Com o intuito de não deixar morrer a louça tradicional das Caldas, está a funcionar na Expoeste um atelier onde alguns ceramistas pretendem dar a conhecer o seu trabalho.
O espaço é liderado por Vítor Lopes, que esteve ligado à Associação Tesouros Verdadeiros e que trabalhou ao vivo, durante o Verão passado, na Casa dos Barcos. Dava então a conhecer ao público todo o processo cerâmico relacionado sobretudo com a louça erótica.
Na companhia do ceramista João Lúcio e do pintor Mário Pinto, este autor está agora interessado em dinamizar esta área da cerâmica local. “Não queremos deixar morrer o artesanato nas Caldas, no que pudermos fazer estamos prontos para ajudar a divulgar e a ensinar o que sabemos”, disse aquele artesão.
O espaço já tem um mostruário com vários modelos e os ceramistas querem divulgar e vender a quem estiver interessado.
“Pretendemos que este seja um local também destinado às escolas para que os mais novos possam ver como é o processo cerâmico”, acrescentou Vítor Lopes.
“Trabalhei nas melhores fábricas das Caldas”, disse João Lúcio, de 72 anos. Primeiro esteve na Bordalo Pinheiro “onde se aprendia”, depois passou para a Secla “para me especializar em ornamentos” . Em seguida laborou na Subtil e, em 1966, decidiu emigrar. Está actualmente disponível para ensinar o que sabe e para ajudar a desenvolver esta iniciativa.
Naquele espaço há vários modelos de representações de anjos ou de Pais Natal. Não faltam vários tipos e peças relacionadas com esta época como algumas de cenas religiosas e ainda outras, sobretudo decorativas ou relacionadas com a louça erótica. Destaca-se uma peça de autoria de João Lúcio, um enorme dragão decorado em tons de azul e dourado, “que até cheguei a oferecer um ao presidente do Futebol Clube do Porto”, contou João Lúcio.
Mário Pinto, 69 anos, é o pintor de serviço neste atelier. Passou pela Secla, trabalhou na oficina do Álvaro Zé e depois emigrou para França. “Venho aqui para me entreter, para passar um pouco de tempo”, disse este profissional que o que mais gosta é de trabalhar no Carnaval das Caldas. Gosta de passar o tempo a fazer aqueles trabalhos e só lamenta ainda não terem fundos para comprar um forno para aquele espaço.
O vereador Hugo Oliveira diz que esta ideia de constituir este atelier surgiu quando contactou com Vítor Lopes na Casa dos Barcos e está também interessado em “canalizar” os turistas que queriam conhecer como se faz a cerâmica caldense para aquele espaço na Expoeste. A renda do espaço é apoiada até porque “temos que dar um impulso a esta área já que são cada vez menos os ceramistas dedicados à louça tradicional”, rematou.
A partir de Janeiro, o atelier ao cuidado destes ceramistas vai estar a funcionar com toda a força.
Presentemente a peça de cerâmica mais barata que ali pode ser adquirida custa dois euros enquanto que a mais cara custa 50 euros.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt
Parabéns pela iniciativa!
Força!