Alliance Française
Enfermeira da Benedita aprendeu na Alliance para poder trabalhar em hospital de Nimes
Rita Belo tem 29 anos e é da Benedita. Na sua terra natal estudou até ao secundário e depois foi para Leiria onde obteve o seu curso de enfermagem. Estagiou nas Caldas, no hospital e no Centro de Saúde e depois decidiu emigrar em 2012.
Antes de ter viajado para terra gaulesas tirou um curso intensivo de francês na Alliance Française. O seu namorado, também enfermeiro, fez o mesmo percurso e agora vivem e trabalham em Nimes no sul da França. Primeiro ainda equacionaram ir para Inglaterra e depois Suíça, mas agora adaptaram-se à Cote D’Azur, que é um pouco como o Algarve para os franceses.
Em 2012, a beneditense começou por trabalhar num hospital privado e agora está no público. Como esteve de férias em Portugal, deu um salto à Alliance das Caldas da Rainha para conversar um pouco sobre a sua experiência no estrangeiro.
Rita Belo disse à Gazeta da Caldas que esta aprendizagem intensiva “foi fundamental para poder estar mais à vontade” no país onde vive e no seu próprio trabalho.
Na Alliance das Caldas da Rainha, além das aulas da língua, a escola ajudou-os na conversação telefónica e também na preparação de entrevistas. A jovem disse à Gazeta das Caldas que tinha as bases da língua dadas pelos cinco anos da escola, mas que tal não era suficiente porque, ao contrário do inglês com o qual se contacta todos os dias, o francês, se não for praticado, esquece-se facilmente.
Agora está num centro hospitalar público onde trabalha nos serviços de convalescença e de reabilitação, sobretudo com idosos. E já é estagiária do serviço público francês. “Quis experimentar o público para conhecer as diferenças”, disse Rita Belo, acrescentando que só quando chegou a França e começou a sua vida profissional é que “comecei a viver“. Ou seja, sentiu pela primeira vez que vivia com um relativo “bem estar económico”. Agora, diz, “tenho uma vida que não conseguiria ter em Portugal”.
Além do trabalho, a enfermeira valoriza aspectos como a formação e a progressão na carreira, que agora tem e que não tinha no seu país. Em França trabalha com outros enfermeiros portugueses e outros profissionais oriundos dos Camarões, Argélia e Marrocos.
Sabe ainda que há enfermeiros portugueses na zona a trabalhar no Hospital Universitário e também em Lares Medicalizados onde, diz, “continuam a faltar muitos enfermeiros”.
Rita Belo ganha o dobro do salário do que auferiria em Portugal e conta que, em relação aos bens essenciais, em Nimes “pago o mesmo que em Portugal ou um pouco menos”. Já o que não é essencial, como uma ida ao restaurante, ao cabeleireiro, ou ao cinema, “custa o dobro”. A renda da casa, também é algo que duplica.
A aprendizagem do francês que veio reforçar os cinco anos que teve na escola permitem-lhe estar à vontade e fazer a sua vida normalmente. Quando lhe perguntam onde aprendeu, conta que foi na Alliance, “cujo ensino é reconhecido por todo o mundo”, rematou Rita Belo.
Maria do Carmo Brandão, directora da Alliance Française, diz que “temos cada vez mais adultos a procurar os nossos cursos pois pretendem emigrar – são às centenas que ao longo dos últimos anos têm saído do país para fazer as suas vidas noutras paragens”.
Médicos, fisioterapeutas, dentistas, engenheiros, futuras hospedeiras e comissários de bordo têm procurado informações sobre os vários tipos de curso.
“Há lugar para toda a gente no estrangeiro e está muito gente a emigrar para os países francófonos”, disse a directora, contando vários casos de alunos de Alliance com uma hospedeira de bordo que obteve emprego por ter um nível avançado de francês ou de um casal de enfermeiros que acabou por ir viver para a Bélgica.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt