No sábado, 23 de Maio, foi feito nas Caldas um passeio histórico-cultural em busca dos vestígios deixados por Rafael Bordalo Pinheiro, integrado nas iniciativas semelhantes que o Centro Nacional de Cultura(CNC) organiza pelo país, repetindo outros passeios já realizados nas Caldas nos anos 80 do século passado.
Guiado pela livreira Isabel Castanheira, que preparou a visita ao pormenor, o resultado agradou à maioria da meia centena de presentes que fazem parte do CNC ou que são amigos do Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa.
Um roteiro a repetir para outros públicos, pelo grande interesse histórico e patrimonial, podendo contribuir para dar a conhecer melhor as Caldas nas suas várias vertentes.
A livreira contou com o apoio de várias entidades como a Câmara, o Agrupamento de Escolas Bordalo Pinheiro, a ACCCRO, a EHTO, o CENCAL e os vários museus, que em conjunto fizeram jus à tradição hospitaleira de bem receber os visitantes.
Chegaram manhã cedo e começaram por visita a Estação da CP, onde lhes foram dadas as boas-vindas, com Isabel Castanheira a explicar o conteúdo de cada um dos painéis da gare. Estes datam de 1924 e num deles está Bordalo Pinheiro a modelar o que mais gostava: uma grande jarra em barro. Altura agora para o vice-presidente da Câmara, Hugo Oliveira também cumprimentar e dar algumas notas sobre esta visita e explicar o objectivo do famoso Lago das Rãs. Isabel Castanheira aproveitou para discordar do posicionamento do animal, que deveria estar de perfil. “
Quem caminha vê apenas uma grande peça branca em vez de ver o recorte de um batráquio“, disse.
Seguiu-se uma fotografia de grupo antes dos participantes atravessarem a ponte pedonal pois aguardava-os o autocarro que os levaria ao Cencal. Um pequeno grupo, como a cidade é pequena, foi a pé pondo conversas e conhecimentos em dia.
No Cencal, José Luís Almeida Silva recebeu o grupo, tendo feito escutar um testemunho gravado do ceramista galego Xohan Viqueira, que é autor juntamente com formandos daquele centro, das peças que compõem o Jardim Bordalo e que deu aos visitantes uma leitura sobre vários aspectos da contemporaneidade de Zé Povinho.
Uma reflexão notável, feita por um conceituado ceramista estrangeiro mas com origem na Galiza, que deveria ser escutado noutros fóruns dada a actualidade que evoca.
A caminho do centro da cidade
Partida agora para a antiga praça do Peixe (5 de Outubro) a fim de apreciar os revestimentos azulejares ali existentes. Depois o grupo passa pela movimentada Rua Heróis da Grande Guerra onde vão encontrar vários vestígios bordalianos.
Com uma passagem pela Rua das Montras e uma ida à Praça da Fruta, onde há quem compre bolinhos secos e pão, assistem a uma intervenção de Carlos Querido para dar a conhecer a história do mercado diário. De seguida foi visitada a Igreja do Pópulo e também o Hospital Termal, que inclui uma ida à piscina da Rainha, com a companhia de Dora Mendes, a técnica superior do Museu do Hospital.
Momento para fazer uma pausa com um almoço completo na ensolarada cantina da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro. A directora Céu Santos e o presidente da Câmara, Tinta Ferreira deram as boas–vindas e foram trocadas lembranças. Para o edil esta visita foi “importante” dado que os sócios do CNC e amigos do Museu Bordalo Pinheiro são conhecedores da obra bordaliana e poderão ter um papel importante dando a conhecer as Caldas da Rainha “como cidade onde o artista desenvolveu parte importante do seu trabalho“. Pediu por isso aos presentes que fossem “agentes de divulgação” das Caldas da Rainha e da sua rota bordaliana.
Tinta Ferreira reforçou ainda a sua intervenção dizendo que as grandes peças feitas pela Fábrica Bordallo Pinheiro e que os visitantes iam conheceram, em primeira mão, na cave do Atelier-Museu João Fragoso, serão colocadas em várias ruas da cidade “o mais tardar no próximo mês de Julho“.peças para a Rota Bordaliana vistas em primeira mão
A seguir ao almoço foram apreciadas pelo grupo as grandes peças – bonecos de movimento à escala humana e grandes animais como o Gato Assanhado – que a Fábrica realizou e que estão depositadas naquele atelier.
Seguiram-se as visitas guiadas ao Museu Malhoa e ao Museu da Fábrica Bordallo Pinheiro, coordenadas respectivamente pelo director Carlos Coutinho e pela directora artística Elsa Rebelo.
A visita terminou no Museu de Cerâmica onde houve ainda tempo para partilhar uma fatia de bolo, feito para o evento, por formadores e alunos da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste, acompanhada por uma ginja de Óbidos, que marcaram um doce momento de despedida.
Todos os visitantes gostaram do passeio às Caldas, alguns mencionaram que o programa tinha sido “um pouco intenso” e todos prometeram novas visitas “para ver tudo com mais pormenor”.
“Fomos recebidos com grande generosidade”
“Fomos muito bem recebidos nas Caldas, com enorme generosidade e hospitalidade. Está toda a gente espantada pela forma como estamos a ser recebidos“, disse Alexandra Prista, que trabalha no CNC desde 1999 e é a responsável pelas visitas que fazem por todo o país. A responsável agradeceu a Isabel Castanheira pelo “imenso empenho” nesta visita em que a figura em destaque foi Bordalo Pinheiro.
De acordo esteve também João Alpoim Botelho, o coordenador do museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa, entidade que propôs esta visita à Isabel. Muito satisfeito com o percurso efectuado, disse à
Gazeta das Caldas, que já tinha oferecido também o espaço que coordena, para dar a conhecer na capital a Rota Bordaliana quando esta se efectivar.
“O livro da Isabel é um verdadeiro marco para a constituição desta rota que conta com vontade politica para se efectivar”, rematou.
Isabel Castanheira estava contente com esta iniciativa e sobretudo pela união de todas as entidades que a apoiaram nesta realização. A livreira espera agora que as grandes peças venham para a rua ”
o mais depressa possível de modo a podermos alargar a rota bordaliana“. A investigadora da vida e obra de Bordalo comprometeu-se ainda a realizar mais eventos sobre a presença de Bordalo nas Caldas pois apesar desta visita ter decorrido durante todo o dia de sábado “não fomos exaustivos. Há muito mais para ver…”, rematou.
Natacha Narciso
Gazeta das Caldas integrou passeio
Gazeta das Caldas,´a assinalar o seu 90º aniversário tem marcado presença em várias iniciativas que se realizam na cidade, em colaboração com as mais variadas entidades, como foi o caso deste sábado, 23 de Maio, em que teve uma banca no almoço-convivio do CNC na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro.
Fazendo parte do passeio cultural, feito em busca de vestígios de Bordalo Pinheiro, a Gazeta propunha aos visitantes várias das obras literárias e cerâmicas criadas nos últimos tempos ligadas a essa temática.
Entre esses materiais estava a obra “Caldas de Bordalo” de Isabel Castanheira, que coordenou esta visita e que proporcionou a descoberta dos espaços simbólicos da cidade caldense, onde Bordalo viveu e trabalhou durante vários anos.






























