Valter Vinagre “documenta um mundo que está a desaparecer”

0
1010
- publicidade -

notícias das Caldas“Barra das Almas” assim se designa a exposição de fotografia de Valter Vinagre, inaugurada a 25 de Fevereiro, no Museu Malhoa. O fotógrafo soube no próprio dia em que inaugurava a mostra que tinha sido nomeado para o Prémio Autores 2016 da Sociedade Portuguesa de Autores – na categoria de Artes Plásticas –Melhor Trabalho de Fotografia com a exposição “Posto de Trabalho” que realizou no Museu da Electricidade.

 

- publicidade -

“Valter Vinagre, como é obrigação de um fotógrafo, documenta nesta exposição um mundo que está a desaparecer”. Palavras de Luísa Soares de Oliveira, que é docente na ESAD e foi a responsável pelo texto de apoio a “Barra das Almas”. As imagens, disse, referem-se à prática de uma agricultura tradicional, “praticada por uma população envelhecida e que ninguém sabe bem o que vai acontecer quando esta desaparecer”.
Para a professora de artes, estas imagens são de pessoas que “têm na terra a sua identidade”. E aprecia o que classifica de fotografia bruta “pois é aquela que se cola às próprias origens”.
A docente e crítica de arte considera que Valter Vinagre tem um talento natural de transmitir ao público cada um dos seus projectos e “fá-lo ligando-nos através das suas imagens, às raízes, numa relação quase religiosa com a terra”.
São imagens da natureza, da paisagem e dos rituais agrícolas que povoam esta exposição. Há um rapaz que surge com um colar de pimentos, “como se fosse um jovem deus pagão, comprovando que há aqui algo de muito antigo e de muito anterior à nossa civilização”, disse Luísa Soares de Oliveira.
Carlos Coutinho, director dos museus Malhoa e Cerâmica, afirmou que Valter Vinagre “é um amigo da terra e da casa que se ausenta de vez em quando, mas a ela volta sempre”. Nesta “Barra das Almas”, disse, regressa-se à paisagem e esquece-se o urbano. Na sua opinião, o fotógrafo “propõe-nos que façamos uma leitura mais introspectiva ligada às questões da paisagem, dos hábitos e das tradições culturais de um país”, rematou.

Intruso para fotografar num lar de um casal

Para o autor, é sempre um prazer regressar às Caldas, cidade onde trabalhou durante décadas. Valter Vinagre, agradeceu ainda a participação de Jorge Feijão que com ele trabalhou no próprio desenho da exposição no Museu Malhoa.
“Barra das Almas” é um projecto de 2013, tendo as imagens sido captadas em 2012. “Tem a ver com o meu interesse e ligação ao concelho de Idanha, em olhar para um tempo que, permanecendo, na verdade já não existe”, contou o fotógrafo que, durante um ano, diz que foi uma espécie de intruso na casa de um casal de idosos – o senhor António e a senhora D. Maria. Dessa estadia resultou “Barra das Almas” que começou com o registo de uma matança do porco até ao retratar de vários aspectos do quotidiano, ligado à terra e à natureza de um local, onde a urbanidade não chegou. “Ia ter com eles durante várias vezes no ano. Pelo menos uma vez por mês”, contou o autor à Gazeta das Caldas, acrescentando que muitas vezes nem sequer fotografava. Nesse mesmo dia, Valter Vinagre soube que estava nomeado pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) para o prémio de Artes Visuais – Melhor prémio para Fotografia. Em “Posto de Trabalho” o autor retrata a prostituição.
A entrega dos prémios terá lugar no próximo dia 22 de Março, em Lisboa.
“Barra das Almas” pode ser vista no Museu Malhoa até ao dia 3 de Abril.

 

 

- publicidade -