Trinta e cinco jovens que frequentam a licenciatura e mestrado em Artes Plásticas na ESAD estão a expor os seus trabalhos na galeria novaOgiva, em Óbidos. A exposição, com o título “Quem são eles”, evoca 40 anos daquele espaço, que foi criado pelo escultor José Aurélio em finais de 60 e esteve em funcionamento até inícios de 1974. A autarquia quer agora estreitar laços com a escola de artes caldenses, convidando os criadores a usufruir dos espaços culturais da vila.
“Estamos aqui numa dupla comemoração – os 40 anos da Ogiva e os 20 anos da ESAD”, disse o coordenador do curso de Artes Plásticas, Pedro Campos Rosado, na inauguração da mostra, na tarde de sábado, 18 de Dezembro.
A exposição é composta por 40 trabalhos feitos por 35 alunos da ESAD e é a primeira que resulta de uma selecção. E apesar do espaço ser “complicado”, como o apelidou o professor, o resultado foi bastante satisfatório. O catálogo será lançado a 14 de Janeiro.
Pedro Campos Rosado chamou a atenção para o facto de ser a primeira vez que uma turma termina um mestrado naquela escola, o que “é demonstrativo do vigor da ESAD e em concreto das artes plásticas”.
Também presente na inauguração, a directora da escola, Susana Rodrigues, destacou o esforço dos alunos e professor e disse esperar que esta seja a primeira de muitas iniciativas aberta aos alunos da ESAD.
O presidente da Câmara de Óbidos, Telmo Faria, realçou a proximidade física da escola de artes a Óbidos para convidar todos os jovens criadores a usufruir os espaços culturais da vila a fim de neles apresentarem os seus trabalhos.
“A ESAD tem um significado especial, sabemos que os projectos que têm sido desenvolvidos na escola são muito importantes”, disse, acrescentando que quer que esta, com a “força com que se está a reinventar 20 anos depois, considere Óbidos parceiro dessa estratégia”.
O autarca espera que as próximas duas décadas apresentem um resultado ainda maior e apelou ao relacionamento entre as duas instituições, bem como dos artistas, quer residindo neste concelho, quer participando com projectos em galerias ou em eventos, como o Junho das Artes.
“O que queremos é que os criativos em Portugal ponham Óbidos na sua trajectória, queremos fazer parte da vossa geografia”, afirmou, acrescentando que a força deste município tem a ver com a aposta na juventude e nos talentos.
Recordando a criação da galeria Ogiva, o autarca disse que esta vinha desafiar o panorama das artes fora de Lisboa e do Porto, um estatuto que ainda hoje mantêm. Mas, fazê-lo há 40 anos numa vila como Óbidos, foi um processo deveras arrojado e de visão do escultor José Aurélio, que na sua abertura trouxe 35 jovens artistas.
Referindo-se ao edifício, que caracterizou como um dos mais belos de Óbidos, Telmo Faria recordou que fechou em Janeiro de 1974 e reabriu em Agosto de 2005. Além de espaço de mostra de arte, foi também local de discussão pela liberdade, tendo ali reunido o Movimento Democrático das Artes Plásticas.
Viria a fechar portas a quatro meses da revolução de Abril por falta de apoios, “coisa que faz parte da cultura portuguesa”, ironizou.
O autarca salientou que a sua reabertura foi uma das suas prioridades quando chegou à Câmara, tendo pedido ajuda ao escultor José Aurélio.
“A ideia é fazer com que nesta galeria a qualidade impere, e não fazer apenas o clássico papel de galeria municipal”, disse, explicando que existe um processo de escolhas assente na qualidade dos trabalhos artísticos.
A mostra “Quem são eles” fica patente até ao dia 10 de Abril de 2011, e pode ser visitada diariamente das 10 às 13h00 e das 14 às 18h00.
A novaOgiva fica situada na Rua Direita.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt