“O povo alemão é um povo triste e pouco dado às outras pessoas”

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emigrante

João Lopes
Caldas da Rainha
20 anos
Plettenberg, Nordrhein-westfalen, Alemanha
Operário fabril
Percurso Escolar: Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro

 

O que mais gosta do país onde vive?
Não sei se posso dizer que é uma das coisas que mais gosto, mas, no meu ponto de vista, o que mais me motivou a vir para este país foi a oferta de emprego que é muito vasta para quem queira trabalhar e não tenha medo de fazer qualquer coisa. Uma das coisas que mais me fascina é a diversidade cultural aqui presente. Posso dar como exemplo que na secção onde trabalho, somos 15 pessoas (seis alemães, quatro gregos, uma italiana, um turco, uma romena, um tunisino e eu)

O que menos aprecia?
Bem, das coisas que menos aprecio posso enumerar algumas, como a falta de cor no país, conhecido pelo país cinzento; o tempo que é muito instável; a gastronomia – tem pouca oferta e os produtos não são de tão boa qualidade como os nossos, visto que se trata dum país onde a maior parte dos frutos e legumes são importados. Falta, por exemplo, o peixe fresco.
Outra coisa que não aprecio, e que até os que moram cá também concordam, é que, em geral, o povo alemão é um povo triste e pouco dado às outras pessoas, pouco simpático.

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De que é que tem mais saudades de Portugal?
Do que sinto mais falta é, naturalmente, da minha família e dos amigos. E sinto a falta da alegria do povo português, da simpatia.
Faz-me falta o Mar e o Verde que o nosso país tem; a gastronomia típica portuguesa, e os alimentos (fruta, legumes e peixe) frescos.

A sua vida vai continuar por aí ou espera regressar?
Questão difícil de responder. Por um lado quero voltar, claro, pois sinto falta do meu país, que pode ter muita coisa menos agradável mas que tem tudo de bom. Mas por outro lado, penso em ficar porque tenho 20 anos, tenho que aproveitar as oportunidades que surgem e aqui vou tendo. Em Portugal não há trabalho certo e sem trabalho não há dinheiro e sem dinheiro é difícil viver.
Se tivesse uma proposta de emprego, minimamente certa e fiável é claro que não pensava duas vezes e regressava.

“Vim à procura de um futuro melhor como muitos portugueses fazem pelo mundo fora”

Estou na Alemanha desde o início de Fevereiro. Vim à procura de trabalho, de um futuro melhor como muitos portugueses fazem pelo mundo fora.
Arranjei logo trabalho passado um mês, por uma empresa temporária, numa fábrica de pistolas de bombas de gasolina – Elaflex  Hiby -onde tenho contrato até ao final do ano. Estou na parte da montagem final das peças e encho-me de orgulho cada vez que faço encomendas para o meu país. Gosto do que faço, adaptei-me rápido mesmo sabendo pouco ou nada da língua, mas aqui as pessoas falam muito com gestos e ajuda a aprender também a língua.
Aqui há uma óptima rede de transportes públicos, mesmo sendo uma cidade pequena, e uso o autocarro para me deslocar – são cerca de seis quilómetros até ao trabalho.
Os tempos livres, sendo sincero, são ocupados a matar saudades de casa e também jogo numa das equipas de futebol locais – TUS Plettenberg.
Ao fim de semana, quando não trabalho ao sábado, gosto sempre de ir aqui a umas cidades perto visitar os centros portugueses.
Relativamente ao custo de vida, cá há coisas mais caras, como seguros de carro, alojamento, e “maus vícios” (tabaco e álcool). A maior parte dos bens necessários é praticamente o mesmo preço que em Portugal (alguns chegam a ser mais baratos). O peixe, que só é fresco porque vem congelado, é caro. Uma posta de salmão, para uma refeição, chega a custar 12 euros.
É um país que acolhe muita gente de fora, principalmente Turquia, Albânia, Roménia e Tunísia.

João Manuel Martins Lopes

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