Terminou durante esta semana a 16ª edição do Simppetra (Simpósio Internacional de Escultura em pedra). O evento teve um dos seus pontos altos no sábado, 23 de Julho, com a apresentação das obras pelos escultores participantes aos autarcas e convidados, entre eles os moradores que sofrem com o pó, próprio de quem trabalha a pedra. No evento, o presidente da Câmara e a vereadora da Cultura, Tinta Ferreira e Maria da Conceição Pereira, respectivamente, congratularam-se com esta realização e fizeram o enquadramento sobre o Simppetra desde o início “quando quase não havia equipamento” mas muito boa vontade de escultores como António Duarte, Antonino Mendes, João Antero e António Vidigal.
Houve ainda palavras de apreço para os patrocinadores do evento e para as pedreiras alentejanas e da Serra dos Candeeiros que têm doado a pedra. Por ocasião do Simpósio de Escultura das Caldas alguns industriais mantiveram ligações comerciais com os artistas que experimentaram os diferentes tipos de pedra portuguesa.
O edil referiu também a colocação das peças na Mata e no Parque, em zonas como o antigo parque de campismo ou ainda no parque das merendas. Tinta Ferreira deu a conhecer também que as obras que já estão colocadas vão ser alvo de limpeza e posteriormente serão identificadas. Além da autoria terão alguma explicação para que o público possa saber a razão das mesmas.
Ainda na sessão de encerramento foram distribuídos aos artistas os diplomas de participação e aos assistentes (três) foi oferecido equipamento para trabalhar a pedra. Na cerimónia abriu ainda ao público a exposição de fotografia e vídeo de autoria de Luís Hunchelday que conta a história e documenta o Simpósio de 2016.
As esculturas de 2016 e o seu significado
“Two-gether” em mármore
O colombiano Fernando Pinto trabalhou a obra “Two-gether” em mármore branco. Trata-se de uma alegoria ao que se passa com os refugiados e também com o seu país de origem, a Colômbia. “As guerrilhas estão a deixar as armas e não está a ser fácil reintegrarem-se na sociedade que também tem dificuldades em voltar a integrá-los”, disse o escultor. As duas peças parece que se tocam e são também uma metáfora da vida a dois.
O efeito da água no granito
“Moon Trickles (Filetes de Lua)” é como se designa a obra do holandês Chris Petersen. O escultor trabalhou o granito, numa obra onde reflecte sobre o impacto da água na pedra. Uma das partes da obra ficou rugosa, a outra muito polida tornando-a interessante ao toque.
Nascemos e voltamos à terra
A artista turca Canan Zongur, é professora de escultura nas Belas Artes e a sua obra, em calcário, é sobre a Vida “pois todos vimos da terra e vamos depois de morrer para a terra”. Como tal a peça tem uma torsão, com várias curvas “tal como a vida humana”. A artista partilhou com a Gazeta das Caldas que estava preocupada com “a tensa situação política” que o seu país está a viver mas ainda assim acha que têm “uma grande História e tenho a certeza que vamos conseguir ultrapassar esta situação”.
Um pinheiro inspirado no Oriente
Mário Lopes, o escult
or de Leiria, terminou Pinus, uma peça onde está representado um pinheiro. Este autor trabalhou o calcário e inspirou-se nos jardins de pedra japoneses para concretizar esta obra. Fez questão de dar a conhecer que apesar de já ter estado presente em simpósios por todo o mundo, esta é a primeira obra de arte pública que concretiza no seu país natal.
Um prego gigante, delineado no granito
O belga Fabian Saeren realizou uma peça figurativa, que é a maior escultura deste simpósio, em que esculpiu no granito um enorme prego. Trata-se de uma obra figurativa destinada a homenagear a classe operária, já que este autor defende ideais de esquerda. O escultor contou com a ajuda do assistente e estudante da ESAD, Guilherme Silva, para concretizar a sua obra, tendo trabalhado com recurso a água para arrefecer em permanência as lâminas de corte. Um trabalho muito exigente numa obra que deixa a quem vê várias leituras relativas ao uso que o Homem faz dos recursos naturais do planeta.
De assistente a director técnico
O director técnico do Simppetra, Vítor Reis, fez uma obra em mármore onde aproveitou para experimentar várias soluções técnicas. A peça possui vários degraus e tem um formato geométrico. De famílias caldenses, o escultor começou a participar neste evento como assistente – em 1998 quando ainda era estudante na ESAD – e hoje ascendeu à direcção do Simpósio, depois de ter participado em vários simpósios por todo o mundo. N.N.