Coloridos e um reflexo das tradições da época. São assim os calendários da década de 50 do século passado, assinados pelo pintor Mário Costa (1902-1975) que se encontram patentes no Museu do Ciclismo.
O mês de Fevereiro é retratado com uma cena do Algarve com as suas tradicionais chaminés e as amendoeiras em flor. Em Março é representada a Páscoa, em Junho as festas populares e o saltar da fogueira, em Julho as ceifeiras a colher o trigo e em Setembro as vindimas.
Em exposição no Museu estão também obras que retratam as danças tradicionais de cada região do país, assim como os seus trajes típicos.
Numa vitrine, os visitantes podem encontrar livros com histórias tradicionais publicadas na década de 50, assim como exemplares do Semanário infantil O Mosquito e Pim PamPum!, o suplemento infantil do Século.
A mostra integra um pólo dedicado à infância vivida nos outros tempos, com brinquedos de madeira e lata. Muitos deles provêm da colecção de Mário Lino, director daquele espaço museológico, e outros foram oferecidos pelos visitantes.
Há ainda um núcleo dedicado ao cinema com máquinas de projectar, películas de filmes de 35 milímetros, 16 milímetros, Super 8 e 8 milímetros, cartazes e panfletos oriundos do animatógrafo, Salão Ibéria (Rua de Camões), e do Teatro Pinheiro.
Durante a inauguração da exposição “Heranças do Passado numa viagem ao calendário dos anos 50”, no passado dia 21 de Julho, foram ainda projectados traillers de filmes antigos como o Bucha e Estica, Cantiflas e Aniki Bobo.
Presente na inauguração esteve Conceição Colaço, técnica do Museu Malhoa, que falou sobre o trabalho do artista Mário Costa, sobretudo a captação do movimento nas suas obras e o deslumbramento pelo cinema.
O director do Museu, Mário Lino, destacou os calendários ilustrados de Mário Costa davam “cor” a um Portugal que à época “vestia de cinzento”, retratando os costumes e tradições do povo. Também o presidente da Câmara, Tinta Ferreira, mostrou o seu agrado por voltar a ver “o tipo de desenhos” que via em criança nos livros.
O autarca acrescentou ainda que Mário Lino, com o núcleo dedicado ao cinema, já está a dar um “cheirinho” do que irá fazer mais para a frente, possivelmente com um aumento do espólio sobre a temática.
Nesse sentido, está prevista a realização de um protocolo com a autarquia, no sentido de definir as regras de uso, preservação e exposição de todo esse património que é pertença do investigador caldense.