Aldeia de Cortém já está a receber residências artísticas do CAU

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Arranca no próximo sábado, 2 de outubro, o projeto Cortém Aldeia Urbana (CAU), com a apresentação das obras de Miguel Ângelo Marques feitas e inspiradas nas histórias e na vida daquela localidade

Miguel Ângelo Marques é um dos artistas que se encontram em residência artística na aldeia da Cortém. Formado em Artes Plásticas pela ESAD, o autor de Guimarães é um dos convidados da primeira edição do CAU – Cortém Aldeia Urbana – projeto que arranca no próximo sábado, 2 de outubro, e vai receber naquela aldeia profissionais de várias áreas das artes e da cultura, até meados de março de 2022.
O artista esteve a trabalhar na própria aldeia desde agosto passado, conhecendo e dando-se a conhecer a quem vive naquela terra. E deixou-se inclusivamente inspirar pela histórias da população para os seus trabalhos.
“Gosto de trabalhar nos sítios e com as suas identidades”, assegura Miguel Ângelo Marques. Um dos temas das suas pinturas é o fogo e, por isso, ouviu a narrativa dos locais sobre um pirómano que vivia em Cortém, procurando entender esse fenómeno.
Além disso, também se interessou pelo percurso de um habitante da aldeia que dará origem a um livro de artista. As yucas, plantas invasoras que invadem jardins da terra, serviram de material artístico para este autor criar instalações e esculturas.
À Gazeta das Caldas, o autor explica que a sua intervenção no CAU decorre há três meses, quando decidiu iniciar a residência artística na aldeia.

Miguel Ângelo inspirou-se em histórias que se passam na aldeia para criar pinturas e esculturas

O projeto CAU vai trazer uma série de artistas que vão expor o seu trabalho em Cortém e também nas Caldas

“É um local com belas paisagens e vários motivos para nos inspirar”, contou o autor que, quando iniciou o seu trabalho, foi várias vezes interpelado pelos locais que quiseram perceber o que fazia ali aquele artista.
A arquiteta caldense Filipa Morgado, mentora do CAU, tem feito a ponte entre autores e a população que, de quando em vez, vão efetivar as suas propostas àquela aldeia.
Miguel Ângelo Marques considera que projetos como o CAU são importantes, pois “é preciso apostar na descentralização” da arte. Em sua opinião, há outros bons exemplos nas Caldas, como o que acontece com o coletivo Osso, cujas iniciativas têm lugar em S. Gregório. As obras deste autor, que se encontra a frequentar mestrado na escola de artes das Caldas, vão ser posteriormente apresentadas na cidade, no Atelier 6, no Centro de Artes.
Da mostra em Cortém, que abre a 2 de outubro, poderão ser apreciadas 30 pinturas, cinco esculturas e seis fotografias de médio formato sobre vários temas da aldeia que inspiraram o artista plástico. Este autor, que expôs na mostra coletiva de alunos da ESAD em Cascais está a preparar trabalhos para apresentar em Tavira e também para o CCC. Apresentará “Uma História de violência” que inclui pintura e fotografia.

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Arte, dança e música na aldeia
A primeira edição do CAU vai receber, em residencia artística, vários autores. Depois das artes visuais de Miguel Ângelo Marques (pintura e instalação) – que terá os seus trabalhos presentes até final de outubro – segue-se João Samina que, entre os dias 4 e 8 de outubro, trará uma intervenção de arte urbana à aldeia. Este artista vive entre Portugal e o Brasil.
Segue-se, entre outubro e início de novembro, a estadia de Luís Senra, que trará música e performance. Esta iniciativa ainda inclui a execução de um jardim comunitário na aldeia designada “Jardins Abertos”.
Até ao final do ano, o CAU ainda inclui a apresentação de objetos em cerâmica de Filipa Morgado e de Vítor Agostinho.
Entre janeiro e fevereiro, a mexicana Casilda Madrazo trará dança e performance a Cortém, ao passo que em março será a vez de Gonçalo Fialho apresentar uma investigação na área do design gráfico desenvolvida ao longo da primeira edição do CAU.
Segundo Filipa Morgado, durante o decorrer das residências artísticas, além de várias reuniões com os habitantes, destinadas a dar a conhecer os seus trabalhos, também serão feitas visitas de escolas. ■

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