Isabel Costa
23 anos
Caldas da Rainha
Perpignan – França
Estudante
Percurso escolar: EBI 123 de St.Onofre e Escola Secundária Rainha D. Leonor (Lisboa)
Do que mais gosta do país onde vive?
No geral gosto muito da língua, do francês, claro. E do catalão, que também se fala em Perpignan, mas que não sei falar e entendo muito pouco.
Existem muitos sotaques em França e aquele que mais gosto é mesmo o do Sul, em particular o da região que se chama Languedoc-Roussillon.
É difícil falar de França como um todo porque é um país muito grande e com regiões muito diferentes. Aquela onde vivo faz parte da Catalunha francesa. Faz fronteira com Espanha. Perpignan é a última cidade que ainda tem a influência da região. Isso vê-se nos nomes das ruas, por exempo, estão sempre em francês e em catalão.
Estando ligada à área da Cultura, é impossível não falar das oportunidades que existem e do financiamento que os franceses, ainda que sob pressão dos cortes, destinam à Cultura.
A cidade onde moro tem 100.000 habitantes. Tem um teatro, uma cinemateca, um cinema de arte e várias galerias.
O que menos aprecia?
A cidade tem uma separação muito marcada entre os bairros dos franceses e os bairros dos árabes. Digo dos árabes porque é assim mesmo que são chamados. É o chamado “arabe quartier“. A separação é tal que nos foi dito quando chegámos que, depois das 20h00, era perigoso estar perto dessa zona da cidade. Poderíamos ter seguido este conselho, mas se o fizessemos perderíamos aquilo que a cidade tem de melhor.
Aos sábados e domingos de manhã o mercado árabe está cheio de gente, tão cheio que é difícil andar. Ouve-se muita gente a regatear preços em árabe e não devem ser só os preços porque aquele mercado tem à volta muitos cafés onde os homens se reúnem para beber chá de menta e conversar. Por isso acho que devem discutir todo o tipo de negócios, pelo menos é isso que parece.
Esta separação parece que traz para a cidade uma divisão de responsabilidades sobre a cidade. Os franceses esforçam-se para mantê-la cada vez mais francesa, insistindo em construir uma cidade que seja um bom destino de férias para os do Norte do país (grande sustento de grande parte das povoações ali à volta, que têm excelentes praias). E os árabes esforçam-se para continuar a viver no seu bairro e a manter as suas tradições.
Esta convivência tem-se tornado cada vez mais difícil, sobretudo depois do ataque ao Charlie Hedbo que veio reforçar, no geral em toda a França, a xenofobia contra muçulmanos.
Também estes acontecimentos recentes têm-se sentido muito em França. No meu caso, mais na Universidade. Houve durante este semestre várias conversas e palestras, na Universidade, contra o terrorismo, sobre o conflito no Médio Oriente e uma outra, muito interessante, sobre o movimento Je Suis Charlie, organizado em toda a França.
De que é que tem mais saudades de Portugal?
Dos meus sobrinhos e das florestas da pastelaria Machado!
A sua vida vai continuar por aí ou espera regressar?
Sei que depois desta temporada em Perpignan vou ter outra em Toronto onde vou terminar o mestrado.
O regresso a Portugal será de certeza no final do mestrado, ou seja, em Julho de 2016. Mas não sei por quanto tempo…
“Como estudante tenho o “passculture“ que me dá descontos de 50% ou mais no cinema e no teatro“
Vim para Perpignan fazer um intercâmbio de mestrado. O programa é o Erasmus Mundus e chama-se Cruzamento de Narrativas Cuturais.
Perpignan é uma cidade muito pequena e que também não é bonita, então se comparada com outras cidades do Sul, como Toulouse e Montpellier.
Existem muitas praias aqui à volta onde vão passar férias muitas famílias francesas. Ao contrário das outras praias conhecidas no sul de França, Canet Sud, Ceres ou Colliure, são destinos de férias escolhidos pelos franceses que procuram menos confusão e melhores preços.
A cidade tem uma coisa em particular: o vento. No Verão ou no Inverno, Perpignan tem o vento dos Pirinéus.
Relativamente aos preços, é mais caro em tudo menos em cultura. Como estudante tenho o “passculture“ que me dá descontos de 50% ou mais no cinema e no teatro.
As pessoas são muito calorosas ao contrário daquilo que se pensa dos franceses em geral. Os Perpinhanenses são gente do sul!
Isabel Rodrigues da Costa