira, presidente do Conselho de Administração do Montepio, confirma para hoje o acto eleitoral e desvaloriza a carta dos seus opositores.
“Nem sequer está assinada. Sei quem a entregou, mas não sei quem a subscreve”, disse à Gazeta das Caldas.
Quanto à alegada irregularidade, diz que esta “não tem fundamento” e que, em todo o caso, já tinha sido sanada ainda antes da apresentação da lista de continuidade. “A ter havido alguma irregularidade, esta já deixou de existir”, disse, embora sem explicar de que forma.
A lista que será sufragada tem praticamente os mesmos elementos que hoje estão em funções nos órgãos sociais do Montepio.
Em 150 anos de história, esta instituição caldense nunca teve mais do que uma lista a disputar os votos dos associados. Também não a terá hoje, mas é inédito que haja uma luta pela tomada do poder.
Por forma a saírem do anonimato, Mário Pedro deu à Gazeta das Caldas todos os nomes da lista opositora, que publicamos na íntegra (ver caixa).

MENOS RECEITAS E MAIS PREJUÍZOS

Mário Pedro e Filipe Mateus, ambos financeiros, dizem que começa a ser dramática a situação do Montepio, que teve prejuízos de 40.531 euros em 2012 e de 186.500 euros em 2013. O grosso deste agravamento é explicado por uma redução dos serviços prestados em quase meio milhão de euros, enquanto a estrutura de custos se manteve inalterável.
“Em Torres Vedras também há um hospital público, mas há dois hospitais privados e ambos dão lucro. Porque é que nas Caldas dá prejuízo?”, pergunta Mário Pedro, afirmando que no Montepio todas as valências médicas dão prejuízo e que o único negócio que dá lucro é o parque de estacionamento.
Filipe Mateus diz ainda que uma análise às contas da instituição revela que, se se expurgar o efeito do negócio do condomínio residencial, os prejuízos operacionais do Montepio seriam ainda maiores.

Carlos Cipriano
cc@gazetadascaldas.pt