Cistermúsica bateu este ano recorde de participantes

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DSC_0350 copyDurante um mês – de 26 de Junho a 26 de Julho – os mosteiros e outros espaços de Cister em Alcobaça e noutros concelhos encheram-se de público para assistir a concertos de música erudita. Foram mais de 4000 espectadores, na 23ª edição do Cistermúsica, que continua a crescer e que, este ano terminou com o Requiem de Mozart tocado por 90 músicos, entre os túmulos do casal protagonista da mais famosa história de amor de Portugal (D. Pedro e D. Inês de Castro) para 1200 pessoas, que encheram a nave central do Mosteiro de Santa Maria. “Este mosteiro tem uma força…!”, dizia o maestro Vasco Pearce de Azevedo à Gazeta das Caldas, já depois de dirigir a Sinfonietta de Lisboa no concerto de encerramento – o Requiem de Mozart – que descreveu como “uma obra-prima da história da música”.
Fazê-la na nave central do mosteiro “é magnifico pois estas obras foram escritas para serem apresentadas em espaços destes”.
A acústica destes locais faz o som ouvir-se de uma outra forma, com outra projecção e presença. E, de facto, o Cistermúsica deu isso a perceber. Os vários espaços encantaram público e artistas, a tal ponto que, depois de actuar no dormitório do Mosteiro de Alcobaça, as francesas Discantus planeiam voltar para ali gravar um disco com o espectáculo que apresentaram no passado sábado: as cantigas de Santa Maria na Corte de D. Afonso X, o Sábio.
“Os cistercienses sabiam muito bem construir, não só ao nível da estrutura, mas também na criação do espaço e de ambientes onde a música tinha lugar também”, explicou Ana Pagará, directora do Mosteiro de Alcobaça, que defende que “a contemporaneidade é desejada no mosteiro de Alcobaça desde que mantenhamos a boa leitura do espaço cisterciense”.
Para além do já referido Requiem de Mozart e da banda francesa Discantus, durante um mês que durou o festival foi possível ver o espectáculo Carmina Burana de Carl Orff, a Orquestra Gulbenkian, Gould Piano Trio, Duo Amal, Les Éléments e a Companhia Nacional de Bailado, entre outros.
O festival não só percorreu vários espaços do Mosteiro de Santa Maria, em Alcobaça, como passou pela Igreja Matriz de Pataias, Convento de Santa Maria de Cós, Mosteiro de Santa Clara-a-Velha (Coimbra), Convento das Bernardas (Lisboa), Mosteiro de Lorvão (Penacova), Mosteiro de Almoster (Santarém), Mosteiro de São Cristóvão de Lafões (S. Pedro do Sul), Museu do Vinho de Alcobaça, o Forte de S. Miguel Arcanjo (Nazaré), Biblioteca Municipal da Nazaré, cine-teatro de Alcobaça, Casa da Cultura da Marinha Grande, Centro Cultural Gonçalves Sapinho (Benedita), Escola Secundária D. Inês de Castro, Parque dos Monges e Real Abadia Congress&Spa Hotel.
Acerca da Rota de Cister, Alexandre Delgado, da direcção artística do festival, afirmou que o objectivo agora é ir além fronteiras.
Em relação a esta 23ª edição, disse que “foi a que mexeu mais com a cidade”, destacando a parceria com o Rabiscuits, “que deu uma movida na cidade inédita”.
“Nunca tinha vivido este ambiente tão palpitante em Alcobaça”, concluiu Alexandre Delgado.
Já Rui Morais, director executivo do festival, contou que actualmente está a ser preparado um estudo acerca do impacto económico do Cistermúsica. “Posso dizer-vos que sexta e sábado não havia lugares nos hotéis em Alcobaça e era dificílimo jantar. Não digo que fosse tudo por causa do Cistermúsica e do Rabiscuits, mas concorreram muito para isso”, disse.
Em termos de participação, informou que “o festival superou em muito o anterior recorde”. Este ano o Cistermúsica teve cerca de 4300 espectadores, contrastando com os mais de 3600 que havia tido em 2014.
Orçado em 145 mil euros foi financiado pela Direcção Geral das Artes e da Cultura (88 mil euros) e Câmara de Alcobaça (40 mil euros), ficando a parcela final (17 mil euros) assegurada pelas receitas de bilheteira, apoios privados e outro tipo de apoios institucionais.

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