No passado sábado, numa agradável noite de Verão, a companhia Circo Baya trouxe “El Viaje de Miércoles” à Praça 25 de Abril, encerrando o Caldas Anima deste ano. Havia ainda em simultâneo o mercado de artesanato que deu cor à Avenida 1º de Maio desde as 17h00 até às 23h00. Entre as mais de 30 bancas, era possível adquirir artesanato, bijutaria, peças decorativas, calçado, roupa, malas e acessórios, jogos e livros, louça (tradicional e não só), quadros, tapetes (até um tear estava montado e a laborar), entre outras peças feitas manualmente.
Numa imaginária estação ferroviária encontram-se os dois personagens, cujos destinos se cruzam, numa mesma viagem a bordo de um comboio imaginário. A jornada é cheia de peripécias, humor, acrobacias, malabares e teatro, com interacção com o público e um toque de improviso. Foi a viagem de quarta-feira (tradução do título: “El Viaje de Miércoles”) do Circo Baya.
E foi assim que dois artistas e os seus acessórios conseguiram encher o “palco”, “roubando” muitas gargalhadas e palmas a uma plateia que compôs a renovada Praça 25 de Abril.
Ao redor da dupla cerca de uma centena de pessoas – em família -, dos mais novos aos mais velhos, olhavam fixados os artistas e sorriam enquanto aplaudiam.
No final do espectáculo o duo agradeceu ao público, ao CCC e ao município. E terminava assim o Caldas Anima deste ano, que trouxe dois meses de animação à cidade.
Carlos Mota, director do CCC, explicou que este era o tipo de espectáculo que queriam para fechar o programa. “Uma festa mais acessível, com música e espectáculo, que agradasse a todas as famílias”.
Salientando a qualidade dos artistas, uma vez que a companhia “é premiada em Espanha com espectáculos de rua”, afirmou que o espectáculo “agradou”.
A caldense Maria da Conceição Leitão tinha vindo à missa e, como viu as cadeiras na Praça 25 de Abril, decidiu ficar, com a neta, para assistir. “Foi uma agradável surpresa, gostei muito”, afirmou.
Por ironia, o último, foi o primeiro espectáculo do Caldas Anima a que assistiu, mas acha a realização de acontecimentos deste tipo “importante, porque as Caldas está muito triste com falta de eventos”.
A neta, Lara Carias, de seis anos, gostou muito do espectáculo, mas “não conseguia ver bem”.
O Mercado de Artesanato recebeu muitos curiosos, que aproveitaram a vida diferente que a Avenida ganhou neste dia (e noite) e passearam pela artéria. Este evento permitiu angariar cerca de 85 quilos de ração que foram doados à CRAPAA e à Rede Leonardo.
Caldas Anima – dois meses de animação na cidade
Durante os meses de Julho e Agosto o Caldas Anima trouxe cor e sorrisos a onze espaços da cidade (entre ruas, praças, largos e o CCC). Com mais de trinta espectáculos, o festival de animação de Verão custou 35 mil euros à autarquia e, acredita Carlos Mota, director do CCC – responsável pela organização, com a Câmara – “a cidade ofereceu alguma coisa diferente no Verão, até no contexto da região, que não tem esta característica de fazer animação durante os dias de actividade comercial”.
“A cidade transformou-se durante dois meses em pequenas animações”, afirmou Carlos Mota, reconhecendo que “este ano o nível dos espectáculos foi um bocadinho superior ao que era usual”.
Por outro lado destacou que a aposta nas animações, para além dos espectáculos de rua, “permitiu dirigir-nos a vários públicos em simultâneo”.
O Caldas Anima contou com artistas de vários países (Estados Unidos da América, Brasil, Espanha, Portugal, entre outros).
Este tipo de animação “predispõe muito as pessoas a passar um bom dia ou um bom bocado, ajuda a construir uma cidade mais feliz”, afirmou Carlos Mota.
Quanto aos 22 mil euros atribuídos pela autarquia aos espectáculos considerou que “é uma verba razoável”. No total o Caldas Anima custou ao município cerca de 35 mil euros.
Explicando que ainda é preciso “mais tempo para amadurecer uma série de outras ideias”, não deixou de afirmar que acredita estar “no caminho certo, na perspectiva de internacionalização do Caldas Anima”.
O festival de animação de Verão da cidade tem uma parceria com o Festival de Palhaços em Évora, criando sinergias. “Alguns artistas que vão para lá depois passam aqui”, explicou Carlos Mota, recordando que houve workshops e oficinas nas Caldas, estando agora a negociar para que, no próximo ano, parte desse festival seja feito na cidade caldense.
“A ideia era, mais tarde ou mais cedo, criar uma residência artística durante o Verão na área do novo circo, espectáculo da pantomina e do mimo”, referiu, antes de revelar uma curiosidade: é que durante a edição deste ano, a organização recebeu a proposta de um espectáculo de mimo vinda de Londres, que é de uma artista caldense que reside há 11 anos em Inglaterra e que se chama Filipa Tomás.
“Espero que ela possa vir abrir o festival para o próximo ano”, disse Carlos Mota, antes de salientar as parcerias criadas. É que este ano a União de Freguesias associou-se com os concertos na Praça e o Teatro da Rainha fez os espectáculos na antiga Casa da Cultura
A autarquia referiu que o Caldas Anima “constitui um instrumento de dinamização da cidade, de atractividade e contribui para o enriquecimento da vivência e da relação que as pessoas estabelecem com a cidade e os seus espaços”.