Sindicato insiste que faltam enfermeiros no CHO

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DSC_0052O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, cujos representantes da delegação de Leiria reuniram a 22 de Maio com a administração do Centro Hospitalar do Oeste, continua a afirmar que existe falta de enfermeiros naquela entidade que reúne os hospitais das Caldas, Peniche e Torres Vedras.
Opinião diferente tem o CA do CHO que, em resposta à Gazeta das Caldas, afirmou que “uma vez mais vimos esclarecer que o número de profissionais de enfermagem da instituição é o adequado para garantir a qualidade e a segurança na prestação de cuidados de saúde aos utentes”.
Na sequência do encontro, que durou mais de três horas, o SEP emitiu um comunicado em que refere que “apesar dos vários problemas e indicadores que demonstram que um dos problemas do CHO é a carência de enfermeiros, o CA entende que tem o mapa de pessoal adequado, 530 enfermeiros, ao qual acrescem mais quatro, que segundo o Dr. Carlos Sá, permanecem como ‘benesse’ para permitir o pagamento dos dias em dívida aos enfermeiros e para reforçar a equipa de enfermeiros do Serviço de Medicina do Hospital de Peniche, quando forem abertas as 10 camas”.
No entanto, o sindicato salienta que estão a ser contabilizados 27 enfermeiros com ausências prolongadas e que estão actualmente ausentes do serviço. “Para além deste indicador que demonstra a carência de enfermeiros, o sistema de classificação de doentes aponta para uma carência de 75 enfermeiros, apenas em seis serviços, no Hospital Torres Vedras e de pelo menos 40 nos Hospitais das Caldas da Rainha e Peniche”, refere ainda o comunicado.
O SEP reafirma que o número de enfermeiros existentes no CHO não é suficiente para garantir “dotações seguras e qualidade que se impõe, na prestação de cuidados de enfermagem”. Diz ainda que “à custa da imposição das 40 horas semanais aos enfermeiros, foi possível ao presidente do CA pagar perto de três mil dias [em dívida] aos enfermeiros, e ainda assim, estão por pagar cerca de 1.640 dias, valor com tendência a aumentar”.
A estas afirmações, o CA respondeu que de acordo com o Cálculo da Dotação Segura, baseado na Circular Normativa n.º 1 de 12 de Janeiro de 2006 do Ministério da Saúde, “são necessários 530 enfermeiros para garantir os cuidados de saúde prestados aos utentes do Oeste”.
No entanto, admite que, face ao contexto de férias e de ausências por longa duração, podem existir pontualmente a necessidade de recorrer ao trabalho extraordinário. “Porque a dotação adequada de enfermeiros é um dos aspectos fundamentais na garantia da qualidade e segurança dos cuidados prestados, o CHO mantém, adicionalmente, quatro enfermeiros, por forma a permitir a compensação dos dias de folga em dívida acumulados na unidade de Torres Vedras e a abertura, no futuro, de mais dez camas de internamento na Unidade de Peniche”, refere a resposta do CA à Gazeta das Caldas.
Por outro lado, salienta que a secção regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros, na sequência de uma visita que fez a este serviço, qualificou como “adequada” a dotação de enfermeiros “para os postos de trabalho identificados”.

Mais camas em Peniche só em Setembro

O sindicato denuncia ainda que das medidas apresentadas pelo CA ao Ministério da Saúde, para resolver a situação caótica do Serviço de Urgência do Hospital das Caldas “nenhuma está efectivamente implementada”.
Ao contrário do que tinha sido anunciado, a abertura de dez camas em Peniche só será possível Setembro. “Mantém-se a demora média de internamento no SU em 4,6 dias”, dizem os sindicalistas e “continua a saga do internamento de doentes em macas nos serviços, sem reforço das equipas de enfermagens”. Para o SEP, trata-se de “uma clara exploração dos enfermeiros”.
Segundo o comunicado, tendo em conta os instrumentos que hoje existem para calcular as necessidades de enfermeiros em função das necessidades dos doentes em cuidados de saúde, “é inadmissível que o Presidente do CA continue a falar simplesmente em rácio de enfermeiro/número de camas”.
Em relação a estas acusações, o CA voltou a referir as soluções apresentadas para resolver os problemas do serviço de urgência, referindo que já começaram a transferir, quando necessário, utentes do SU para os serviços de internamento com vagas disponíveis e que foi feita a requalificação de uma área junto ao SU com cinco camas para acolher utentes.
Quanto ao aumento de dez camas no Hospital de Peniche para internamento de utentes e a reorganização do processo de gestão de altas encontram-se em “fase de implementação”.
O CHO continua à espera de uma resposta da tutela relativamente ao projecto apresentado para alargamento da área útil do Serviço de Observação (SO) e alteração no circuito interno dos utentes.
O conselho de administração regozija-se com as medidas já tomadas, por resultarem “num importante ganho em saúde para os utentes”, e lamenta que o SEP  “numa lógica meramente sindical, procure implementar a sua estratégia de reivindicação, através da criação de alarme social junto das populações”.

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt