Os investigadores do PH João Serra, Isabel Xavier e Cláudio Oliveira, apresentaram a 20 de Abril os resultados dos mais recentes trabalhos sobre a cerâmica caldense. As colecções, o novo livro sobre Ferreira da Silva e uma cronologia (um bom auxiliar de quem trabalha sobre o tema) foram os motes desta iniciativa que contou com casa cheia, nos Capristanos. O estabelecimento é o local que recebe as conferências do ciclo “O Tempo Mudou”. A próxima terá lugar a 18 de Maio, pelas 18h00 e será dedicada ao comércio caldense.
“Há hoje um conhecimento sólido e de referência sobre o centro cerâmico das Caldas. Está na altura de produzirmos sínteses”, referiu João Serra ao mesmo tempo que passava em revista as várias edições realizadas sobre a cerâmica caldense. Na sua intervenção, deteve-se numa e noutra, referindo vários aspectos e dessa forma deu uma lição histórica sobre a cerâmica local.
Realçou a colecção de João Maria Ferreira, uma das mais importantes sobre a cerâmica das Caldas e que tem beneficiado do conhecimento já sistematizado. João Serra salientou ainda a importância dos coleccionadores disponibilizarem as colecções à investigação pois muitas vezes as peças “escondidas” em casas particulares não permitem alargar o conhecimento dos que se dedicaram ou dedicam a esta forma de expressão.
Do aguardado livro sobre Ferreira da Silva e a sua obra, o historiador afirmou que “está em fase de conclusão, a terminar pormenores de design gráfico”. Espera-se que a obra antes de ir para a gráfica possa estar concluída até ao final de Abril. Isabel Xavier, presidente do PH, também está a trabalhar na obra deste artista que viveu e trabalhou a maior parte da sua vida no Oeste.
A autora deu a conhecer que a obra “é muito completa”, podendo chegar às 800 páginas e vai “surpreender as pessoas”. O novo livro apresenta o levantamento do trabalho de arte pública que o artista tem por todo o país: desde o Gerês até Alcácer do Sal, passando pelo Porto, Coimbra, Leiria, Encontroncamento, Caldas, Lisboa e Setúbal. Assinam textos Isabel Xavier, João Serra e Lucília Verdelho Costa. Há também uma série de testemunhos de José Luis Almeida Silva, Rosário Sabino, António Varela e Joaquim Beato. As fotografias são de João Martins Pereira.
A Gazeta como principal referência
Cláudio Oliveira é historiador, ligado às áreas do Património, e foi o responsável pela conclusão do trabalho «Cerâmica das Caldas no Século XX – Uma Cronologia”. Este livro tem uma primeira parte orientada por João Serra e feita por Paula Cândido e que se designou “Cerâmica Caldense 1927-1977: subsídios para uma cronologia”.
Segundo Cláudio Oliveira o que agora se fez foi estender a investigação até 2008. Ao período de 1927-1977 foram acrescentados os anos de 1905 (Janeiro) a 1927 e de 1977 a 2008. Este estudo utilizou como jornais como o Círculo das Caldas, O Regionalista e a Gazeta das Caldas. Os dois primeiros permitiram informações do período entre 1905 e 1925 e a Gazeta das Caldas para o restante período (1925-2008).
O investigador, que é natural da Batalha e reside nas Caldas desde 2009, está pela primeira vez a trabalhar sobre cerâmica e diz que ter folheado as muitas edições dos jornais lhe permitiu ter uma visão de conjunto sobre várias áreas da vida caldense.
Segundo o autor, são os periódicos que permitem acompanhar o que se ia passando no dia-a-dia da cerâmica, algo que considera que está mais oculto nos outros trabalhos mais bibliográficos. A Gazeta das Caldas acabou por ser a fonte principal desta fase de investigação pois “houve uma limitação de tempo o que levou a que nos concentrássemos apenas na Gazeta”, afirmou.
A próxima tertúlia volta aos Capristanos, no dia 18 de Maio, 18h00, com Rui da Bernarda, Paulo Agostinho e a florista Helia. Os empresários vão abordar questões e histórias relacionadas com comércio tradicional caldense. N.N.