Serviço de Emergência Rádio disse “pronto”

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Rádio garante as comunicações, nomeadamente em situações de catástrofe

De um hóbi nasceu uma ferramenta útil para a sociedade. O SER quer, agora, passar a ser uma associação

No dia domingo, 31 de outubro, o Serviço de Emergência Rádio (SER) realizou um teste de comunicações aberto à população, que pretendia dar a entender a utilidade destes equipamentos relativamente acessíveis em situações de catástrofe.
“O objetivo passava por sensibilizar a população que seja detentora de equipamentos rádio da Banda PMR (Personal Mobile Radio), que os mesmos podem ser úteis numa situação de catástrofe ou num evento de exceção”, explicou Sérgio Pinheiro à Gazeta das Caldas.
Nesse sentido, neste exercício os utilizadores tinham apenas de ligar o equipamento rádio, sintonizar o canal 8 sem sub-canal e chamar pelo Serviço de Emergência Rádio para estabelecer contacto.
No total, a ação contou com 14 contactos de cidadãos das Caldas, Lourinhã, Alcobaça e Peniche.
“Não esperava que a população estivesse tão aberta a estas questões, porque são pessoas que não estão ligadas a nenhum sistema de proteção civil e, além disso, porque em Portugal há pouca cultura de proteção civil e noção de que o primeiro agente é o próprio cidadão”, analisou Sérgio Pinheiro.
Este caldense foi fundador do Serviço de Emergência Rádio (SER), em 1996, nas Caldas. Tinha 16 anos. Deste hóbi, os fundadores conseguiram criar algo benéfico para a sociedade, o SER, que pretende assegurar as comunicações caso os meios tradicionais não o consigam. É que numa situação de catástrofe, quer pela queda das estruturas físicas que permitem comunicar, quer pelo excesso de utilização, as redes tradicionais correm o risco de colapsar e, aí chegados, esta é uma opção fiável e barata.
Todos os meses, os elemento do SER fazem um exercício de 30 minutos, que consiste em colocar elementos em diferentes pontos estratégicos para comunicarem com um posto de comando colocado num sítio alto. “No último exercício conseguimos colocar, em apenas sete minutos, um elemento do Serviço de Emergência Rádio à porta de cada agente de proteção civil”, explicou.
Ao longo do tempo, num trabalho discreto, o Serviço de Emergência Rádio já conseguiu, por exemplo, prestar apoio quando a passagem do furacão Leslie deixou a zona da Figueira da Foz sem comunicações ou quando um terramoto afetou os Açores e foram os primeiros a contatar o Faial, mas também quando houve os incêndios florestais e o serviço tinha um elemento ativo em Monchique.
Estes homens, que são “muitas vezes vistos como os maluquinhos que montam antenas sem uso nenhum nos telhados” e que ouvem piadas como, por exemplo, se as antenas são para falar para Marte, provaram, ainda assim, a utilidade destes aparelhos baratos numa situação de emergência.
“Basta que duas pessoas tenham um rádio e conseguem estabelecer comunicação”, nota o caldense. Neste caso, funcionam com alcances curtos, sendo a comunicação a nível nacional assegurada através da replicação de mensagens. Ou seja, das Caldas envia-se a comunicação para Alcobaça e daí replica-se a mensagem para Leiria e assim sucessivamente.
Este é um ano de viragem para o Serviço de Emergência Rádio. Cerca de um quarto de século depois da fundação, o SER pretende agora passar a ser uma associação de âmbito nacional, com um total de 146 unidades de Norte a Sul do país e nas ilhas (e também nalguns pontos no estrangeiro). A associação ficará sediada nas Caldas.
“É importante referir que não substituímos os bombeiros, não substituímos a proteção civil ou a polícia. Não substituímos ninguém, nós somos um apoio, caso necessário, e somos uma ajuda a fazer a ponte entre as entidades e a população”, conclui Sérgio Pinheiro ■

Serviço de Emergência Rádio (SER) foi criado em 1996, nas Caldas da Rainha
Projeto ambiciona vir a tornar-se
numa associação de âmbito nacional