Andreia Caldas Pereira
Caldas da Rainha
22 anos
Newark – Estados Unidos da América
Educadora de infância
Percurso escolar: Escola Primária da Encosta do Sol, EB D. João II, Colégio Rainha D. Leonor, Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro.
O que mais gosta do país onde vive?
As oportunidades de trabalho e o poder de compra.
O que menos aprecia?
Algumas leis e regras, umas muito sofisticadas, outras muito aquém na evolução dos dias de hoje.
E as praias, que para além de serem pagas, ficam a quilómetros de distância e não se comparam às nossas.
De que é que tem mais saudades de Portugal?
Na verdade um pouco de tudo. Em primeiro lugar, da minha família, sobretudo dos meus avós, que são as pessoas com quem sempre tive uma ligação muito forte, e também dos meus amigos. Outra das coisas que me faz muita falta é a praia – tenho saudades de poder ver o mar sempre que me apetece.
A sua vida vai continuar por aí ou espera regressar?
Por agora vou continuar por cá pois estou feliz com o meu trabalho! Mas nunca ficará de lado a hipótese de voltar.
“Em Newark existe uma grande diversidade cultural, da qual a cultura brasileira e hispânica é a predominante”
Em Março de 2013 emigrei devido à situação económica do nosso país, e junto de mim tenho o meu pai, a minha mãe, irmã e o meu namorado. Sinto-me muito privilegiada pois são poucas as famílias que se encontram juntas nestas circunstâncias.
E como uma mudança de país tem as suas consequências, assim que aterrei em Newark, senti um grande impacto: moradias e edifícios à base de cinzentos, todos empilhados e sem espaços verdes. Os estabelecimentos comerciais existem por todo o lado e em qualquer lugar. Como exemplo disso temos garagens e caves que são recuperadas e aproveitadas para esses mesmos negócios. Além disso, existe uma grande diversidade cultural, da qual a cultura brasileira e hispânica é a predominante.
Mas também, por outro lado, quando descobri a quantidade de restaurantes, cafés e estabelecimentos comerciais portugueses existentes, consegui sentir-me em casa.
A nível profissional, as oportunidades são diversas, desde que a pessoa que as procura seja uma pessoa versátil e sem grandes exigências. Eu já passei por três tipos de trabalhos diferentes, mas todos de portugueses: comecei numa pastelaria como empregada de balcão, depois passei para uma ourivesaria como vendedora, e neste momento sou educadora de infância numa creche, na qual estou a ter uma experiência adorável.
A nível de carga horária, os trabalhos duram cerca de 10 a 12 horas por dia e os ordenados são entregues semanalmente ou quinzenalmente. Tudo depende do tipo de trabalho.
O clima é rigoroso. No inverno faz bastante frio, podendo as temperaturas chegar aos -15 (ou até mais frio) e no Verão faz muito calor e humidade, chegando o termómetro a marcar os 40 graus.
Também os preços podem considerar-se relativamente superiores aos de Portugal, sobretudo na alimentação. Mas visto que os ordenados também são superiores, justifica-se.
A minha rotina diária é igual à da maior parte das pessoas que aqui vive: casa-trabalho-casa. O que é certo é que, passado algum tempo, qualquer pessoa acaba por acostumar-se a este modo de vida e a recompensa está no poder de compra, que infelizmente em Portugal se torna mais difícil. Mas confesso que adoro o meu país e agora que estou longe dou-lhe muito mais valor. E como qualquer emigrante, mantenho-o no meu coração e luto todos os dias com a esperança de um dia poder voltar!
Andreia Caldas Pereira