Mário Tavares apresentou investigação sobre o teatro nas Caldas desde o século XV até à criação do curso na ESAD.CR
O livro “História do Teatro nas Caldas da Rainha – Um Contributo” do caldense Mário Tavares foi apresentado, a 8 de julho, no Museu do Ciclismo, perante casa cheia. A obra, apresentada por Manuel Gil, caldense “amante de teatro”, traz novidades pois Mário Tavares “conseguiu levantar o véu sobre os grupos e as salas que existiram durante o século XIX”. Em relação ao início do século XX, foi possível também identificar grupos, peças de teatro de revista e operetas que aconteceram nessa época. Manuel Gil deteve-se sobre a ação do Conjunto Cénico Caldense, nos anos 60 do século passado, referindo que fez “algo invulgar, de muita qualidade e que nos devemos orgulhar”.
O teatro nas Caldas “começou com chave de ouro”, em 1504, com Gil Vicente a apresentar o “Auto de S. Martinho” à Rainha D. Leonor, no adro da Igreja de N. Sra. do Pópulo. “E depois só se encontram novas referências relativas a 1830”, referiu, acrescentando que seria interessante saber o que aconteceu durante estes três séculos. Durante a União Ibérica “de certeza que vieram cá grupos espanhóis, em especial quando a corte cá estava em vilegiatura”, rematou Manuel Gil. Mário Tavares baseou a sua investigação em jornais de Leiria que iniciaram a publicação 50 anos antes dos periódicos caldenses. Por norma, as mulheres não participavam nas representações, à exceção de uma Dama Adelina “que foi destacada nos periódicos leirienses”. Esta intérprete pertenceu à Sociedade Dramática Caldense, grupo que construiu o seu espaço teatral em 1835 onde hoje se situa a esplanada do Cais do Parque. Segundo Mário Tavares, o teatro foi mandado demolir na década de 80 do século XIX por Rodrigo Berquó “para construir o parque como ele é hoje”. Esta Sociedade esteve em vários espaços da cidade e foi essa associação que incetou esforços para o início da construção do Cine-Teatro Pinheiro Chagas, em 1897. Depois de 1974, formou-se o Teatro da Rainha e, mais recentemente, foi criado o curso de Teatro na ESAD. A edição do livro foi financiada pela autarquia e o lucro obtido reverte para a associação De Volta a Casa, de Joaquim Sá. O edil caldense Vítor Marques, também amigo do autor, pediu-lhe que continuasse a dedicar-se a investigar temas locais. ■