Caldense vai disputar o mundial com objetivos elevados, já com a passagem para o pelotão internacional assegurada
António Morgado é uma mais uma estrela em ascensão para o ciclismo nacional, e mais um jovem que os caldenses se vão habituar a estar colados à televisão para seguir com orgulho e esperança em grandes resultados nas principais provas internacionais. A terminar o percurso nos escalões de formação, o novo campeão nacional de estrada e contrarrelógio já tem passaporte garantido para a profissionalização na próxima época e a entrada no pelotão Continental, com uma das melhores equipas do mundo, a Hagens Berman Axeon. O sonho, confessou à Gazeta das Caldas, é fazer Top 10 no Tour.
Impressionante é o mínimo que se pode dizer do percurso de António Morgado na presente temporada. Nas 15 provas em que já participou, o pior resultado que soma é um 4º lugar, no Pays de Vaud, na Suíça. Tem nove vitórias na geral em provas por etapas ou de um dia (incluindo a Taça de Portugal, na qual só não ganhou uma de 5 etapas) e quatro segundos lugares, com participações em provas nacionais, em Espanha, Chéquia e França. Ainda no passado domingo festejou a conquista do Giro Della Lunigiana, em Itália.
“Está a ser uma época boa”, disse António Morgado numa entrevista concedida após a conquista dos títulos nacionais de estrada e contrarrelógio, para logo apontar o que não lhe correu bem. “Podia estar a ser melhor. Correu mal os Europeus devido à covid, mas estamos aqui para retificar as coisas e com o foco no Mundial”, acrescentou.
A ausência dos Campeonatos da Europa ficou mesmo atravessada na garganta do jovem ciclista, de 18 anos. “É algo que me revoltou um pouco. Sentia-me bem, estava em forma, tinha trabalhado para esse objetivo e tive a infelicidade de apanhar covid-19. Agora quero a desforra desse momento e vamos com tudo para o Campeonato do Mundo”, continuou.
Ir com tudo significa estar no topo. O objetivo para a prova de 18 de setembro é fazer melhor do que o 6º lugar conseguido no ano passado, no seu primeiro ano de júnior.
Parco em palavras, mas extremamente focado e consciente daquilo que pode e consegue fazer em cima de uma bicicleta. A época em Portugal já não tem muito mais para lhe dar, e no culminar da sua passagem pelos escalões de formação, o que António Morgado deixa é uma marca bem vincada das suas potencialidades. Em duas épocas como cadete e outras duas como júnior, tem 7 títulos nacionais de estrada em 8 possíveis (contrarrelógio e fundo). O único que escapou foi o de fundo de 2021, no primeiro ano de júnior. Foi 2º classificado. O marco é histórico. “Fico feliz pelos títulos”, diz com a simplicidade de quem ganhou, mas que nem se importava se uma das conquistas tivesse ficado para um dos companheiros. Aliás, ao longo de toda a época tem sido comum ver o caldense a cortar a meta em etapas de mão dada com companheiros de equipa, deixando-lhes a honra de passar primeiro.
Foi já depois de realizada esta entrevista que António Morgado foi anunciado como reforço da norte-americana Hagens Bergman Axeon, equipa de Axel Merckx – filho do lendário Eddy Merckx – e pela qual também João Almeida passou antes de chegar à Quick-Step. Sem adiantar o que o futuro lhe reservava, António Morgado disse que está na altura de deixar o ciclismo português e “dar o pulo”, porque outros voos o esperam.
“Tenho trabalhado para se ciclista profissional e seguir o sonho é o objetivo”, adiantou. Da lista gradual de objetivos de carreira, tem três para pôr um visto. “O primeiro é chegar ao World Tour. Quero fazer a Volta à França e, depois, fazer Top 10 na Volta à França”, afirma. E depois há, ainda, um quarto.
“O João Almeida é o meu ídolo, gostava muito de correr algum dia com ele, vou tentar que isso seja possível”, conclui. ■