As termas portuguesas, sob o olhar de Clara Azevedo

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2016-04-22 Primeira.indd“Não estava a ver que as minhas fotografias suscitassem um debate tão vivo! Espero que a troca de ideias tenha efeitos positivos”, referiu Clara Azevedo no final da sua apresentação, após ter assistido a uma troca acesa de argumentos entre Jorge Mangorrinha e os autarcas Alberto Pereira e Vítor Marques. O primeiro considera que é necessário um novo balneário para a actividade termal, enquanto que os segundos preferem assegurar, por agora, a recuperação do património termal. A divergência de opiniões animou o debate, até porque Jorge Mangorrinha defendeu que se deveria concluir o processo de classificação do património termal que este tinha iniciado quando foi vereador e que os executivos seguintes terão travado. “Termas Portuguesas”, assim se intitula o livro de fotografia, realizado em finais de 80, pelas fotógrafas Clara Azevedo e Lúcia Vasconcelos (já falecida). A obra guarda imagens a preto e branco de estâncias termais por todo o país onde não podia faltar o Hospital Termal das Caldas.
A autora – que trabalhou como fotojornalista no Expresso e na Visão – criou um repositório de fotografias documentais que incluem termas que na altura já se encontravam a atravessar um período de decadência. Foram vistas imagens referentes a Melgaço, Monção, Vidago, Cúria, Montreal, Monchique, Cucos e Furnas. Além das Caldas da Rainha, claro.
NAS TERMAS O TEMPO NÃO CONTA 
“Há um aspecto fundamental neste trabalho que é a luz”, referiu Clara Azevedo enquanto comentava cada uma das imagens. “Nas  termas trata-se não só do corpo como também da mente” constatou a fotógrafa. Quem faz termas acaba por fazer uma espécie de terapia de grupo. “As pessoas despem-se de preconceitos e há momentos de calma, de concentração e de meditação” disse a convidada, referindo ainda que em espaços termais “o tempo não conta”. Já sobre as Caldas da Rainha, Clara Azevedo recorda que o Hospital Termal “era muito frequentado” e que os aquistas se deixaram fotografar enquanto tomavam os seus banhos ter mais. Há inclusivamente uma imagem, mostrada na sessão, de uma jovem  paraplégica enquanto esta se banhava. Clara Azevedo referiu que gostou de fotografar as várias estâncias termais, à excepção de uma: os Cucos. Por causa dos tratamentos serem feitos com lama em espaços onde não entre luz natural. A autora disse também que, passados 25 anos, gostaria de regressar às estâncias termais para as voltar a retratar. “Há uma proposta em aberto com Jorge Mangorrinha para captar estas e outras termas, fazendo um trabalho mais completo”, disse a convidada. Para Jacinto Gameiro, responsável da Eira Branca, as imagens apresentadas pela primeira convidada deste ciclo  “são muito bonitas” e sublinhou que Clara Azevedo “é uma das grandes fotojornalista deste país”. A próxima iniciativa do ciclo de conferências terá lugar a 23 de Abril, pelas 17h00,  também na Eira Branca (Infantes) e  será uma conferência com o ambientalista António Eloy sobre “Os calores – Como se devem aproveitar os recursos geotérmicos das termas portuguesas?”
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