Tiago Cunha, 38 anos vive e trabalha no Rio de Janeiro. Há três anos já tinha visitado as Caldas – esteve na fábrica agora desactivada no centro da cidade – pois “sou um grande entusiasta da obra de Bordalo Pinheiro e quis conhecer de perto a sua fábrica”. Quando foi convidado para integrar os grupo de 16 artistas brasileiros que vão criar peças para assinalar os 125 anos da própria “senti uma enorme felicidade por poder trabalhar e modelar, inspirado nas peças bordalianas”.
Tiago Cunha é o único artista do grupo que trabalha em cerâmica e habitualmente cria as suas esculturas em faiança. Sendo um fã confesso de Bordalo, Tiago Cunha destaca do seu trabalho “a iconoclastia, a ironia, o espírito crítico, as cores e o grande amor que tinha ao material e à arte escultórica”.
Em relação à primeira visita que fez em 2009, este artista brasileiro diz-se feliz por tudo “ter tido um bom resultado com a nova gestão” e, por isso, espera agora que “a fábrica possa ter uma vida longa”.
O autor salientou o trabalho de equipa e a colaboração que sentiu junto dos trabalhadores da fábrica. Tiago Cunha dedica-se apenas ao seu trabalho artístico e considera que Bordalo Pinheiro poderia ser mais conhecido no Brasil. “Ele é conhecido mas poderia ser muito mais e já que a própria trajectória de Bordalo entrelaça Brasil e Portugal espero que esta iniciativa o volte a fazer”.
Para Erika Versutti esta está a ser uma oportunidade “muito legal e bacana”. A artista plástica que trabalha com escultura em bronze e diz que “adorei a experiência de trabalhar a cerâmica, a minha cabeça está cheia de imagens novas, coisas que acabei de ver e que me servirão para outros trabalhos”, disse a autora.
Erika Versutti salientou o facto de também trabalhar com moldes e também usa legumes e frutas nas suas obras, usando um método semelhante ao que Bordalo fazia com os animais. “O trabalho que vou propor é uma espécie de parceria entre o meu trabalho e o de Bordalo, é assim que o sinto”, contou a artista que vive em S. Paulo.
O que mais admira em Bordalo Pinheiro? “A variedade e a fluência nas suas obras e ainda a liberdade com que se expressava e que é algo que qualquer artista anseia”, rematou.
Efrain Almeida dedica-se à escultura e ao desenho e já expôs várias vezes em Portugal, em Lisboa e no Porto. É do Rio de Janeiro e dedica-se à escultura e ao desenho e está muito satisfeito em ter sido convidado a pertencer ao grupo de 16 artistas brasileiros bordalianos.
Participar neste projecto “permite-nos contactar com uma obra incrível que vai ser sempre actual”, disse referindo-se a obra de Bordalo. Efrain Almeida acha que apesar das suas peças terem sido feitas num determinado período “não é datado, ele acaba por ser sempre renovador”.
Efrain Almeida encontra algumas afinidades com o seu próprio trabalho já que do seu imaginário também fazem parte os animais. “No meu trabalho há aspectos autobiográficos pois retrato os animais que existem na terra onde nasci”, contou o autor que gostou da estadia nas Caldas. Sublinhou o bom trabalho desenvolvido com a equipa de trabalhadores da fábrica “que têm os conhecimentos técnicos e que nos ajudam a desenvolver os nossos projectos”.
Isabeal Cateto é estilista e está a achar o projecto “super interessante”. Diz-se apaixonada pela obra de Bordalo e que até tem algumas peças da fábrica em sua casa. Também gosta das Caldas, da Foz do Arelho e das inspirações que trouxe da vista a vários caldenses.
Segundo Elsa Rebelo o grupo de quatro artistas também visitaram outros empresas do grupo e segundo a directora artística da fábrica, pelo desenvolvimento das peças dos autores “está mais do que confirmado: a obra de Bordalo é contemporânea!”.
Em breve virão para Caldas mais artistas brasileiros do grupo dos 16 escolhidos-