O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, depois de várias saídas em falso que lhe ensombraram os dois mandatos presidenciais, quando se aproxima a sua saída colecciona êxitos no país e no resto do mundo.
Nas últimas semanas junta a retoma das relações diplomáticas com Cuba com o acordo nuclear estabelecido com o Irão, juntamente com outros países permanentes do Conselho de Segurança da ONU, (França, Reino Unido, China e Rússia) e Alemanha.
Também nos últimos dias, numa digressão africana, defendeu os direitos das mulheres e das minorias em países onde esses direitos são vilipendiados, mesmo com base em razões de tradição e de costumes ancestrais.
Ainda há dias, no célebre programa da televisão por canal, Daily Show, de Jon Stewart, mostrou como é fácil a um político experiente desembaraçar-se de um entrevistador incómodo, apesar de partilharem admiração mútua.
Obama ganhou o Nobel da Paz em 2009 e durante vários anos pouco demonstrou merecê-lo. Agora que está em vésperas de abandono do poder, apesar de ter perdido as maiorias no Senado e na Câmara de Representantes, vê a maioria dos comentadores estenderam-lhe a passadeira pela sabedoria como tem lidado e resolvido alguns dos principais problemas internacionais que pareciam irresolúveis.
O Dr. Ricardo Salgado pode queixar-se do
PREC de 1975 que o obrigou a fugir para o Brasil, mas foi na democracia portuguesa pós-troika que se viu preso pela justiça, situação que nem por sombras alguma vez lhe passou pela cabeça.
Aquele que foi o DDT – Dono Disto Tudo – e que era useiro e vezeiro em gozar com a comunicação social e não só, nas conferência de imprensa e nas assembleias gerais das suas empresas, está hoje na situação caricata de viver encerrado na sua principesca casa de Cascais. Agora com polícias à porta à conta do orçamento do Estado, não para o proteger de qualquer ameaça, antes para evitar que dê o salto, como fez em 75.
Esta história podia ser uma ironia do destino, mas infelizmente está no centro de uma tragédia financeira, económica, política e moral, que prejudicou o país em vários milhares de milhões de euros, bem como muitos dos depositantes do BES e outros investidores em centenas de milhões de euros.
Os portugueses podiam esperar tudo depois do pedido de intervenção que foi feito à UE, BCE e FMI e que lhes levou salários, pensões e feriados, e que lhes aumentou os impostos e o tempo de trabalho. Mas nunca imaginaram a queda do império daquele que esteve décadas na crista das ondas.
Se as consequências não fossem tão graves para Portugal, até podia ser cómico e uma lição para aqueles que julgam que podem fazer tudo e que existe uma impunidade que tudo lhes desculpa.
Zé Povinho acha que o seu criador – Rafael Bordalo Pinheiro – se vivesse hoje, teria feito a caricatura mais agreste em relação a Ricardo Salgado. Um penico ou um escarrador com a sua cara podia ser a vingança de todos os portugueses que acordam diariamente com dificuldades para pagar as refeições dos filhos, as rendas das casas e outras encargos, muitos por terem perdido o emprego fruto das traficâncias destes financeiros de trazer por casa.