Depois de ter mudado para novas instalações no princípio do ano, no edifício que esteve ocupado pela UAL, a associação Património Histórico (PH) está também num processo de mudança interna com objectivo de relançar a sua actividade.
O PH comemora em 2015 o seu 25º aniversário e está prevista a publicação de um livro sobre a associação e os espólios que tem à sua guarda (colecções de Fernando Correia, Júlio Lopes e José Neto Pereira).
Em 2015 a associação comemora os seus 25 anos. Apesar de só ter estatuto jurídico autónomo em 1993, o PH nasceu em 1990 como unidade de produção cultural da Casa da Cultura. De 1993 até 2015 estiveram sempre “provisoriamente” instalados na Capela de São Sebastião, de onde saíram agora para as antigas instalações da UAL, onde também funciona a Universidade Sénior.
Para comemorar esse aniversário vai ser editado um trabalho sobre o PH, com artigos relacionados com a história da associação, com os espólios à sua guarda, com a Casa da Cultura e outros temas considerados pertinentes, como a relação da associação com a cidade das Caldas e sua região.
A nova sede tem uma sala de reuniões, um gabinete de trabalho e o arquivo, para além de uma pequena divisão dedicada à fotografia.
Depois da mudança de equipamento para as novas instalações, receberam a visita da museóloga Natália Correia Guedes, filha do médico Fernando Correia, que se manifestou muito satisfeita com as condições em que agora está o espólio histórico cedido pelo seu pai.
Para breve está a formalização desta doação, de forma a tornar possível a digitalização e disponibilização online de todos os documentos. O trabalho de digitalização será feito em colaboração com o Arquivo Distrital, dirigido pela caldense Paula Cândido, que é também sócia do PH.
A filha de Fernando Correia disponibilizou-se ainda a ceder várias cartas do seu pai e também fotografias que este tirou quando esteve em França, na 1ª Guerra Mundial.
Fernando Correia deverá também merecer tratamento especial no trabalho que vão editar no âmbito do aniversário da associação, tendo em conta “a pouco conhecida biografia de alguém com percurso de vida tão significativo, tanto a nível local como nacional”.
Para além de Fernando Correia, têm ainda em arquivo os espólios de Júlio Lopes, que foi presidente da Câmara das Caldas no anos 30 e 40 do século XX, e do fotógrafo profissional caldense José Neto Pereira (1909-1987).
Um programa recheado de propostas
A 8 de Junho teve lugar a primeira assembleia da associação depois do acto eleitoral de Dezembro passado, na qual Isabel Xavier foi reeleita como presidente.
No âmbito das comemorações do aniversário, pretendem ainda fazer um trabalho de recolha de testemunhos orais, entrevistando caldenses “cuja vida se confunde com a própria história da cidade”. De acordo com Isabel Xavier, este é um projecto que irá estar em constante actualização e será realizado segundo a metodologia da história oral.
Deverá também avançar um projecto de recolha de testemunhos especificamente dedicado a ceramistas. A base será um trabalho feito pelo PH no âmbito da investigação que realizou para a exposição 50 anos de cerâmica caldense 1930/1980 (uma iniciativa dos amigos do Museu da Cerâmica que teve lugar na Casa da Cultura, em 1990).
Irá ainda ser editado um livro intitulado “A História das Caldas em Cem Objectos”, em que a partir de cada objecto seleccionado será elaborado um texto explicativo.
O PH está também a colaborar com a construção do Centro de Interpretação do Golpe das Caldas de 16 de Março de 1974, a partir de uma proposta da Câmara Municipal.
Este centro irá ser erguido nos terrenos em frente à Escola de Sargentos do Exército e contará com um monumento da autoria do artista plástico José Santa-Bárbara.
Caberá ao PH a composição dos textos sobre aquele episódio que esteve na origem do 25 de Abril, bem como o acompanhamento de todo o processo para a implementação do Centro.
Durante a assembleia do PH, João Serra propôs que fosse assinado um protocolo com a Câmara e o artista plástico Ferreira da Silva, com vista à formação de um Centro de Documentação dedicado ao artista.
Para assinalar o centenário da I Guerra Mundial, Nicolau Borges fez o levantamento dos mortos em combate em África e em França, provenientes do concelho das Caldas da Rainha. Por sugestão deste associado, o PH vai propor à autarquia a construção de um monumento em memória desses caldenses.
Durante este Verão a associação irá colaborar com a União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro, que é responsável este ano pela comemoração dos 88 anos da elevação das Caldas da Rainha a cidade. Isabel Xavier irá dar uma palestra sobre o tema, a 26 de Agosto, nos Pimpões.
Apenas 34 sócios
O PH tem agora 34 sócios, depois de um processo de refiliação de associados e de terem sido feitos convites para novos membros.
Para integração plena desses novos membros realizaram a 4 de Julho, um encontro entre associados mais antigos e mais recentes. O chamado “Dia do PH” teve uma componente essencialmente formativa “com vista a dar a conhecer a história da associação e a debater, em conjunto, caminhos e linhas de orientação futuros, bem como a respectiva operacionalização”, explicou a dirigente.
Ainda à espera de uma definição está a utilização de uma sala que foi disponibilizada pela Câmara das Caldas no primeiro andar do Espaço Cria (junto ao mercado do Peixe), que foi inaugurado a 15 de Maio.
“Essa sala, que tem muito boas condições logísticas, poderá servir como espaço de consultadoria e constituir um novo ponto de venda dos livros do PH”, comentou Isabel Xavier.
No entanto, será necessário garantir um horário efectivo de abertura ao público e para isso vão precisar de estabelecer uma escala de serviço a distribuir pelos associados que se voluntariem para o efeito.
Para estarem mais perto da população jovem, pretendem ainda fazer uma articulação com as escolas do concelho de forma a criar um serviço educativo que promova aulas sobre a história local.