Entre quarta-feira e sábado da semana passada (3 a 6 de Julho), o Teatro da Rainha apresentou na zona do Roseiral, no Parque D. Carlos I, a peça A Cidade dos Pássaros (de Bernard Chartreux), naquilo que foi um dos momentos mais altos na ainda recente animação de Verão da cidade.
Com encenação de Fernando Mora Ramos e cenografia de José Serrão, a peça teve a característica de contar com a participação de membros da comunidade caldense que foram actores por quatro dias, destacando-se alguns alunos da Universidade Sénior das Caldas.
Com uma sonoplastia perfeita, a peça, com a duração de duas horas, beneficiou de uma envolvente perfeitamente adequada à sua narrativa, que foram as árvores do Parque. Os pássaros – que foram, obviamente, uma constante ao longo da peça – pareciam que estavam por todo o lado. E os que eram visíveis eram constituídos por um pequeno exército de actores e figurantes que vestiu máscaras de Filipe Feijão – Origami produções, cenografia e audiovisuais, Lda.
Divertida, a peça falava de coisas sérias como a democracia, a ditadura, o Capitalismo, as migrações, os refugiados, os bancos, a xenofobia, a Europa…
Num texto que apresenta A Cidade dos Pássaros, o Teatro da Rainha diz que “Chartreux trabalha a utopia aristofânica que a peça propõe como uma distopia, num primeiro tempo a ficção constrói-se em registo para-militar, uma fortificação – um muro à Trump – generalizada e num segundo tempo declara-se guerra aos imediatamente próximos, humanos e divinos, Mundo e Olimpo. O projecto de Pisteteros – Pisteteropolis – é, finalmente, a ditadura, que passa pela escravização do povo livre dos pássaros, um regime colonial-tirano, que passa pela provocação dos vizinhos, pela imposição de impostos e tributos aos fumos sacrificiais”