Street Food Festival levou milhares de pessoas à Avenida 1º de Maio

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Gazeta das Caldas
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troca copyEntre os dias 11 e 13 de Dezembro, a Avenida 1º de Maio ganhou vida com a chegada dos restaurantes ambulantes ao Street Food Festival das Caldas da Rainha. Ao todo, 18 veículos, entre motas piaggios, street trucks, atrelados e os Volkswagem “pães-de-forma”, decorados com um design vintage que os distingue imediatamente das tradicionais roulottes. Não vendem apenas cachorros: também há burritos, tapas, sandes, batidos, hambúrgueres e tacos, numa viagem gastronómica a vários sabores do mundo.
Ao longo dos três dias, os vendedores estiveram acompanhados por músicos e pelos comerciantes que aderiram a mais um mercado CRIA. Passaram pelo certame cerca de 10 mil pessoas e venderam-se mais de 8500 produtos, segundo dados da organização (Câmara das Caldas e Associação Portuguesa de Street Food).

São 20h00 e a Gazeta das Caldas vai à procura do que jantar. Entre tanta oferta, torna-se difícil escolher. Passamos pelo café A Brasileira, que trouxe a réplica da estátua de Fernando Pessoa, pela tasca que vende tábuas de queijo e vinho quente, pelo senhor dos burritos… até que encontramos Maria Limão. Mesmo a calhar, pois procurávamos uma bebida fresca.
Aqui, nesta piaggio verde-água, Mónica Caridade vende a tradicional limonada, mas também de gengibre e menta, maracujá, morango e frutos vermelhos. “A ideia já vinha desde os tempos da faculdade, e em Junho decidimos entrar nesta aventura. Hoje, com um posto fixo no miradouro da Senhora do Monte [Lisboa] já temos clientes habituais”, conta a jovem empresária.
De limonada na mão, falta-nos o prato principal. A carrinha de Filipe Pereira, maior que a maioria das viaturas, chama-nos especial atenção. Na verdade, quase nos esquecemos que se trata de um food truck porque a decoração interior – um papel de parede azul e branco – transporta-nos para uma verdadeira cozinha. “Queremos que o cliente se sinta em casa e que veja o processo de confecção”, diz Filipe Pereira, enquanto prepara uma sandes de plumas de porco preto e queijo parmesão. Neste primeiro dia, a Pão com Segredos (natural do Porto) já esgotou o stock para os três dias do festival. “Estamos muito entusiasmados, as expectativas foram superadas, a organização está excelente e o comércio local acolheu-nos muito bem”, comenta o proprietário.
Hora da sobremesa. As bolas de berlim de Raul Piedade e Ruben Santos, da marca Sr. Joaquim, parecem uma boa opção. Há sabores para todos os gostos: doce de ovos, chocolate, frutos vermelhos, doce de leite e maçã com canela.
Foi depois de uma viagem aos Países Baixos que os dois jovens decidiram apostar no street food. “Achámos que Portugal podia adoptar a tendência que vimos no estrangeiro, mas não tínhamos dinheiro para investir num food truck”, explica Raul Piedade, que optou por transformar uma clássica pasteleira num rústico triciclo em madeira. Só entre sexta-feira e sábado, Raul Piedade vendeu mais de 500 bolas de berlim.

“Fiquei desempregada e tive que dar a volta”

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A ideia da primeira edição do Street Food Festival partiu de Maria João Botas, que há bem pouco tempo encontrou no street food uma segunda oportunidade, depois de ter ficado desempregada. “Sempre quis abrir um negócio, o street food pareceu-me ideal porque está sempre em movimento e eu não gosto de estar parada. Além disso, adoro cozinhar”, revela a caldense, que acabou por criar a marca Miss Vinagretta, projecto vencedor do concurso Rede Oeste Empreendedor este ano.
Na sua piaggio, Maria João terá à venda pequenas sandes saudáveis – em Espanha, chamam-se montaditos – com temperos argentinos, cubanos e portugueses. Sendo designer de formação, foi Maria João quem desenhou o veículo amarelo mostarda, que será decorado com as andorinhas e os nenúfares de Bordalo.
À semelhança de 60% das viaturas presentes neste festival, também a piaggio de Maria João foi transformada na Kiosk Street Food, empresa pioneira em adaptação de veículos para street food. “Em 2010 vendi apenas um carro, este ano já são mais de 150”, adianta Luís Rato, o proprietário e também presidente da Associação Portuguesa de Street Food, criada em Maio. Hoje, contabiliza 40 associados. “Queremos proteger os vendedores e, com todo o respeito, não misturar este sector com a tradicional venda ambulante”, salienta o responsável, que acrescenta: “este é um negócio de curiosos e de marcas que se querem promover de uma forma original”.
Para arrancar com um veículo de street food são necessários entre 10.000 a 50 mil euros, alguma paciência para a burocracia que existe ao nível das autarquias (para a obtenção de licenciamentos) e ter resistência à chuva e ao vento – que podem arruinar um dia de vendas. Requisitos preenchidos, e está pronto a fazer-se à estrada.

DSCN7834 copyChakall deu aula de cozinha
O conhecido chef argentino que vive na Lourinhã veio até às Caldas da Rainha cozinhar um prato de street food que fez jus às suas origens. Tendo viajado por mais de cem países, Chakall afirma que “o street food está mais desenvolvido nos países pobres, onde há menos condições para montar um negócio próprio”. Curiosamente, também o chef já se aventurou pela comida de rua, no programa “Chakall e Pulga”, que teve transmissão na Sic Mulher. O objectivo era percorrer o país de norte a sul com uma piaggio e a sua cadela de estimação.
Outro dos convidados do evento foi o jovem João Batista, de 23 anos, que apresentou o livro “Street Food & Food Trucks”, o primeiro livro de investigação sobre o sector do street food em Portugal.

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