O diretor do serviço de gastroenterologia do Santa Maria veio às Caldas conversar sobre o efeito terapêutico da música.
“Healthy Jazz” foi como se designou a conversa que decorreu na tarde de 5 de novembro no Café Concerto do CCC, liderada pelo gastroenterologista Rui Tato Marinho.
O médico revelou que usa a música de uma forma quase terapêutica junto dos seus pacientes. Rui Tato Marinho é também diretor da Biblioteca do Hospital de Santa Maria, local onde encontrou livros antigos sobre as águas termais caldenses que datam de 1750…
“Estas obras foram oferecidas pelo padre Sousa Martins”, referiu o orador, melómano confesso e fã de “monstros” sagrados deste género musical como Keith Jarret, Miles Davies, John Coltrane e Chet Baker. Analisou ainda de que doenças morreram alguns destes músicos vítimas do consumo de drogas e de álcool, alguns sofrendo até de cirrose.
Segundo o convidado do festival, a prática do jazz pode ser exemplo no que diz respeito à liderança. Considera que algumas das caraterísticas de quem executa este tipo de música podem ser importantes nos dias de hoje. A saber: a capacidade de improviso, o facto de cada um ter a sua competência, o estar atento aos outros, fazer uma gestão adequada do tempo, fazer uso da criatividade e compreender que há um tempo do líder, um tempo do grupo e um tempo individual podem ser chave na atualidade.
Para o médico, a liderança hoje “deve ser mais empática”. “Temos de ter mais paciência e menos arrogância”, frisa. Entre outras valências, há uma que Rui Tato Marinho sublinhou: os líderes devem deixar o seu ego à porta, tal como fazem os músicos de jazz.
Rui Tato Marinho deu a conhecer que teve contactos privilegiados com a música através de vários familiares: o irmão integra os Sétima Legião e tem uma tia de 90 anos que é fã confessa de jazz. O orador deu ainda a conhecer que foi amigo de Zé Pedro, dos Xutos & Pontapés e que, juntos, foram às escolas conversar com alunos sobre a prevenção de doenças.
Esta tertúlia, que contou com apresentação do gastroenterologista caldense António Curado, que foi colega de curso de Rui Tato Marinho, foi enriquecida com aas memórias de quem assistiu ao evento, relacionadas com as suas vivências em festivais de jazz nos EUA e Europa.
A conversa, a única deste Caldas.JAZZ, contou a com intervenção do médico e pianista Barros Veloso, uma referência do mundo do jazz em Portugal. Tem vários livros publicados e,entre as suas áreas de interesse, está também a azulejaria. E já fez várias apresentações nas Caldas, no Museu de Cerâmica.