Cerâmica de Serigado e Gigantes de Cristina Lourenço para ver até domingo

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Até ao dia, 28 de Julho, há dois universos diferentes que se podem apreciar no Museu do Ciclismo. Um pertence a João Serigado, que vive em Salir do Porto e que há vários anos se dedica à cerâmica. “Gigantes, anjos e criaturas” é uma outra mostra de Cristina Lourenço, professora do Agrupamento Raul Proença, que engloba pintura, escultura e joalharia.

“Olhares de João Serigado na óptica de Mário Lino” é como se designa a exposição de cerâmica que pode ser apreciada no Museu de Ciclismo. As peças são totalmente inesperadas. Há grandes jarras e enormes pratos e cestos, algumas das décadas de 80 e de 90 que mostram a evolução deste autor que se destaca pela original conjugação de formas e cores no seu trabalho artesanal de cerâmica.
Natural de Abrantes, João Serigado vive há várias décadas em Salir do Porto, tendo sido  pára-quedista e instrutor daquela profissão. O seu hobbie ligado às artes, a partir de 1986, passou a ter um carácter profissional pois abriu uma fábrica de cerâmica artesanal em Alcobaça, de onde exportava peças para vários países do mundo. A unidade funcionou até 1991, tendo o seu responsável durante esse período tirados dois cursos no Cencal que lhe permitiram aperfeiçoar os seus conhecimentos sobre a área. Em 1997 foi-lhe diagnosticada a doença de Parkinson e apesar de não deixar que esta lhe tolde a força ou a imaginação, reconhece que não tem a mesma capacidade de outrora. É com um enorme entusiasmo que dá a conhecer as peças que fazem parte do seu percurso e grande parte delas da sua colecção particular.
Por causa da exposição se realizar no Museu do Ciclismo, o autor decidiu presentear o seu amigo e comissário da mostra Mário Lino com uma bicicleta em cerâmica. “Deu-me muito trabalho esta ideia! Estão aqui mais de 500 horas de trabalho, 15 quilos de barros e seis quilos de massa de colagem”, contou o autor acrescentando que sua nova obra “precisa de novos acertos”.
Durante a inauguração, Mário Lino fez um discurso emotivo, dando a conhecer o percurso deste autor, “sargento-mor das forças pára-quedistas de Portugal que fez três comissões na Guiné e somou 1080 saltos de páraquedas”. Do seu palmarés faz parte um salto de pára-quedas em queda livre a 4800 metros, altura não permitida por lei. “É um lutador nato e na verdade acho que é a doença de Parkinson que tem medo do Serigado e não vice-versa”, rematou.
Patente no mesmo espaço está a exposição “Gigantes, Anjos e criaturas” da autoria de Cristina Lourenço, professora que vive nas Caldas há 18 anos. “O meu trabalho acaba por ser uma metáfora da nossa sociedade que reflecte sobre quem são afinal os gigantes, os anjos e as criaturas de hoje em dia”, disse a autora, que apresenta também esculturas e peças de joalharia. Algumas destas obras já estiveram em exposições colectivas internacionais no Japão e no Brasil. As suas obras encontram-se à venda e custam entre os 70 e os 200 euros. As peças de João Serigado também podem ser adquiridas e custam entre os 40 e os 2000 euros.

Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt

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