Hugo Graça, 32 anos, é de Lisboa, mas já mora nas Caldas desde 2006, altura em que veio tirar o curso de Design de Cerâmica e Vidro, após ter passado também pela área do Design Gráfico.
Antes de se mudar para os Silos, há dois anos, o autor teve a Caco Studio, um atelier instalado em sua casa onde já dava resposta a trabalhos de cerâmica.
Como estudante, Hugo Graça fez Erasmus na Polónia e quando regressou, em 2011, trabalhou na Loja do Ceramista. Apresentou um projecto relacionado com o aproveitamento de desperdícios e ainda foi o responsável por organizar exposições, individuais e colectivas de ceramistas locais.
“Tive a oportunidade de aprender muito com os meus erros e com os dos outros”, contou o designer, sobre a experiência de três anos naquela empresa caldense.
O estágio profissional foi feito nas Cerâmicas S. Bernardo – Perpétua, Pereira & Almeida em Alcobaça.
“Estive lá três anos e adorei o desafio de fazer grandes peças de cerâmica”, referiu o designer.
Actualmente o designer trabalha na empresa Henriques Duque Lda., que se dedica à impressão digital em azulejos, à representação de imagens em azulejos e às réplica de azulejos antigos.
Hugo Graça gosta de trabalhar nesta empresa caldense e só ao fim do dia é que se desloca aos Silos para 105 Ceramic LAB, onde tanto trabalha com artistas plásticos, como com alunos da ESAD, formandos do Cencal e também para marcas portuguesas e internacionais.
“Já fizémos máscaras para painéis de azulejo para Inglaterra e também já exportámos pequenas séries para clientes do Brasil e da Alemanha”, disse Hugo Graça explicando que tanto pode criar gifts de casamento, peças utilitárias ou de decoração.
Na maioria das vezes, os seus clientes enviam o desenho ou apenas a ideia
“e eu materializo enviando várias amostras para produção”, explicou. Basicamente “faz-se prototipagem real”, acrescentou. Neste atelier produzem-se peças em grés, porcelana e faiança, mas só em pequenas séries. Quando há um cliente que pede acima das 50 unidades, Hugo Graça recorre a serviço externo.
“Tudo o que aqui se faz é trabalho de design”, conta, acrescentando que também produz moldes.
Na 105 Ceramic LAB, há um forno elétrico “que me dá bom rendimento”. E isto porque o responsável faz várias fornadas por semana e coze as peças, dos seus clientes que tanto são artistas, como industriais e alunos.
“Há clientes que trazem o desenho e eu desenvolvo desde o zero até ao produto final”, disse Hugo Graça. O designer trabalha com outros autores como Eneida Tavares, Francisco Correia, Filipe Faleiro ou Moldes Mutantes. Também desenvolve trabalhos de modelação e de desenvolvimento de produto para a marcas nacionais e estrangeiras.
“Somos reconhecidos lá fora”
Para Hugo Graça vive-se actualmente um bom momento relacionado com a cerâmica. “Somos credíveis e estamos bem cotados lá fora no que diz respeito à produção”. Na sua opinião, pesam a qualidade do trabalho e o facto de se poder fazer um acompanhamento mais próximo do trabalho que antes era concessionado aos países do Oriente.
“Vive-se um bom momento, estamos numa fase de expansão”, disse o designer. O responsável gosta do ambiente que se vive nos Silos pois há muito “apoio e interajuda entre quem aqui trabalha”. Hugo Graça também refere que entre estudantes e os novos autores “há vontade de querer experimentar e a cerâmica permite várias opções”.
Para já, o autor vai continuar a providenciar serviços aos seus clientes nacionais e internacionais e a divulgar o seu atelier. Diz que o que funciona melhor “é o passa a palavra”, ao que se junta o Instagram. “Os interessados vão vendo o que vou fazendo pelo o que vou publicando”, afirmou.
O designer, no futuro, quer abrir no seu atelier um espaço de loja, com peças suas e de outros autores ou marcas que desenvolvem as suas obras 105 Ceramic LAB.