Beatriz Castelhano, velocista do Arneirense, já é a mulher mais rápida do distrito nos 100 metros, mas quer mais e sonha chegar aos Olímpicos
É natural da Benedita e tem brilhado no atletismo do Arneirense. Beatriz Castelhano, 19 anos, teve em 2024 uma época de excelência nos Sub20. Este ano sobe aos Sub23 e quer continuar a evoluir.
Na época passada estiveste em destaque em várias provas, foi um ano positivo para ti?
Foi uma época cheia de emoções, onde senti que dei tudo de mim. Melhorei bastante as minhas marcas. Mas tinha um grande objetivo que não atingi, sentia que estava lá, mas o vento também não me ajudava. Foram poucas as provas que tive vento regular e o resto foi tudo quase vento irregular [n.d.r.: o que impediu que as marcas obtidas fossem validades para efeitos de obtenção de mínimos para provas internacionais]. Mas foi uma boa época, onde dei tudo de mim e tive bastantes resultados. Ir ao Campeonato do Mundo de Sub20 ia ser um grande salto na minha carreira, mas o vento de facto não ajudou nada.
Como foi lidar com isso, sabendo que não era uma coisa que pudesses controlar?
Sim, é uma coisa que não posso controlar, mas sentia que era capaz e isso deixou-me bastante em baixo. Foi uma época inteira de verão a tentar conquistar a marca e sempre a ter ventos irregulares. Mas o meu treinador sempre esteve ao meu lado, sempre me apoiou e juntos conseguimos ultrapassar isso.
Foi uma época alguns títulos nacionais!
Sim, fui campeã nacional dos 60 metros em pista coberta, Sub20 e Sub23, o que não estava nada à espera. Depois tive o terceiro lugar nos campeonatos de Sub23 nos 100 metros, o título de campeã nacional nos 100 metros Sub20.
Com recorde distrital, não é?
Sim, com recorde distrital, tanto nos 60 como nos 100 metros.
Sentes que esses resultados abriram algumas portas?
Sim, por exemplo, nos 60 metros, quando fui campeã nacional de Sub23, não foi um título “dado”, mas também não era difícil. Acho que senti que alguns clubes ficaram de olho em mim. Sinto que irei continuar a melhorar as minhas marcas, que também é o meu maior objetivo nesta época agora que vem.
Sentes-te com potencial para chegar ao nível das melhores portuguesas?
Sim, acho que sim. O meu maior objetivo é tornar-me uma das melhores portuguesas na minha modalidade. A minha distância preferida é os 100 metros. E também gosto bastante dos 60 metros. Dos 200 metros não desgosto, até porque acho que agora comecei a aprender mais como é que se corre essa distância.
Como é que aparece a Beatriz Castelhano no atletismo e a fazer velocidade?
Eu comecei no desporto escolar na Bendita. As minhas escolas sempre tiveram atletismo no desporto escolar, tínhamos um professor nesta área que sempre me apoiou. E depois havia uma menina que veio para o Arneirense. Mais tarde ela falou de mim, eu vim cá experimentar e entrei logo para a velocidade. Estou aqui há sete anos.
Quais são os teus objetivos para o futuro?
Primeiro gostava de conseguir chegar ao Mundial. Mas ao mais alto nível gostava de ser uma das portuguesas mais rápidas e chegar aos Jogos Olímpicos, esse é o maior sonho.
E a perspetiva de ser profissional do atletismo, existe?
Não temos tantos atletas que consigam chegar aos Jogos Olímpicos. Muitas das pessoas não veem o trabalho que nós temos de fazer para lá chegar, os treinos que temos por semana, as horas e todo o trabalho que nós fazemos até chegar a uma competição. Temos de trabalhar muito e muita gente não reconhece isso. Neste momento, quero conciliar a faculdade e o desporto. Sei que uma atleta profissional, de atletismo, pode não ser tão valorizada como por exemplo no futebol. Estou a tirar TESP na de Produtos de Apoio em Saúde, para depois seguir a licenciatura de Dietética e Nutrição, ou outra área da saúde e depois trabalhar nessa área com ligação com atletas.
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Antes de mais, não estava nada à espera, confesso. Mas senti que foi o fruto de todo o meu trabalho da época passada. Senti que as pessoas valorizaram o meu trabalho, reconhecem o que eu faço. Foi fantástico. ■