Uma suposta queixa à polícia de um transeunte que não gostou de ver um falo num cartaz levou à mediatização de um simples concurso de ilustração de “sardas das Caldas”, que até já teve que prolongar o prazo de candidatura para poder acolher mais propostas. O concurso é organizado por três estudantes de Design Gráfico da ESAD.
Um concurso destinado a escolher a melhor ilustração de um falo das Caldas gerou polémica, na semana passada. Tudo porque um senhor ao passar pela Papelaria Vogal viu o cartaz, explícito, sobre qual o objecto da ilustração e decidiu “queixar-se” a um polícia de trânsito que se encontrava nas imediações. Sem ter apresentado queixa formal, o facto de achar que o cartaz podia ser indecoroso, gerou notícias na comunicação social, o que levou ao bloqueio temporário da página de Facebook do concurso.
O mediatismo levou a que o concurso chegasse a mais gente e os organizadores decidiram estender o prazo de entrega dos trabalhos (que terminava a 31 de Janeiro) até ao dia 10 de Fevereiro (quarta-feira).
O concurso designa-se “Sardas das Caldas” e tem por intuito escolher a melhor ilustração de um falo.
Não se trata sequer de uma iniciativa nova em 2013 já tinha decorrido uma primeira edição do evento, organizado pela Implosão, um colectivo de ilustradores, também ligados à escola de artes. Esta primeira edição contou com 25 participantes, na sua maioria estudantes da ESAD que decidiram dar largas à imaginação e apresentar as melhores ilustrações sobre esta tradição local.
Agora, o que parecia ser apenas a continuação deste concurso, eis que passa a contar com mediatismo extra causado pela indignação de um cidadão muito sensível, que foi notícia, apesar de não ter formalizado qualquer queixa.
O homem passou pela papelaria Vogal e achou o cartaz ofensivo tendo-se dirigido a um agente de trânsito que encontrou nas imediações. Preocupava-o o que diria à sua filha de sete anos se ela lhe perguntasse o que era o desenho do cartaz, confirmaram à Gazeta das Caldas responsáveis pela Papelaria. O polícia, abordado pelo senhor indignado, informou-o sobre a “possibilidade de exercer o seu direito de indignação através de queixa ou participação”, tendo este “recusado expressamente fazê-lo”, tal como Gazeta das Caldas confirmou junto do Comando da PSP de Leiria.
Mas o sucedido foi o suficiente para ser noticiado pelo Correio da Manhã, o que despoletou uma série de outros acontecimentos.
No dia seguinte, João Varela e Ana Martins nem queriam acreditar na mensagem que tinham na página do Facebook destinada a promover o concurso. Aquela rede social bloqueara-lhes as contas de administradores.
O que é certo é que a “indignação” deu-lhes igualmente direito a muitos “likes” e comentários de apoio à concretização do concurso. Por isso, para poderem recepcionar mais propostas, aceitaram as condições impostas pela rede social e pixelizaram a imagem do cartaz, o que desfocou o falo que está a dar tanto que falar.
“Foi tudo inesperado….Acho que até foi bom para a projecção do concurso. Serve para comunicar a ideia de uma forma mais forte!”, disse João Varela, de 20 anos, que se desdobrou, durante o resto da semana, a dar entrevistas e a explicar todo este processo.
Até à passada segunda-feira, 1 de Fevereiro, já tinham 20 propostas de gente das Caldas, “de pessoal que está cá a estudar”, e outras oriundas de autores de Lisboa, do Porto e até de outras localidades.
A exposição dos melhores cartazes vai decorrer a 31 de Março e o local ainda não esta bem definido.































